Danilo Mesquita atendeu HT numa tarde ensolarada do inverno baiano. Aos 23 anos, e mesmo morado no Rio de Janeiro há cinco, não perdeu – e nem pretende – o carregadíssimo sotaque da Bahia de Todos os Santos. No ar como Máximo de “I Love Paraisópolis”, folhetim das 19h da Rede Globo, Danilo conseguiu o que há muito pedia à produção: uma semana de folga em Salvador para matar a saudade da família. Vivendo o filho da confeiteira Paulucha, papel de Fabiula Nascimento, e primo de Grego, personagem de Caio Castro, ele está longe do Projac enquanto a trama continua alcançando ótimos índices de audiência. E o melhor: mordendo o calcanhar de “Babilônia”, a novela das 21h.
Danilo disse que a disputa (indireta) pelo Ibope entre as produções não chegou ao seus ouvidos, mas que sabe que está tendo “uma boa comparação”. Isso mesmo não tendo tempo para assistir nem sua trama, quanto mais o novelão de Gilberto Braga e companhia. “A nossa novela é muito bem construída, desde a direção de núcleo até a linguagem. Tem também o clima que a gente criou. Eu tenho um prazer enorme no meu trabalho, porque fazer uma novela de sucesso é importante”, afirmou. Mas e o motivo do fato de uma trama das 19h ameaçar uma das 21h? “De repente, você faz uma coisa boa e o público não recebe. Esse fator será sempre uma surpresa”, amenizou.
Dividindo um apartamento na urbe-maravilha com o xará Danilo Ferreira, que vai estrear em “A Regra do Jogo” logo mais no mesmo canal, Danilo conquistou a vaga em “I Love Paraisópolis” depois de ouvir muito “não”. Desde 2011, ele fez testes para novelas como “Fina Estampa”, de Aguinaldo Silva, e a própria “Babilônia”. “Eu não encaro uma negativa como um: ‘Ah, você não é bom’. Não é um teste de capacidade e sim de perfil. Você pode até ter ido bem, mas teve outro que se encaixa melhor no personagem que você”, comentou. Formado na Nu Espaço, em Botafogo, Danilo veio de várias apostas: tentou jogar futebol em Salvador a ainda passeou pela carreira de modelo.
Aliás, foi pelo mundo fashion que ele veio para Rio. Como? Descoberto por Sérgio Mattos, sempre ele, o booker que já revelou gente como Cauã Reymond e Isabeli Fontana. “Ele viu um potencial e me convidou. A princípio eu não quis ir, porque era um mundo que eu não tinha imaginado”, lembrou. Convencido mais tarde, Danilo deixou a casa dos pais, e partiu para o mundo de catwalks e shootings. “Durou pouco tempo. Logo que cheguei ao Rio, os modelos perceberam que eu tinha facilidade em me comunicar. Fiz teatro em um período muito curto quando era pequeno e resolvi estudar. Quando descobri o meu lado ator não quis fazer mais nada. Eu recusei viagens como modelo, porque me apaixonei pela profissão de ator”.
O olhar de Sérgio Mattos não estava errado. Danilo tem traços ímpares, o que o torna um rosto perfeito para coleções e, claro, cai perfeitamente para um provocador de suspiros. Enquanto há quem diga que beleza não põe mesa, ele prefere ser franco. “Não sou ingênuo e sei que em alguns veículos a beleza é exigida. É interessante economicamente, né. Essa coisa dos padrões, de ser bonito ou ser feio me incomoda muito como ser humano. E isso por desencadear uma série de discussões sociais”, disse ele, caminhando para um papo cabeça.
“O caminho, lógico é maior para quem está fora desses padrões. Mas eu sou da arte e meu trabalho não é por esse viés. Meu trabalho é arte e independe de eu ter ou não um tanquinho. Acredito no estudo e isso em nada me interessa”, comentou. Na mesma linha do seu ponto de vista, Danilo não se mostra deslumbrado com o começo na maior emissora de TV do país. “O elogio das pessoas tem que ir para o campo da responsabilidade e não da vaidade”, disse. Mas como ele não tira os pés do chão? “Eu acordo, tomo café e vou trabalhar como qualquer outra pessoa. Meu trabalho não é diferente. O segredo é saber o tipo de artista que você quer ser”.
E ele sabe muito bem qual caminho quer trilhar. “Eu quero viver da minha arte. Quero ser um homem que respeita a profissão”, disse ele, sabendo que a concorrência é grande. “Eu vejo muita gente nova talentosa. Na minha novela mesmo tem gente muito nova e sempre surge alguém por aí”. Mas será que a turma tem o mesmo ideal dele? “Nosso trabalho vai muito além de redes sociais”, mandou. Dizendo que quer personagens que o desafie, Danilo sonha em atuar com Wagner Moura e já quer outra oportunidade quando questionado o autor que pretende trabalhar: “Alcides Nogueira e Mário Teixeira“, os mesmos de “I Love Paraisópolis”. Danilo, como pudemos ver, sabe muito bem a que veio.
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