*Por Brunna Condini
Eliane Giardini definitivamente inaugurou sua galeria de vilãs na carreira. Após dar vida à vingativa Ágatha de ‘Terra e Paixão‘, a atriz está na segunda temporada de ‘Encantado’s‘, que estreou nesta terça-feira (12) no Globoplay, como Dalva, outra mulher com motivações de vingança. “Inaugurei essa década fazendo as vilãs, o que estou achando ótimo, porque fiz duas vilãs interessantes, diversas, em produtos bem diferentes, mas com o mesmo grau de inconsequência, de maldade”.
A atriz tem gostado tanto de dar vida às vilanias, que se vier uma terceira personagem do tipo na sequência, ela topa. Pensando nisso, perguntamos se Eliane já tem proposta para voltar à TV em breve. “São só conversas por enquanto”, despista. Também quisemos saber se interpretar a vilã das vilãs, Odete Roitman (que ao que tudo indica ainda não tem atriz definida) no remake mais esperado de todos, ‘Vale Tudo‘, previsto para ir ao ar em 2025, seria um sonho.
“Seria maravilhoso! Os vilões têm um lugar muito especial na dramaturgia, porque funcionam como uma válvula de escape para quem está assistindo. As pessoas se projetam nestes comportamentos sem limites, regras, leis, nessa selvageria, na violência deste tipo de personagem. São, na verdade, instintos nossos reprimidos porque temos que viver em sociedade, nos limitar às regras de convívio e bom comportamento em nome do coletivo. Mas esse gene egoísta está lá dentro de nós, ele existe. E exercitar isso na ficção é terapêutico. Para quem faz e para quem assiste. Traz um certo apaziguamento (risos)”, diz Eliane.
Amor que se transforma
Atriz versátil, Eliane também pode ser vista em ‘Intimidade Indecente‘, ao lado de Marcos Caruso, espetáculo que já faz pelo terceiro ano. “É uma peça que se comunica com todo o público. Fala de relacionamentos, de um casal que já começa se separando aos 60 anos e os dois vão se descobrindo mais juntos do que nunca. Transcendem uma situação de casamento, papeis, personas”, diz, sobre a montagem em cartaz no Teatro Renaissance, em São Paulo, sob a direção de Guilherme Leme Garcia. “Falamos de uma relação que se desfaz, mas também de uma união que não se desfaz. Muito pelo contrário, vai ficando mais intensa, mais afetuosa, eles vão até o final da vida juntos. Um ao lado do outro com as suas rusgas, seus maus humores, seus deboches, com seus afetos e isso gera muita empatia. Essa peça é um fenômeno de comunicação com o público. Eu e o Caruso, às vezes, pensamos em fazer um trabalho novo, mas é impossível deixar esse espetáculo. Continuamos lotando os teatros, as pessoas se emocionam, amam. Acho que ainda vamos estar em cena com esse trabalho por muitos anos”, conclui, sobre o texto de Leilah Assumpção, que deve virar filme com Giovanna Antonelli e Alexandre Nero protagonizando.
Na vida, a atriz experimenta também um amor que se transformou. Ela e Paulo Betti foram casados entre 1973 a 1997, tiveram duas filhas, Juliana Betti e Mariana Betti, e se tornaram família:
A história da peça é parecida em vários pontos com a minha. Fico muito feliz de ter o Paulo como meu grande amigo e sei que será assim até o final das nossas vidas. Acho incrível quando temos boa vontade e conseguimos preservar uma história de amor. Se você foi apaixonada por uma pessoa, acho um fracasso não conseguir resguardar essa relação – Eliane Giardini
E segue sua linha de raciocínio: “É alguém que você escolheu, se apaixonou, teve filhos, netos. É claro que na hora da separação os humores, os sentimentos, são outros. Mas ultrapassado esse momento de dor, se há boa vontade entre as pessoas, vale muito a pena, porque é uma relação para a vida toda. A peça fala disso. É muito contemporâneo um casal de separar depois de tantos anos de casados. Eu me separei do Paulo aos 40 e poucos. A partir do momento que a mulher começou a trabalhar, prover um lar, começou a se libertar de casamentos onde não havia mais felicidade. Na geração da minha mãe isso seria impensável. Na dela e na de tantas outras mulheres que não tinham para onde correr, não tinham como sobreviver com seus filhos sem um marido. Mas vivemos outra época depois dessas ondas todas de feminismo, veio a independência feminina, então fica complicado viver uma relação que não esteja mais satisfatória, mas o afeto continua”.
Sobre o amor
Aos 71 anos, a artista é uma mulher potente e fala abertamente sobre o amor nesta fase da vida. “Não acredito muito mais nessa relação debaixo do mesmo teto, desses papeis hoje. Mas acho que isso é uma questão de faixa etária. As pessoas mais jovens, vejo pelas minhas filhas, têm essa necessidade, essa vontade de ter uma vida comum, partilhada. Conforme você vai ficando mais velha, amadurecendo, e consegue viver sozinha, é muito bom. Eu gosto muito da minha vida do jeito que ela é”. E revela:
No momento não tenho nenhuma relação amorosa com ninguém, mas tenho amor explodindo pra todo lado. Sou uma pessoa que conseguiu jogar a libido para o trabalho, para a família, para os netos, as viagens, para uma série de outras coisas. Existe um prazer muito grande em tudo isso. Meu amor está distribuído. Mas não descarto nenhuma possibilidade. Se eu me apaixonar amanhã, não sei que história vai ser. Estou absolutamente aberta para a vontade que aparecer no momento. Até de morar junto se for o caso, na configuração que for – Eliane Giardini
Encantada
Além de fazer outra vilã, em ‘Encantado’s‘ a atriz volta a contracenar com Tony Ramos, que também foi ser partner em ‘Terra e Paixão‘. “Na série a minha personagem vem para ficar na contravenção no lugar do Madurão, feito pelo Tony, mas ela também tem uma história muito mal resolvida, quer vingança, deseja exterminar a família Ponza – formada por Eraldo (Luis Miranda), Olímpia (Vilma Melo) e e Dona Ponza (Dhu Moraes) – quer acabar com o supermercado. Então, posso dizer que essa vilã é mais ressentida, venenosa”, constata.
E recorda, que embora o folhetim tenha ido ao ar antes, a série criada por Renata Andrade e Thais Pontes, foi gravada primeiro, e no mesmo lugar: “Quando comecei a gravar ‘Encantado’s‘ eles já estavam gravando ‘Terra e Paixão’ no mesmo estúdio. Dividíamos o espaço de maquiagem, cabelo. Essa série tem um elenco maravilhoso, alegre. É uma gente muito entusiasmada, contagiada pelo projeto”, pontua. A produção Globoplay terá 12 novos episódios cheios de humor, emoção e participações especiais.
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