Dudu Azevedo negocia retorno para TV, repercute haver vivido Jesus, e diz se a beleza o atrapalhou na profissão

*por Vítor Antunes

Após alguns anos fora das novelas – sendo sua última “Jesus”, na Record, um dos folhetins de maior sucesso da casa, Dudu Azevedo prepara o retorno para o gênero. Segundo revelou, em entrevista exclusiva ao site, o ator já está negociando seu retorno para o formato enquanto, em paralelo, estrutura uma carreira internacional. “Hoje eu tenho como meta levar meu ofício para fora do Brasil. Fazer diferentes personagens, distintos daqueles que estamos acostumados a ver”. Para ele, Jesus foi o maior, melhor e mais importante personagem que já fez. “Se entendermos a Bíblia apenas como literatura, seria o personagem da História da Literatura mundial mais extraordinário que já passou pela nossa consciência e o mais interessante de todos. É o tipo que jamais imaginei fazer”, analisa.

Inclusive, Dudu surpreendeu grande parte do público com o personagem protagonista da novela da Record. Não foram poucas as críticas a ele ou à emissora por sua escalação para vivê-lo. Não raramente, nas prévias da trama, diziam que seria um “Jesus Surfista“. Sobre a assertiva, ele diz que “seria a coisa mais fácil do mundo [essa estereotipação]. Houve uma base de questionamento grande do público e da crítica, mas consegui provar que o meu trabalho do ator pode desconstruir o arquétipo no qual encaixaram a minha pessoa física. Sou visto como sou, um carioca, com sotaque, da praia, e boa praça e não conseguem enxergar algo diferente dessa atmosfera”, reflete.

Dudu em “Anderson SPIDER Silva“, dirigida por Caíto Ortiz e uma produção da Paramount+, na qual interpreta Rodrigo Nogueira, o Minotauro, lenda viva do esporte brasileiro, ícone internacional no MMA e Jiu Jitsu. Em seguimento, para este ano, os sonhos do ator são muitos.

Tanta coisa vai acontecer… Fiz uma participação no Globoplay com o José Junior, que é um grande realizador e com ele estarei na série “Veronika”. Cogita-se que meu personagem migre para outra série “Arcanjo Renegado“. Além desta, farei o filme “Todo Mundo tem Problemas como Amor“, baseado em textos do Domingos de Oliveira (1936-2019), dirigido por Renata Paschoal. Isso para mim tem um sabor especial já que meu primeiro trabalho foi com a Maria Mariana, filha do autor. Além disto, recebi um convite para novela e estou negociando retorno, já que desde 2021estou fora do segmento – Dudu Azevedo

Outro dos sonhos do artista é dedicar-se à vertente de comunicador. “Tenho investido nisso, pesquisado, lido e apresentei dois projetos como apresentador. Tenho o desejo antigo de apresentar uma série para o Multishow, já fiz coberturas de festival de música e com muita satisfação. Tenho uma relação boa com a lente”. Igualmente neste ano, o muso foi eleito embaixador da marca masculina OTT, focada no homem moderno e que dialoga com a natureza.

Dudu Azevedo em campanha para a OTT, marca de roupas masculinas (Foto: Leandro Rafael da Silva)

ZEN

Dudu Azevedo traz o frescor da brisa carioca na fala. Ele é muito ligado com a natureza e faz questão de não perder essa conexão. “Vejo-a como difusora, como um lugar de fuga. Sempre necessitei dela para me refazer. Tanto de um mergulho no mar como na cachoeira, do silêncio da mata. Tudo isso sempre me esteve comigo. Tanto que na época de “Babilônia” (2015), saía da TV e ia para Itacoatiara, Niterói, não apenas por morar lá, mas para ir à praia. Sempre foi uma busca, uma rota no caminho contrário à urbanidade”, conta.

Não à toa, ele foi o escolhido para ser o nome da campanha da  marca masculina OTT, que objetiva, exatamente, promover um encontro do homem com natureza. As fotografias foram realizadas em um haras em Cotia (SP). A OTT propõe moda casual para o homem moderno, com roupas versáteis, confortáveis e descomplicadas. Segundo Dudu, “é muito bom quando se é escolhido para ser porta-voz de uma marca na qual a gente acredita, se sente bem vestido e que filosoficamente dialoga com o que se acredita.  Eu sempre fui da moda casual, da vida diurna”.

O fato de ser um homem bonito, para Dudu, sempre foi uma luta para fugir dos estereótipos, dos estigmas do que se entende como galã: “Na minha concepção isso da beleza sempre foi relativo e está muito mais no approach, no borogodó, do que na beleza em si, que nunca foi um ponto de partida, e nunca aceitei com premissa do meu trabalho. Acho que, em muitas vezes, as coisas das quais a gente se beneficia podem se virar contra nós”.

Em “Jesus”, Dudu Azevedo foi o protagonista da novela (Foto: Edu Moraes/Record)

Inclusive, salienta: “Trabalhei anos na Globo, e a casa foi muito importante e continua sendo – inclusive consta no meu horizonte de metas – mas eu repeti muitos arquétipos ali, fazendo personagens que, embora diferentes, tinham a mesma paleta de cor. Ou giravam em torno da beleza, ou de serem galanteadores, ou desenrolados, surfistas, atletas… O artista, ele busca o tempo todo quebrar esses estigmas e se reinventar em novos personagens desafios. Daí minha escolha, naquela ocasião, em migrar para a Record, o que foi muito positivo. Foi um trabalho que marcou o mundo”.

“Acho importante encerrar ciclos e abrir novos horizontes, senão o propósito central da profissão se esvazia no conforto. Preciso me desafiar para me descobrir como pessoa e artista e é isso que tenho feito. Uma das maiores virtudes é permanecer na profissão. Me orgulho em dizer que hoje, depois de mais de 30 anos de carreira, continuo trabalhando – Dudu Azevedo

Conhecido justamente pela leveza com a qual encara a vida, o ator diz ter “um padrão de tratamento com as pessoas. Meu trabalho me coloca nessa condição. Às pessoas que trabalham comigo, eu tenho por habito ser carinhoso, e isso de forma natural”. Com o tempo, diz ele, haver “aprendido a filtrar, a falar os nãos que são indispensáveis, perceber o que quero e o que preciso”, diz. O artista hoje mora na Barra da Tijuca, onde crê estar mais próximo do que dialoga consigo, da energia da mata e da natureza. “Me sinto purificado. E no trato com as pessoas ser afetuoso é o meu método de ser honesto, legítimo, é uma característica minha. A meu ver quem coloca-se num lugar de mais importância que o outro, é por que começou a trilhar o princípio do fim. As pessoas que vivem assim optam pela solidão, e eu acredito na coletividade”.

Outro elemento que o fez ressignificar a trajetória foi a paternidade. “Ela me fez renascer. Quando Joaquim veio à Terra, eu ressurgi. Ele representa uma evolução diária e faz de mim uma pessoa melhor todos os dias, faz despertar em mim os melhores sentimentos, me faz sentir sublime. Ele me oferece naturalidade através da sua inocência. Quando meu filho nasceu eu tive a certeza de que era a melhor experiência da minha vida a paternidade, pois Joaquim me faz ser uma pessoa melhor”, finaliza.

Dudu Azevedo e o filho, Joaquim (Foto: Reprodução/Instagram)

Crédito
Fotos Leandro Rafael da Silva
Agradecimentos OTT