Depois de “Velho Chico”, Chico Diaz se dedica ao cinema e à luta política. “Temos que conseguir recuperar a base que nós tínhamos, que era tranquila e segura”


Sobre a manifestação de Sônia Braga e o elenco de “Aquarius” em Cannes, o ator afirmou que essa é a função do artista. “Nós estamos aqui para mostrar o que é bom para o coletivo. Foi uma manifestação linda”

Pausa nas telinhas e foco no cinema. Depois de ter interpretado Belmiro dos Anjos em “Velho Chico” (Rede Globo), Chico Diaz investe, agora, no cinema. Sobre a atuação na primeira fase da atual novela das 21h, o ator disse que a trama é um “golaço”. “Eu fiz um personagem muito lindo e abençoado. Acho que foi super bem-sucedido e que ficou no imaginário do Brasil. Após a morte de Belmiro, recebi mensagens de espectadores de todos os lugares muito emocionados”, contou.

Chico Diaz como Belmiro, em "Velho Chico" (Foto: Reprodução)

Chico Diaz como Belmiro, em “Velho Chico” (Foto: Reprodução)

Já nos trabalhos cinematográficos, Chico disse ao HT que, além dos projetos de filmar fora do Brasil, também tem estreia em solos brasileiros. Ao lado de Caio Castro, que interpreta seu filho, Chico Diaz lança o filme “Travessia” em setembro. “É uma história de dor entre pai e filho. É uma montagem dramática e pesada que conta a história dos dois que, por causa da herança da mãe recém-falecida, não se entendem e cada um vai para o seu canto. E é, justamente, esse luto que eles têm que atravessar, cada um com a sua idade”, adiantou Chico sobre o filme.

O ator será pai de Caio Castro no filme "Travessia" (Foto: Reprodução)

O ator será pai de Caio Castro no filme “Travessia” (Foto: Reprodução)

E tem mais, ou pelo menos existe a vontade. Após ficar três anos em cartaz com o monólogo “A Lua Vem Da Ásia”, inspirado no livro do surrealista brasileiro Campos de Carvalho, Chico Diaz tem planos para levá-lo para os cinemas. Só que, por enquanto, são só planos. “Eu estou empurrando o trator porque cinema é mais pesado que teatro, ? O país está em um estado meio complicado para as verbas saírem. Mas eu continuo roteirizando e vendo as possibilidades”, disse.

Sobre esse “estado meio complicado” pelo qual estamos passando, o ator da Globo não poupou reclamações. “Eu acho que nós atores temos os nossos interesses próprios. Mas, os coletivos têm que estar à frente. Na minha opinião, nós estamos passando por um momento de crise institucional de direito e que, antes do meu filme, da minha peça ou do meu nome, nós brasileiros temos que passar essa fase e navegar em águas mais tranquilas. E, para mim, isso significa restituir o Estado democrático de direito e restabelecer o nosso caminho mais tranquilo. Está tudo muito confuso”, declarou.

Para Chico Diaz, a atual situação do Brasil é "muto complicada" (Foto: Reprodução)

Para Chico Diaz, a atual situação do Brasil é “muto confusa” (Foto: Reprodução)

Em relação ao futuro do Brasil e dos brasileiros, Chico Diaz defendeu que a preocupação de agora deve ser “apaziguar e tentar chegar a um acordo” para os próximos anos. No entanto, o ator reconhece que a iniciativa cultural deve ficar prejudicada até tudo se resolver. “Eu acho que nós temos que lutar pela volta daquilo que é nosso por direito, a democracia. Temos que reivindicar por ela e pelo estado de direito para conseguir recuperar a base que nós tínhamos, que era tranquila e segura e foi corrompida por interesses super esquisitos. Nesse sentido, nós temos que recuperar a nossa tranquilidade. Em função disso, a arte fica em segundo plano. Agora, é virar cidadão aguerrido e correr atrás daquilo que temos por direito, que é uma democracia plena e soberana”, afirmou.

“Eu acho que nós temos que lutar pela volta daquilo que é nosso por direito, a democracia" (Foto: Reprodução)

“Eu acho que nós temos que lutar pela volta daquilo que é nosso por direito, a democracia” (Foto: Reprodução)

Como mais um integrante insatisfeito da classe artística brasileira, Chico reverenciou a manifestação dos atores do filme “Aquarius”, em Cannes. Segundo ele, “nada como um artista para sinalizar” a situação pela qual estamos passando. “Eu achei sensacional. Nós, artistas, estamos aqui para mostrar o que é bom para o coletivo. Foi uma manifestação linda. Eu acho que esse Ministro da Cultura (Marcelo Calero) que está aí devia morder a língua e tomar cuidado com as palavras. Ele é muito novo”, disse Chico Diaz sobre as recentes declarações de Calero que foram respondidas em seguida por Sônia Braga e Kleber Mendonça Filho, atriz e diretor do filme.