*Por Brunna Condini
Em suas redes sociais, relativamente recentes, Diogo Vilela, que se rendeu ao Instagram só em 2020, vê o público pedir constantemente sua volta à TV aberta. Para isso, ao que parece, ainda não existe data certa, mas para quem sente saudade do ator, ele está na nova temporada, a 11ª do ‘Vai que Cola‘ para o Multishow, e também na série da TNT, ‘Body By Beth‘, que estrela ao lado de Marisa Orth e Guilherme Weber, com quem Diogo forma um casal zen. Nesta produção, com 10 episódios na primeira temporada, Diogo poderá ser visto em um papel diferente, embora seja em uma velha praia conhecida sua, o humor, e comenta a relevância de uma trama com protagonismo de um casal gay maduro nos dias de hoje. “Acho muito importante abranger qualquer afeto na idade madura. No caso, sendo um casal gay, acho que coloca essa realidade em ressonância com uma obra muito bem escrita. Acredito que o amor seja válido em qualquer idade. Em cada faixa etária criamos amores diferentes, muito apoiado no que nossa vivência nos traz”, completa.
A série, descrita como um sitcom familiar, se passa no universo fitness e traz para a roda, mesmo no mood leveza da comédia, críticas aos padrões de beleza, às relações disfuncionais e aos temas que estão na ordem do dia, como etarismo, gordofobia, suplementos alimentares e exageros da vida zen. “Nosso país é conservador e etarista, talvez agora estejamos evoluindo nisso com discussões nas redes sociais”. E analisa: “A série ser descrita como um sitcom familiar é também assumir a diversidade de existências e as novas configurações familiares, apesar de quem ainda resiste ou tem preconceitos. Isso tudo, aliado a um bom texto e trama surpreendentes”.
Aos 66 anos e mesmo com mais de cinco décadas dedicadas ao trabalho na TV, no teatro e no cinema, Diogo sempre procurou manter sua intimidade longe dos holofotes – “Desculpe, mas não falo da minha vida pessoal”, frisa sempre que acha que algum limite pode ser ultrapassado. Reservado e tímido, o que ele gosta mesmo é de falar é sobre a profissão, arte e da relação com o público. Mas vez por outra, deixa escapar uma visão partindo de alguma experiência mais privada. Como quando quisemos saber, motivados pelos temas abordados na série, que tipo de preconceitos e pressão por padrões inalcançáveis já o afetaram. “Nunca sofri preconceito por nada a não ser na tenra infância, quando comecei a trabalhar como ator. Aconteceu através de um tio que era preconceituoso com a profissão, mas meus pais me protegiam dessa sensação e da opinião dele”, conta ele, que embora tenha estreado na TV aos 12 anos (na novela ‘A ponte dos Suspiros‘, de Dias Gomes, na Globo), sonhava e brincava de ser ator desde criança.
Você sempre optou por ser discreto sobre sua vida pessoal, mas começou a interagir nas redes recentemente. Por que decidiu estabelecer essa relação mais próxima com os fãs e seguidores? “Tenho um assessor para o meu Instagram por não saber muito como usá-lo. Aos poucos fui percebendo que poderia ter uma visão minha sobre quem gosta do meu trabalho e ganhamos muitos seguidores desde então. Acho isso o lado mais honesto desse universo da internet, principalmente por poder divulgar o meu trabalho e conhecer quem me admira. Porem não me sinto filiado”. E pontua:
Em minha opinião, a internet, e esse mundo paralelo, aconteceu porque foi uma maneira da modernidade fugir do mundo real por ele ser insuportável! Porém eu, como ator, já trabalho dando realidade aos sonhos em cena, o que é praticamente o caminho inverso. Minha profissão me dá uma base muito segura entre a verossimilhança dos dois caminhos e visão de como os seguir. Talvez por isso não o valorizo tanto- Diogo Vilela
O presente
Além do trabalho na TV por assinatura, Diogo é curador da Companhia de Arte e Repertório FUNARJ que já está ativa. “Vamos encenar ‘O Pagador de Promessas‘ de Dias Gomes. Será nosso espetáculo de estreia , em março de 2024″, anuncia. Trabalhando muito, quase que sem pausas, uma vida inteira, ele também fala sobre o preconceito por conta de idade, presente presente tanto no ofício de ator, como em outras atividades. “O etarismo existe no mundo hoje, e em nosso país é quase uma linguagem social. Talvez por sermos um país que não sedimenta a sua memória e cultura como uma forma de amadurecimento”, lamenta.
Ele se divertiu nas gravações de ‘Body By Beth‘, vivendo um personagem livre para ser exatamente o que é, sem compromissos com a caretice ou qualquer cobrança de coerência. Na pele de Ricardo Manoel, o famoso Ri-Man, o ator vive um homem que no passado foi um cara sarado e campeão do Muscle Classic, coisa que ficou para trás após uma EQM – experiência de quase morte. No entanto, uma vez marombeiro, sempre marombeiro, rotina que ainda atrai decerta forma o personagem. “Ele era halterofilista, casado e se separou da Beth (Marisa Orth). Hoje, tem uma relação com o Ronaldo (Guilherme Weber), que vem deste universo zen, com outra energia, voltado para a meditação. Mas o personagem carrega algumas dualidades bem interessantes”, detalha, sobre o sitcom produzido e criado por Carolina Castro, com direção geral de Gigi Soares e direção de Alice Demier.
Interpretando o personagem que comanda o espaço zen Namastê, ao lado do parceiro, Diogo observa ainda, sobre seu trabalho na série, que em sua visão, “tem uma premissa muito humana”, coisa que o atraiu de cara: “Talvez esse personagem seja um dos mais diferentes que já fiz. Sua história de vida, seu temperamento , em nada me vejo nele. Fiquei feliz com isso porque precisei praticamente construir um outro ser!”.
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