“Eduardo e Mônica“, o longa-metragem baseado nos personagens criados na música de Renato Russo, morto em 1996, foi premiado como Melhor Filme Estrangeiro no Edmonton Film Festival. O tradicional evento dedicado a filmes independentes e plurais aconteceu de forma presencial na cidade de Edmonton, no estado de Alberta, no Canadá.
O filme ainda será exibido nos dias 3 e 7 nas salas de cinema da cidade sem a presença da equipe, pois a pandemia impossibilita o trânsito internacional no momento. Para a Sétima Arte não existem barreiras e a história seguiu com sua força para trazer esse prêmio para o Brasil. O Edmonton Film Festival foi um dos poucos festivais que conseguiram ser realizados de forma presencial, com o filme sendo exibido na tela grande em salas de cinema.
“Essa foi uma exigência dos produtores para que o filme participasse de festivais. Desde o início da pandemia o filme foi convidado para diversos festivais que tiveram edições online, mas foi obrigado a declinar dos convites até sua estreia comercial nas salas do Brasil” explica René Sampaio.
Segundo a produtora Bianca de Felippes a adaptação da famosa canção de Renato Russo, que teve sua estreia comercial adiada devido a pandemia de Covid-19, tem previsão de chegar aos cinemas em 2021. “Nossa aposta é que Eduardo e Mônica seja um filme pra tela grande e por isso vamos esperar pra exibir nos cinemas, para que o público possa curtir essa história de amor com segurança”, complementa Bianca.
“Eduardo e Mônica” conta a história de amor que acompanha o relacionamento de Mônica (Alice Braga), a estudante de medicina e Eduardo (Gabriel Leone) o rapaz amante de novelas e futebol de botão, que precisam superar as muitas diferenças para viver um grande amor na Brasília dos anos 80.
Um dos maiores poetas de todos os tempos no cenário do rock brasileiro, Renato Russo conta em suas letras histórias inesquecíveis e ricas em detalhes, o que nos lembra o estilo de Bob Dylan. Renato inspirou muitas pessoas, sendo René Sampaio talvez o maior deles. O longa de estréia de René, “Faroeste Caboclo”, foi baseado na música épica de Renato, “Faroeste Caboclo”, com cerca de nove minutos de duração. Agora, René se inspira em uma das músicas mais queridas do autor, a divertida e emocionante “Eduardo & Mônica”. Este é o segundo filme de uma trilogia que o diretor e a produtora Bianca de Felippes farão inspirados em músicas do Renato.
‘Eduardo e Mônica’ tem produção da Gávea Filmes, Barry Company, Fogo Cerrado Filmes, coprodução da Globo Filmes, produção associada da Reprodutora e distribuição no Brasil da Downtown Filmes e Paris Filmes.
René Sampaio é um diretor, produtor e roteirista brasileiro. Seu longa-metragem de estreia, “Faroeste Caboclo” (2013), levou mais de 1,5 milhão de espectadores para os cinemas brasileiros e ganhou sete categorias no Prêmio da Academia Brasileira, incluindo Melhor Filme de Ficção. Ganhou assim reconhecimento mundial, além de estrear internacionalmente no Festival de Toronto, foi exibido no Festival Internacional de Miami e no Festival Internacional de Shangai, entre outros.
“Eduardo e Mônica” foi filmado em Brasília, no Rio de Janeiro e na Chapada dos Veadeiros durante oito semanas em 2018. A equipe principal contou com mais de 200 pessoas. A produtora Bianca De Felippes, o diretor René Sampaio, o diretor de fotografia Gustavo Hadba e o diretor de arte Tiago Marques, a produtora de elenco Marcela Altberg e o produtor executivo Gabriel Bortolini, entre outros profissionais, se uniram novamente depois do sucesso de “Faroeste Caboclo”.
“O filme é uma delicada história de amor que fala, entre outras coisas, sobre como é possível amar e respeitar quem pensa muito diferente de você. Em alguma medida, todos já foram o Eduardo ou a Mônica em alguma relação”, define o diretor René Sampaio. “Era muito importante para a gente ser fiel ao espírito do Renato. Das músicas compostas por ele, esta é a mais solar. Então, a ideia era manter essa energia”, acrescenta Bianca De Felippes.
Gabriel Leone e Alice Braga trabalham juntos pela primeira vez e vivem os dilemas das personagens que se apaixonam e começam um relacionamento, mesmo tendo idades e personalidades completamente diferentes. Também estão no elenco Otávio Augusto (como Bira, avô de Eduardo), Juliana Carneiro da Cunha (Lara, mãe de Mônica), Victor Lamoglia (Inácio, amigo de Eduardo), Bruna Spínola (Karina, irmã da Mônica) e Fabrício Boliveira em participação especial.
Com roteiro assinado por Matheus Souza em parceria com Claudia Souto, Michele Frantz e Jéssica Candal, o filme se passa em 1986, ano de lançamento do disco ‘Dois’, da Legião Urbana, e o espectador atento vai encontrar homenagens a emblemáticos eventos do período. A trilha sonora original foi composta por Lucas Marcier, Fabiano Krieger e Pedro Guedes, do ARPX Estúdio.
Quando conversamos com Alice Braga, ela nos contou que, além de se encantar com o casal de protagonistas, Alice foi conquistada por Brasília. A capital brasileira acaba sendo personagem do filme, pois tanto Eduardo quanto Mônica têm uma ligação muito forte com ela. “Antes do filme, havia passado rapidamente por Brasília. Foi lindo poder viver ali durante uns dias, caminhar, olhar e sentir o lugar. É uma cidade extremamente cinematográfica, não só pelo Niemeyer, mas pela luz natural, que é impressionante”, disse.
Alice destaca o cuidado em recriar a Brasília dos anos 1980, obra das equipes de arte e figurino, bem como a preparação para que o elenco mergulhasse nos personagens, feita por Sergio Penna. “Na preparação final, nos reunimos com vários atores locais incríveis e ensaiamos a festa estranha com gente esquisita que é falada na música, mas sem filmar. Todo mundo caracterizado, foi lindo”, descreve. “As locações também foram emocionantes. O dia em que entrei na casa da Mônica, quase tive um infarto. Lembro de abraçar o Tiago (Marques, diretor de arte) e falar ‘obrigada por esse presente’. Não por ser minha personagem, mas porque eu sabia que para o filme ia fazer muito sentido”, recorda.
Sobre o Eduardo e a Mônica da vida real, a atriz frisa que, embora os personagens da música sejam uma homenagem a um casal de amigos de Renato Russo, eles guardam muito das características do líder da Legião Urbana. “Está muito misturado. Dizem que ele tinha esses dois lados, o do menino, esse garoto família, essa coisa do futebol de botão, mas também o dela, de ser politizado, meter a cara, ter esse desejo de vida, de expansão, de viver intensamente. Acho que Eduardo e Mônica são Renato”, acredita Alice.
Apesar de o longa-metragem ser baseado na música de mesmo nome, a atriz garante que a letra em si, diferentemente de “Faroeste caboclo”, por exemplo, está mais para a poesia. “O filme fala muito da música e dessas características, mas a gente teve que criar uma espinha dorsal de quem eram os seres humanos. Fico muito feliz com nosso trabalho porque a gente se desafiou muito. Não vamos cair no óbvio, vamos buscar outro caminho. Acho que essa parceria foi muito inspiradora. A gente se jogou muito de corpo e alma”, conclui.
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