Sabrina Korgut atua nas mais diversas plataformas. Artista completa, vai dos palcos às câmeras sem pestanejar e é sucesso em todos eles. Mérito de poucos atores. Prova disso é o sucesso no teatro, que já lhe rendeu indicações a diversos prêmios, e o divertido papel de Adenoide na série “Pé na cova”, da Globo. “Cada um é uma linguagem. Dentro do teatro ainda há o convencional e o musical. O musical reúne dança, canto e interpretação e eu sempre tive facilidade de interligar as três de uma maneira homogênea e natural. Cada um tem seu nível de dificuldade e complexidade. É difícil eleger um específico como preferido. No teatro temos a oportunidade de estabelecer a comunicação ao vivo e a cores, lidar com espontaneidade, improviso, ritmos e público, isso tudo influencia no conjunto da atuação. A televisão é uma para a câmera, outro tipo de linguagem, aquele que erra e volta. Não tem o compromisso de lidar com a pressão”, analisou ela, emendando que a oportunidade de estar na televisão foi incrível.
“Fiquei muito feliz de estar nesse projeto com o Miguel Falabella, a Cininha de Paula, a Marília Pera, que são grandes mestres na televisão. Já tinha tido outras oportunidades no meio, mas esses três anos e meio de ‘Pé na cova’ trouxeram um contato enorme e diferente. Aprendi muito e espero continuar desenvolvendo minha atuação na televisão”, declarou. E ela vai, já que a próxima temporada do seriado está confirmada no calendário de 2016 da Rede Globo. “É muito legal isso, porque começamos embrionários, não sabíamos no que ia dar, se seria bem aceito. São tantos questionamentos e vimos tudo germinar, crescer e render”, comemorou. Porém, mesmo com o sucesso, Sabrina tem suas críticas.
“Poderia render até mais do que foi, mas a série enfrentou grandes dificuldades dentro da grade, com um espaçamento muito grande de uma temporada pra outra. Às vezes, tinha jogo de futebol e nós não entrávamos no ar. Isso atrapalhou o fluxo, mas não a aceitação do público nem o carinho pelo programa”, analisou ela, que credita essa relação a uma história bem contada: “Envolve humor, melancolia, mensagem, humanidade, é muito especial”, disse. Após a morte de Marília Pera, conversamos novamente com Sabrina, que lamentou: “Eu considerava Marilia minha madrinha. Além de sermos colegas de elenco no ‘Pé na Cova’, ela supervisionou meu primeiro projeto independente no teatro chamado ‘Fascinante Gershwin’. A cada palavra um aprendizado. A cada sorriso a certeza de ter captado sua essência. Só me resta aceitar sua partida e perpetuar seu talento e história, para sempre, comigo”, declarou.
Sabrina, que no teatro chegou a ser indicada ao prêmio Shell por “Avenida Q”, um musical que envolvia manipulação de bonecos, confessou que sente saudades do espetáculo brilhantemente dirigido pela dupla Charles Möeller e Claudio Botelho. “Tenho um carinho especial por ter sido um convite do Möeller e do Botelho. Eu sempre fiz milhares de espetáculos com eles, que foram muito importantes na minha formação. Então veio ‘Avenida Q’, que eles confiaram em mim, e era um desafio. Cantar, dançar, atuar e manipular bonecos. Vieram vários prêmios. Tive a oportunidade de ser indicada ao prêmio Shell. Eu sinto saudade, porque foi especial. Cada suor que caia – literalmente, valeu a pena vendo a resposta do público”, lembrou.
Falando de Möeller e Botelho, é difícil não falar do crescimento dos musicais no Brasil, que, para Sabrina, é superpositivo. “Eu vi tudo isso. Antes da minha geração teve uma época legal com a Bibi Ferreira, o Paulo Autran. Aí deu uma parada e voltou com tudo, virou febre. Gosto porque gera oportunidades. Não só de trabalho, mas de formar profissionais capacitados, cada vez melhores e aumentar o nível de qualidade. Várias empresas patrocinadoras hoje veem os musicais como fonte de rendimento e eu fico muito feliz porque abre um novo campo de trabalho e obriga os atores a estudar canto, interpretação, dança. A arte só tem a ganhar”, opinou. Palavra de quem sabe, já que ela mesma atua desde os 12 anos. “Tive uma formação artística na vida que me encaminhou para conseguir fazer as coisas que eu faço hoje, cantar, dançar, atuar em diferentes áreas. Como comecei muito cedo a trabalhar, desde os 12 anos, tudo fica mais fácil, porque fazia as aulas e a formação profissional por lazer, eu gostava, então se tornou muito natural para mim. Tenho um dom artístico especial, eu acredito nisso e faço dessa crença algo muito importante para mim”, disse.
O talento fica ainda mais evidente quando se fala de comédia, mas ela garantiu que não se limita. “Tenho preocupação com isso. Adoro fazer drama, já fiz vários. Os dois dialogam e eu tento ampliar e diversificar sempre meu leque de atuação. Lógico que surgem mais trabalhos voltados para a comédia, acho que as pessoas preferem me ver fazendo graça. Mas eu estou aberta aos desafios sempre. Estudo, pesquiso e vasculho o que for para qualquer personagem, seja ele engraçado ou dramático”, garantiu. Falando em estudo, aliás, Sabrina se considera “CDF”. Ela, que chegou a cursar faculdade de jornalismo e hoje estuda artes cênicas na UniRio, contou que não pretende parar de aprender nunca. “Não tive tempo para fazer a monografia de jornalismo, graças a Deus, porque significa que eu estava trabalhando muito. Teria que abdicar seis meses e a vida artística é isso, não dá para parar. Sou correta e profissional com o que faço e não queria fazer de qualquer jeito, então acabei deixando de lado. Hoje faço licenciatura em teatro, porque tenho necessidade de estudar. Sinto falta. No meu meio sabem que sou cabeçuda, gosto de aprender qualquer coisa. Conhecimento nunca é demais”, contou.
Se ela gosta de aprender vários assuntos, os coloca em prática. Ela, que solta a voz lindamente em peças e backing vocals, garantiu que não se considera cantora, mas uma atriz que canta. “Faço aula desde criança, mas meu foco não era cantar, era estudar partituras, ter visão técnica do canto. Uso o canto a serviço da atuação. Não tenho carreira solo como cantora, mas, como eu canto bem, isso me abre oportunidades para investir em outras áreas, então também tenho essa opção”, analisou.
Com tantos dons, Sabrina ainda usa todo seu conhecimento para dirigir espetáculos, principalmente para o público infantil, meio no qual é tão querida. “É um segmento que não podemos desprezar. Sempre quis ser diretora até para poder espalhar um pouco a minha experiência e vivência no teatro para novos profissionais. A minha preocupação, enquanto dirijo, é imprimir meu estilo, que é o que mostra a nossa visão artística”, disse ela, que, atualmente, se dedica ao terceiro musical infantil após os sucessos de “Branca de Neve” com canções dos Beatles e “Pinóquio” com músicas de Elton John. O novo, “A Rainha da Neve”, é sobre a fábula que inspirou o filme “Frozen”, da Disney, e, como não poderia deixar de ser, também tem muita música. Dessa vez, clássicas. “Quis imprimir esse estilo porque acho importante que as crianças conheçam. A música clássica tem uma partitura maravilhosa de intenções e climas e é um bom jeito de introduzir no universo infantil”, disse.
Para 2016, Sabrina já tem planos. E haja agenda para anotar tantos. Em cartaz com “Como eliminar seu chefe”, de Claudio Figueira e com possibilidade de levar o espetáculo para São Paulo, ela ainda planeja um projeto independente. “Eu e Thiago Higa estamos fazendo o ‘Chão de estrelas’. Metemos a mão, fizemos sem dinheiro. Nós, atores, temos uma batalha diária de conquistar as coisas com os próprios punhos. Tivemos uma temporada linda no Rio e queremos levar para São Paulo também”, contou ela, sobre a montagem dirigida por Rubens Lima Junior. Além disso, Sabrina está confirmada para a quinta temporada de “Pé na cova” e já recebeu convites para dois grandes musicais, ainda em fase de captação. “Um é o ‘Love Story’, do Tadeu Aguiar, grande amigo meu. É uma peça do filme. O segundo eu não posso revelar de jeito nenhum, é surpresa”, disse, atiçando ainda mais nossa curiosidade. Uma dica, Sabrina? “Vai enaltecer uma grande artista brasileira”. Já estamos ansiosos!
Artigos relacionados