“É uma produção feminista, na qual a mulher tem lugar de fala”, diz Suzana Pires sobre seu novo filme


Em live,, Suzana Pires fala da comédia “De perto ela não é normal”. A atriz e roteirista conversa com a diretora Cininha de Paula e os colegas de elenco Angélica e Marcelo Serrado. “O filme mostra uma mulher que precisa se libertar das expectativas que carregam sobre ela”, diz Suzana

*Por Simone Gondim

Por conta dos riscos relacionados ao coronavírus, a atriz, roteirista e escritora Suzana Pires viu ser adiada por tempo indeterminado a estreia do longa-metragem “De perto ela não é normal”, baseado na peça homônima de sua autoria. Em live promovida pela Globo Filmes, ela conversou com a diretora da comédia, Cininha de Paula, e os colegas de elenco Angélica e Marcelo Serrado. “O filme é a história da Suzie, uma mulher de 40 e poucos anos que tem um casamento ruim, um marido ruim, uma sogra ruim. Quando uma filha se casa e a outra vai estudar fora, ela vê o ninho vazio e diz ‘poxa, não tenho mais muita coisa para fazer aqui, não é mesmo?’. E parte para a grande aventura da vida dela, que é se reconstruir”, descreve Suzana.

Para a diretora Cininha de Paula, o que mais chama a atenção no longa-metragem é o fato de o público feminino se identificar com a protagonista, que personifica as dificuldades que as mulheres enfrentam na busca por um caminho que equilibre satisfação pessoal e profissional. “A gente ri e se diverte, mas também se emociona e se identifica”, garante. Uma das pioneiras na direção de TV, Cininha revela que seu começo não foi nada fácil. “Era muito duro. Claro que existia cobrança, porque o audiovisual, em especial a televisão, era um mundo de homens. Acho que sobrevivi porque meu tom de voz é grave. Aí, aquele 1,56 m se fazia escutar”, conta a diretora.

Suzana Pires em “De perto ela NÃO é normal” (Foto: Divulgação)

Angélica, que interpreta Rebeca, a melhor amiga de Suzie, volta à tela grande depois de dez anos. “Adoro fazer cinema e estava com saudade. É ótimo trabalhar em um filme de afeto, que fala de mulheres de todos os tipos, muito guerreiras e batalhadoras”, comemora. Amigas dentro e fora da ficção, Suzana e Angélica acumulam boas recordações do período de filmagem.”Ficaria naquele set para sempre. Não tivemos um estresse”, observa Suzana. “A gente gosta de uma festa”, acrescenta Angélica, prometendo organizar um encontro cara a cara assim que a pandemia passar.

O empoderamento feminino é praticamente um personagem em “De perto ela não é normal”. “O filme mostra uma mulher que precisa se libertar das expectativas que carregam sobre ela”, diz Suzana. Angélica aproveita para explicar que o feminismo começa dentro de casa, na educação dos filhos Joaquim, Benício e Eva. “Temos muitos exemplos de mulheres maravilhosas que podem servir de inspiração. Eva é muito pequena, tem 7 anos, mas já se impõe. Ela vai. Eu estimulo isso, acho que essa geração tem que ser educada assim. Cabe a nós, mães de meninos, combater o machismo e incentivá-los a viver as emoções”, acredita.

Angélica e Suzana são garantia de gargalhadas no set e nos bastidores (Foto: Divulgação)

Apesar de toda a diversão nos bastidores, Suzana descreve um momento particularmente difícil durante as filmagens. Para desanimar logo eventuais fofoqueiros de plantão, ela adianta que não se trata de desavença com o restante do elenco ou a diretora, mas sim de uma questão técnica. “Precisava fazer a Tia Suely contracenando com a mãe. Era uma briga e eu tinha que gravar com ponto no ouvido. Primeiro interpretava uma personagem, depois trocava o figurino e era a outra”, lembra. “É muito louco contracenar consigo mesma”, assegura.

Quando chega a vez de Marcelo Serrado entrar na live, a gargalhada é certa. Entre uma piada interna e outra, ele e Suzana dão suas impressões do filme. “Quando vi o que estava fazendo, falei: é ladeira abaixo”, confessa o ator. Seu personagem é casado com a protagonista, mas está longe de ter o perfil do marido exemplar. “Suzie está mal casadíssima, com um sujeito que pouco olha para a cara dela. Ele não é violento nem abusador, simplesmente não tem atenção para aquela mulher”, adianta Suzana. “O Pedrinho não gosta de si mesmo. É barrigudo, não toma banho e dorme quando vai transar com a mulher, além de rir dela”, resume Marcelo.

O ator ressalta que teve muita liberdade criativa para compor Pedrinho. “Vocês me deixaram voar e criar uma coisa divertida”, agradece. Apesar de o filme ser uma comédia, sob o verniz do humor são apresentados temas sérios, como a discussão sobre o papel do homem na sociedade. “É uma produção feminista, na qual a mulher tem lugar de fala. A equipe também era essencialmente feminina. O homem, ali, está como alicerce para a mulher”, enfatiza Suzana.

Otimista em relação ao mundo pós-pandemia, Marcelo acredita que os cientistas encontrarão uma vacina eficaz contra o coronavírus antes de 2020 acabar. “Temos que voltar melhores de tudo isso. Esse filme tem uma pegada espetacular e vai ser muito bom nesse momento, porque nos faz rir e coloca a mulher como protagonista”, aposta.

“De perto ela não é normal” estava programado para chegar aos cinemas em abril, mas o isolamento social imposto pela Covid-19 obrigou o distribuidor a mudar os planos. “Já tinha look pronto para esse lançamento, mas veio o coronavírus e estamos esperando o momento certo. O mais importante é tomar cuidado com a saúde”, diz Suzana.