*Por Brunna Condini
Menos de 24 horas após ser eliminado do BBB20, com recorde de 416 milhões de votos, o modelo Guilherme, tem analisado os fatores que podem ter levado à sua saída, com 56,07% de votação, em um paredão contra Pyong e Gizelly.
Na atual edição, marcada pelo protagonismo feminino, o fato de Guilherme se envolver com Gabi, mas também ter se aproximado da já eliminada Bianca Andrade, não pegou bem. “A Bianca foi a primeira pessoa com quem eu tive uma amizade na casa. A minha relação com ela sempre foi essa. E ela foi a primeira pessoa para quem eu falei sobre o meu interesse na Gabi. A Bia me ajudou, falou de mim para a Gabi. Todo mundo sabia disso”, lembra, em entrevista a Rede Globo. “Mas eu reconheço que, talvez, não tenha sabido dosar bem essa aproximação. Isso foi conversado com a Gabi, que me desculpou e ficou tudo bem. A gente está no BBB para aprender, evoluir, perdoar. E tudo isso aconteceu”, avalia o modelo, que deseja continuar o namoro e aparar as arestas aqui fora.
Guilherme fala também sobre um possível “trisal”, formado por ele, Gabi e Victor Hugo, que de declarou para ele muitas vezes no confinamento. “Sempre levei na boa, não tinha problema nenhum com isso. A minha amizade com o Victor Hugo foi tão boa quanto a minha amizade com a Bia. Eu era muito próximo dele. A diferença foi que eu criei uma identificação com a Bia logo na primeira semana e o Victor Hugo eu só conheci melhor depois”, observa. “Ele é um cara que me ajudou muito. Sempre aceitei as brincadeiras e sempre quis deixar as coisas claras. Para mim era muito importante ele entender a situação para não se chatear e a gente poder ter uma boa amizade. Adoro o Victor e admiro muito a história dele”.
Ele comenta ainda, sobre a postura, criticada por outros participantes, de ter um comportamento isento no jogo. “Na verdade, foi uma postura não proposital. Acabou sendo uma consequência da minha atitude de não querer estar no meio de conflitos, de separar as brigas. E isso valia para quem eu era próximo e para quem eu não era também. A minha intenção sempre foi a melhor, de fazer o bem. Se eu me posicionasse mais nessas situações, talvez as pessoas vissem o que eu penso. Por outro lado, se eu me exponho, eu acabo virando alvo. E acabei virando alvo justamente por não me expor. Mas não me arrependo de ter agido assim, não. Eu fui o que eu sou aqui fora”, garante.
Na disputa de R$1,5 milhão, talvez uma postura menos agressiva, também agrade menos o público da atração, que gosta de ação e de ver seus dramas representados. E como disse o apresentador Tiago Leifert, em seu discurso pré-eliminação, não dá para adivinhar o que se passa como critério na cabeça do público, só dá para saber sua decisão, que é soberana.
Não se sabe exatamente porque Guilherme não levou a preferência do público para permanecer no jogo. Mas como vem fazendo há alguns anos, o reality também pauta temas em destaque na sociedade e vice-versa.
O participante e Gabi tiveram uma relação de idas e vindas dentro do programa, e segundo muitos internautas, de muito drama. Isso levantou o debate aqui fora sobre abuso emocional. Tanto, que na fase pré-paredão, uma parte do público subiu uma hashtag aliando o nome de Guilherme à atitude de abuso, insinuando que a postura dele com Gabi não era bacana, sempre preocupado com o seu julgamento aqui fora, quando ela chorava, pós conversas, por exemplo. “Existe uma bandeira feminista no programa, e claro, isso pode ter aguçado o julgamento em relação as atitudes observadas do participante, e que muitos seguidores da atração, encararam como abusivas emocionalmente”, esclarece a psicóloga Luiza Martins. “Tem a questão da observação, em rede nacional, dos conflitos do casal que estava confinado, com os constantes choros da Gabi. As outras mulheres dentro do reality também comentavam. Além disso, falavam também sobre a aproximação dele de outra participante, e um provável interesse. Neste tipo de programa, as pessoas acabam julgando o certo e o errado, o que é correto e permitido, e podem tirar suas conclusões a partir daí”.
Após a eliminação, Guilherme disse que o tipo de relação que estabeleceram, pode ter o desestabilizado no jogo: “O meu lado emocional é muito fraco. Sou muito emotivo e sensível, ela também é. Nós somos muito parecidos nesse quesito. Talvez eu tenha me desequilibrado emocionalmente, ficado triste, querendo resolver a situação. Mas eu estou muito feliz de ter vivido isso com ela. Foi importante”.
Mas afinal, o que é o abuso emocional? “Esse é um tema abrangente. Mas podemos dizer, que é um tipo de abuso que acontece em cima de um “desequilíbrio de poder”. Pelo menos uma pessoa da relação exerce um controle emocional sobre o outro. Começa com comportamentos sutis e de forma gradual, os padrões abusivos aumentam levando a dependência emocional da vítima em relação ao abusador”, detalha Luiza.
A psicanalista Stella Maria Nessimian, complementa: “É uma pessoa exercer o poder sobre a outra, se aproveitando de uma fragilidade emocional, deixado-a dependente, sem autonomia”.
Stella também observa o comportamento do público. “Existe um código de conduta em nossa sociedade, que reprova alguns tipos de comportamento”, explica.
Além disso, ela destaca a fonte da atração que os realities exercem sobre as pessoas, e porque acabam tendo audiência: “Tem a ver com voyeurismo, com querer olhar, saber, o que se passa na casa do vizinho. E também, com o desejo de virar celebridade, tanto dos participantes, quanto de alguns expectadores, mesmo que para isso precisem expor suas vidas”.
Artigos relacionados