Douglas Sampaio, campeão de A Fazenda, diz: “Pela participação achei incrível, mas o pós não foi tão legal”

*por Vítor Antunes

“A Fazenda“, reality rural da Record, está em sua reta final. O grande vencedor, que recebe o prêmio de R$ 1,5 milhão será revelado na noite desta quinta-feira. E a disputa está entre William Guimarães, o WL, André Gonçalves, Jaqueline Grohalski e Márcia Fu. Campeão em 2015, Douglas Sampaio caracteriza a sua vivência no reality como ambivalente: “Foi a experiência mais louca que eu já tive, tanto por estar em evidência, como por acontecimentos decorentes disso. Na época estava começando esse lance dos haters, então não foi bacana pra mim o pós-Fazenda. Fiquei muito exposto”. Atualmente Douglas pode ser visto na série “O DNA do Crime“, do Netflix, projeto que aborda o crescimento do crime organizado de maneira ficcional.

Ainda que eu tenha me colocado nessa situação, acho muito invasivo estar num local e as pessoas estarem dando opinião sobre a minha família, sobre coisas íntimas minhas. Todavia, a experiência é bacana, o máximo. O saldo positivo é o aprendizado e o negativo, as [más] experiências – Douglas Sampaio

O ator e ex-fazendeiro prossegue fazendo sua análise, oito anos após o programa: “Na época que eu fiz o reality, eu não tinha dinheiro nem para comprar um maço de cigarro. Creio ter hoje outras opções de recurso. Participar de um reality de novo não seria meu plano número um. Só se eu estivesse, realmente, precisando muito. Ter saído campeão do primeiro também me trouxe experiências pouco positivas. Imagina, eu participo de outro, e não ganho… Não vale a pena. Não digo que nunca faria, pois negar assim, veementemente pode me fazer quebrar a cara, mas,  ainda que a grana seja boa e seja bom estar ali, tem dinheiro que não vale a pena você ganhar”.

Desde 2016 fora das novelas, o ator diz não sentir falta de fazer os folhetins de TV, ainda que elas tragam projeção, e disso sim, ele lastima. “Tem gente que acha que eu parei de fazer novela, desde “A Terra Prometida“. O pessoal acha que eu não sou mais ator, mas não, eu trabalho com isso e me envolvo de outras formas. Mas eu não sinto falta de fazer novela, porque é realmente um trabalho mais extenso, e eu estou sempre em movimento. A novela dá muita evidência e estando ali na tela de todo mundo, diferente de outros projetos, que não têm tanta visibilidade. Às vezes eu estou por trás ou produzindo, fazendo peça… nem sempre o lugar de evidência do ator é só atuando”.

De projetos artísticos para 2024 ele diz que “está na expectativa de uma segunda temporada de streaming, plantando. A gente vive fazendo teste para coisas já visando projetos. Eu acredito que aconteça uma segunda temporada de “DNA do crime” e também tenho a expectativa também de trabalho como ator muito o que acontece são os cosmos”, mistifica.

Douglas Sampaio está no streaming em “DNA do Crime” e analisa a sua passagem em “A Fazenda” (Foto: Divulgação)

STAYIN’ ALIVE

Sucesso dos BeeGees nos Anos 1970, mais precisamente de 1977, “Stayin’ Alive” foi tema do arrebatador “Os Embalos de Sábado à Noite“, que revelou John Travolta. No ano seguinte, a canção foi tema de “Dancin’ Days“, novela que consolidou a carreira de Sonia Braga como a protagonista Julia Matos e era a canção de abertura do disco internacional da novela. Anos mais tarde, a música, numa versão remixada, foi designada como tema de “A Fazenda“. E, neste caso, outro personagem importante entra em cena com protagonismo: Douglas Sampaio. Tal como sugere o título da música em inglês, ele segue “sobrevivendo”.

O ator foi o campeão da oitava edição do reality da Record, e para ele, haver vencido o programa, tem sabor agridoce: “Pela participação achei incrível. As provas ótimas, a produção, as festas, isso, sim, foi uma experiência incrível. Como ser humano, sobre minhas atitudes para as pessoas, achei muito legal. Mas o que rolou pós isso foi duro. As pessoas são más aqui fora. Então, elas se escondem atrás de outras imagens e falam o que querem. Isso é muito maldoso, é pesado. É como se enfiassem o dedo na tomada. Há quem seja ruim e veja nisso uma forma de despejar ódio em pessoas que estão vulneráveis. Essa foi a parte ruim de estar no show”. E aproveita para espantar qualquer possibilidade de mal entendido ou preconceito com o formato, vindo dele: “Não quero que pareça que eu tenho algum preconceito. Não, eu adoro, gosto de ver, inclusive”.

O ator, contudo, salienta que há alguma nesga de preconceito da classe para com ex-participantes de reality: “Em questão de preconceito entre realities e carreira artística, dizem isso. Mas, normalmente, o ator vive um hiato de trabalhos, especialmente se ele não é um artista que esteja ali, na vitrine. Então, acho que, na verdade, pode haver algum preconceito. Já fiquei muito tempo sem trabalhar e houve pessoas que, depois de terem feito realities, fizeram trabalhos incríveis. Creio que isso varia de cada um. Eu saí d’A Fazenda já trabalhando. Talvez, parando para analisar, talvez eu tenha quebrado esse paradigma. Creio também que há quem justifique essa falta de trabalho, o que é normal na profissão de ator, por ter feito um reality”, analisa.

Eu prefiro ser reconhecido pelo meu trabalho do que pela pessoa Douglas – Douglas Sampaio

Douglas Sampaio em “A Fazenda”. Ator foi campeão da edição de 2015 do reality (Foto: Divulgação/Record)

Para 2024, o artista tem expectativas de trabalho, mas ainda sem poder revelar muito, ou por causa das cláusulas de confidencialidade do streaming ou por conta a inconstância da profissão de ator: “Não posso afirmar muito, justamente devido a essa loucura que é a nossa vida. A gente não tem como prever. O cara que resolve ser ator e é ansioso ele não vai conseguir dar conta. A todo momento a gente tem uma surpresa tanto para positivo quanto para negativo. Já tive um trabalho que não realizei, mesmo contratado dentro da casa, já fiquei contratado e não trabalhei, então não existe nada certo. Tudo é muito incerto”.

Atualmente Douglas pode ser visto na série “O DNA do Crime“, do Netflix, projeto que aborda o crescimento do crime organizado de maneira ficcional. O artista fala sobre a produção: “Não tive nenhum laboratório. Era mais o lance da pesquisa, o que a gente viveu foi algo baseado em fatos reais, então entender um pouco esse universo faz parte do trabalho. Foi mais a preparação ali, com os juijiteiros, já que o meu núcleo é mais explosivo, de cair na mão, e tive de fazer um preparo corporal bom também, já que esta é a estética do produto”. A série do Heitor Dhalia representa de forma ficcional o crime organizado. Porém, a dignidade da equipe que entrega-se a um trabalho desse porte não é ficcional. É, sobretudo, amor ao ofício.

Gabriel Chadan, Gabriela Moreno e Douglas Sampaio em “DNA do Crime”. Série está no Top10 Brasil da Netflix (Foto: Reprodução)