Domignos Montagner começou sua carreira no circo e hoje ostenta o título de galã da novela das nove. Dando vida ao herói Santo, de “Velho Chico”, o ator se divide atualmente entre trabalhos na telinha, no cinema e no teatro, além de dar conta da grande família que construiu ao lado da esposa Luciana Lima. Pai de três meninos (Léo, Dante e Antônio), ele hoje vive na dramaturgia a experiência de ser o homem da casa, já que toma conta de Luíza, vivida por Lucy Alves e as filhas Olívia (Giullia Buscacio) e Isabel (Rayza Alcântara). “Eu sinto como se elas fossem minhas filhas. A gente tem um amor aqui desenvolvido, que eu chego a ter um ciúme delas como pai”, disse aos risos. “É uma relação tão próxima de pai e filhas, que é muito legal, uma delícia. A gente desenvolveu um carinho muito grande. Eu de fato me preocupo, protejo, pergunto se estão saindo agasalhadas. Essas coisas de pai”, destacou o ator.
Sucesso de crítica e público, Domingos não escondeu a felicidade de viver um personagem que, apesar de lúdico, tem chegado tão próximo ao telespectador. Para ele, Santo tem uma característica única e encantadora. “Sua capacidade conciliadora, reflexiva, apesar de todas as pressões que sofre, é muito bonita. Ele consegue raciocinar e ver o caminho melhor. Ele tem essa alma de herói”, destacou o intérprete, que não escondeu a alegria de integrar o elenco de uma novela que ressalta valores tão esquecidos por nossa sociedade. “A novela é escrita dentro de preceitos clássicos da dramaturgia e ela tem os seus arquétipos. Santo é um personagem encantador. Acho que a novela trata de valores muito importantes de serem levantados nos dias de hoje como a fraternidade, a ética e o brio. Acho que acaba provocando algum reflexo positivo nas pessoas”, contou.
Mas como uma andorinha só não faz verão, a parceria entre o ator e Lucy Alves tem dado o que falar. Apesar de ser a primeira novela da moça, Domingos destacou a grata surpresa que foi o encontro dos dois atores. “Eu acho que a Lucy é uma grande artista. Ela foi a primeira pessoa que contracenei na novela, e me pegou desprevenido com seu talento. Ela tem uma escuta, uma observação muito séria, é estudiosa”, contou ele, sem dar muitos detalhes sobre o triângulo amoroso que vive com Luíza, personagem de Lucy e Tereza (Camila Pitanga). “Com quem o Santo vai ficar ainda é um mistério, que só será revelado na novela, mas vão ter algumas reviravoltas nessa trama”, contou.
Com 54 anos de idade, o ator tem roubado suspiros da ala feminina que acompanha “Velho Chico”. No entanto, casadíssimo, ele dispensa o título de galã. “Eu não me preocupo com essa fama. Eu acho que a gente não pode comprar para o nosso ofício uma imagem e um rótulo. Acho que você acaba limitando seu leque de oportunidades. O status de galã eu levo como uma função dramatúrgica, porque se trouxer para vida acho que empobrece o ofício”, avaliou.
No ar também como uma espécie de vilão no longa “Vidas Partidas”, que abre o debate para a violência contra a mulher, Domingos revelou que não foi nada fácil embarcar nessa viagem. Na semana em que a Lei Maria da Penha completa 10 anos de existência, o longa estreia e reacende o polêmico debate. “Foi difícil de engolir esse personagem. Eu chegava em casa muito exausto, mas ele é bem mais complexo que um vilão. Eu quis imprimir no Raul justamente essa interrogação. Por que uma figura como essa, um professor, pós-graduado, tem formação… Todos os conceitos que a gente aborda normalmente, que essa violência é fruto de algum tipo de influência do meio e ignorância caem por terra. Essa situação é a mesma de grande parte desses casos de violência que a gente vê por ai”, pontuou ele. “O Raul representa características muito presentes na sociedade machista, que são indivíduos intolerantes e violentos nas suas relações”, completou. O longa ainda conta com Naura Shneider e Nelson Freitas no elenco.
Agora, falando um pouco sobre as Olimpíadas Rio 2016, o ator se mostrou otimista, apesar das críticas que a organização vem recebendo ao longo da semana. “Eu acho que as Olimpíadas são um assunto muito complexo. Como diz o Santo: a gente vive a vida que tem. Acho que a partir do momento que isso foi estabelecido, a gente não pode torcer contra. Agora, se o país estava aparelhado para isso, eu não posso afirmar categoricamente. Acho um pouco leviano. Quando a gente entra no âmbito das redes sociais, que comentam apenas o título das matérias, encontramos coisas absurdas sobre qualquer tipo de assunto. E não está sendo diferente com os jogos”, ponderou ele, ressaltando o momento de crise que passa o Brasil. “O país sofre um momento crítico muito grande. A gente vê os esforços que estão sendo feitos para isso mudar, mas é importante que a gente torça para que tudo corra bem. Se torcermos contra, estaremos torcendo contra a gente mesmo”, completou.
E em meio a tantos trabalhos, Montagner já tem projetos após o término da novela das oito. Quem achou que o ator entraria de férias, se enganou redondamente. “Após ‘Velho Chico’ eu começo uma séria chamada ‘Os Carcereiros’, baseada em um livro do Drauzio Varella, e um projeto teatral com minha companhia em um novo espetáculo que estreia em março”, finalizou.
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