Momentos de crise são ideais para arregaçar as mangas e trabalhar. E disso, Lázaro Ramos sabe muito bem. Não é à toa que o ator de 37 anos segue a todo vapor em suas produções: sejam elas na TV, no teatro ou na literatura. Emplacando a segunda temporada de sucesso da série “Mister Brau”, na TV Globo, o ator falou ao HT que sempre liga seu notebook quando boas ideias lhe vêm à cabeça. “Se estou sem ele, gravo áudios no WhatsApp para a Taís (Araújo), para não me esquecer”, afirma o protagonista da produção, que é casado com a atriz desde 2004. A cumplicidade do casal é tanta que também se repete na vida profissional dos dois. Além de contracenarem juntos no programa, Lázaro dirige a esposa na peça “O Topo da Montanha”, em cartaz em São Paulo.
“A gente grava ‘Mister Brau’ de segunda até sexta-feira. Às 13h da sexta-feira pegamos o voo e vamos fazer a peça lá em São Paulo. Minha esposa e eu. Domingo, às 20h30, a gente regressa para o Rio de Janeiro. Sempre com as crianças conosco”, disse ele, que descartou que a rotina de trabalho interfira na relação marido e mulher. “Você sabe que 2015 e 2016 foram os anos que a gente menos discutiu, brigou ou discordou? Acho que é por que são anos que a gente está fazendo duas coisas que a gente tem muito orgulho, o projeto de teatro é nosso. Eu dirijo Taís no espetáculo. Eu dirigir a esposa, isso que é mais difícil. E, por isso, a gente quer que dê certo. E está dando, graças a Deus. Nosso bastidor é muito aconchegante. Costumo dizer que nosso projeto é familiar, pois não tem outro nome para se dizer. É uma palavra até meio clichê”, conta, aos risos.
Mas quem está acostumado a ver o ator em trabalhos mais descontraídos pode se surpreender ao vê-lo no espetáculo que reinventa o último dia de vida de Martin Luther King. No suspense, o pastor, interpretado por Lázaro, conhece Camae, personagem vivido por Taís Araújo, uma misteriosa e bela camareira em seu primeiro dia de trabalho no hotel. “A minha carreira é meio confusa, né? Se eu for dizer que eu sou um ator de comédia ou um ator de drama, nem eu sei dizer. Fiz todos os gêneros na TV e na telona. E, agora, no teatro. É uma carreira que tem sido muito eclética. Acho que o papel do ator é exatamente esse de transportar as pessoas para um mundo de fantasia. Para refletirem e se divertirem. Eu acho legal quando as pessoas dizem: ‘assisto o Brau, acho tão leve’. Se Deus me abençoar, assim será por mais tempo”, comemora.
Voltando à série “Mister Brau”, Lázaro adianta que o tempo tem feito os atores se sentirem mais confortáveis em cena. “Nessa temporada tem tanta coisa legal. A gente notou algumas coisas que o público se identificou e foram fortalecidos esses valores nessa temporada. A questão da piada rápida, o ritmo certo de comédia, entre outras coisas. Às vezes a gente estava com a piada um pouco mais adiantada que o público. Dessa vez não teremos isso. Esse ano terão várias participações especiais. Não posso falar ainda os nomes porque estão fechando – Fernanda Montenegro, Fernanda Torres e Vladimir Brichta estão confirmados. A gente agora está com um setor próprio para fazer os clipes. Agora os clipes serão tratados como videoclipes, mesmo. Ainda teremos um episódio só de terror, outro só de comédia romântica, por ai vai. A gente está brincando com estilos”, revela ele, que ainda falou sobre a questão do racismo na televisão.
“Eu sou meio otimista em relação a isso. Tem várias características do Brau que eu vejo que ele seria bem aceito em qualquer momento. Hoje, talvez, pela inserção de negros na televisão, o Brau traz alguns elementos que ajudam a ficar mais forte como está agora. Mas se você prestar atenção, já tivemos alguns seriados com negros, mas sem as características que o Brau tem. Eu acho que o texto ágil em si, agrada muito ao público. O Brau bebe disso também. O Brasil sempre esteve pronto para ver essa família na televisão”, avalia Lázaro, que ainda fez um comparativo com o início de sua carreira. “Eu escolhi ser ator, não para ser famoso e não para ser rico. Eu achava que ia ser bioquímico, tanto é que meu caminho profissional é esse. Eu fiz vestibular para bioquímica e queria fazer teatro sempre, porque eu me sinto mais feliz quando me comunico com as pessoas. E na época já tirava a minha timidez. Sou respeitado na minha profissão, ganho convite de trabalhos, mas não esqueço de minha raiz. Eu sou ator por causa do que chega no meu espectador, que chega no meu público, da qualidade em si”, ponderou.
E o trabalho não para por aí. Inspirado no seu filho de quatro anos, Lázaro ainda está às voltas com o lançamento de seu terceiro livro infantil, intitulado “Caderno de Rimas do João”. “Esse livro é um pouco da minha vontade de explicar para o meu filho sobre as coisas do mundo, mas de maneira lúdica. Sem deixar de falar de nenhum assunto, mas em uma linguagem que ele compreenda”, explica o também escritor, que adianta sobre a história. “Esse herói do livro é um menininho que é muito parecido com meu filho, onde todas as crianças, brancas e negras, vão poder se ver como heróis também. Essa questão da representatividade é importante, sim, na literatura infantil”, finaliza o ator.
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