A partir de hoje, Débora Bloch volta a dar vida à professora de português Lucia, na nova temporada da série do Globoplay, ‘Segunda Chamada’. Baseada na peça teatral ‘Conselho de Classe’, de Jô Bilac, é escrita por Carla Faour e Julia Spadaccini, e teve sua estreia na TV Globo, em outubro de 2019. Na sequência da trama, a atriz revela que “o grande problema da escola é a falta de alunos e o risco de ser fechada por causa disso. Lucia vai estar empenhada em trazer alunos para a escola e assim impedir o fechamento. Ela vai trazer pessoas em situação de rua e se envolver com esses alunos e suas questões”.
Nessa segunda temporada, as autoras irão abordar, além das carências ligadas à educação pública, que continua sendo o foco da série, e também apresentar uma nova turma de alunos, trazendo um convite a reflexão sobre o acesso ao conhecimento. A docente regressa à Escola Estadual Carolina Maria de Jesus após o divórcio do marido e o fim do mistério envolvendo a morte do filho decidida a evitar a suspensão do curso noturno para jovens e adultos. Por sua interpretação na primeira temporada da obra, a atriz foi eleita Melhor Atriz pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). A série ficou conhecida por tratar de diversas questões sociais, além da problemática do ensino noturno para jovens e adultos. Agora, uma nova realidade vem à tona com a chegada dos alunos em situação de rua. “Fizemos um trabalho bastante realista. A série trata do assunto sem preconceito ou julgamento, que é como acredito que deve ser tratado. Essas pessoas se tornam invisíveis para a sociedade, são desumanizadas e isso precisa ser mudado. Aprendi muito fazendo essa temporada e lidando com esse assunto. E espero, do fundo do meu coração, que as pessoas em situação de rua se sintam representadas”, revela.
O Censo Demográfico de 2010 contabilizou 13,9 milhões de jovens e adultos com idade superior a 15 anos que declararam não saber ler ou escrever. Esse mesmo levantamento indicou que 54,4 milhões de pessoas com 25 anos ou mais tinham escolaridade inferior ao Ensino Fundamental e outras 16,2 milhões haviam concluído o Ensino Fundamental, porém não o Ensino Médio. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é a modalidade de ensino destinada a garantir os direitos educativos dessa numerosa população que não teve acesso ou interrompeu estudos antes de concluir a Educação Básica. A modalidade não é definida propriamente pelo recorte etário ou geracional, e sim pela condição de exclusão socioeconômica, cultural e educacional da parcela da população que constitui seu público-alvo. “A série é sobre educação, mas principalmente sobre pessoas que não tiveram acesso a ela. O público vai entrar em contato com personagens que são invisíveis na nossa sociedade e que a gente não costuma ver retratados na TV”, frisa.
Debora nos conta que para voltar a viver a professora Lúcia nesta nova fase teve uma carga intensa de leituras e ensaios. “A novidade foi a pesquisa e os encontros para conhecer a realidade da população em situação de rua. Tivemos palestras com pessoas que trabalham com essa população e também conversas com algumas pessoas que vivem nas estradas. Aprendi muito com esse processo, e acho que fui transformada por ele”, revela.
As necessidades e condições de aprendizagem singulares desses jovens e adultos são reconhecidas pela legislação, que prevê a oferta regular de ensino noturno, a contextualização do currículo e das metodologias, e uma organização flexível, observado o princípio da aceleração de estudos e a possibilidade de certificação por meio de exames. A Constituição de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996 previram, inicialmente, o direito dos jovens e adultos ao Ensino Fundamental, obrigando sua oferta regular pelos poderes públicos. E a Emenda Constitucional nº 59 de 2009 ampliou esse direito ao Ensino Médio.
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