Enquanto a quarta e mais recente temporada de “Downton Abbey“ – o delicioso seriado britânico que retrata os costumes da aristocracia e do proletariado inglês em uma imponente propriedade rural de 100 anos atrás – é aguardada ansiosamente pelos fãs brasileiros, com previsão de estreia (por aqui) para meados de janeiro, surgem na internet especulações e brincadeiras. Dessa vez, está pipocando na internet um inusitado trabalho de interpretação, primoroso como poucos. Mas engana-se quem pensou em algo tão tradicional quanto a relação entre senhores e criados na rígida sociedade inglesa de outrora. Desta vez, o jornal The Guardian acaba de publicar um ensaio em que os personagens da aclamada série inglesa são retratados em alter egos felinos e caninos.
Bem verdade que alguns personagens do seriado vivem mesmo como cães e gatos. A condessa viúva de Grantham, por exemplo, acabou caracterizada como um exemplar da raça Sphynx, sofisticado gato com cara de mau. Tudo a ver, já que a impagável – e, por isso mesmo, divertidíssima! -Violet, interpretada pela formidável Maggie Smith, tem verdadeiro espírito felino quando se trata de arquitetar suas manipulações, sempre com a leveza de quem brinca com um novelo de lã. Vive alfinetando sua nora – elegantemente, of course! -, a bondosa Lady Cora (Elizabeth McGovern), que transita pela propriedade rural dos Crawleys como se fosse uma fiel cadela dálmata, pronto a afagar quem precisa de cuidado.
A série de retratos, criados pela ilustradora Sarah Gilbert, do Massachusetts, se chama “Houndton Tabby”, um trocadilho com o nome do seriado que alude aos empoados nomes de raças caninas, e as belas imagens estão disponíveis para ser adquiridas através do site http://www.etsy.com pela bagatela de R$54,07 cada. Um valor irrisório, em se tratando desta galeria de elegantes tipos imortalizados pela telinha.
Fotos: Divulgação/The Guardian/Sarah Gilbert
Mathew Crawley, o mocinho que faleceu no final da terceira temporada e era interpretado pelo bonitão Dan Stevens, ganhou o rosto de um devotado cão pastor inglês shepherd, enquanto sua viúva, Lady Mary, cuja atriz que a encarna – Michelle Dockery – concorreu ao Emmy deste ano pelo papel, é uma elegante borzoi com focinho fino, típico de quem sabe farejar as melhores trufas e blinis nos rega-bofes da nobreza britânica. Sua irmã encalhada, mas emancipada, Lady Edith (Laura Carmichael) foi premiada com os traços de um phalene papillon, aquele toy pet que a gurizada bem nascida ama e que costuma ser reproduzido nas pinturas que retratavam os endinheirados, sempre ao lado das crianças. Só falta jogar badminton, aquele tedioso jogo de petecas que só os britânicos entendem – e sabem jogar!
Entre a criadagem, o subserviente e dedicado Carson, o mordomo vivido por Jim Carter (outro candidato a Emmy deste ano), recebeu a face de um cocker spaniel, cachorrinho amestrado conhecido pela lealdade a seus donos e famoso por se deitar aos pés destes, quando sentam na bèrgere de couro para ler as notícias do dia publicadas em algum renomado periódico britânico. Já a pequena e atrapalhada ajudante de cozinha Daisy Robinson (Sophie McShera) foi retratada como uma chihuachua, tão assustado como a serviçal da atração. E o dublê de gay gostosão e bee maquiavélica, o primeiro lacaio Thomas (Rob James-Collier) , foi incorporado por um siamês, gato que, além de lindo, é enigmático e muitas vezes inconfiável. Por que não, não é mesmo?
Mas, o melhor de tudo foi ver a abnegada Senhora Patmore, a cozinheira ruiva que comanda as caçarolas da majestosa mansão, ser vertida em uma gata persa, avermelhada como a atriz que lhe dá vida, Lesley Nicol, com aquela cara de irlandesa que, entre o preparo de um faisão e o gratinar de um pudim de rim, deve engolir, de uma vez só, uma boa dose de Bailey’s. Vai baixar este poster para por na cozinha de seu apê, queridinho?
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