*Com Bell Magalhães
Conhecida pelo senso de humor afiado e a rapidez de raciocínio, Dani Calabresa está no comando de ‘Dani-se’, no GNT, e fechou a primeira temporada em grande estilo com a presença de Fábio Porchat e Silvero Pereira. A comediante recebia convites do canal desde 2015, mas agora se entregou para o projeto e resolveu dar um ‘dani-se’ para tudo o que a prendia. Após a exibição dos 10 episódios iniciais, ela diz estar feliz com o resultado das gravações dirigidas por Lilian Amarante. O parceiro de cena da vez é Pedroca Monteiro “Ele é muito engraçado e amoroso! É um cara coração bom, especial mesmo. Só agradeço pela nossa parceira carinhosa — apesar de ele ter roubado meus tubos de glitter (risos)”. Leve e divertido, o programa promove um diálogo entre convidados e apresentadores com reflexões importantes, com esquetes, imitações, improviso e stand-up. “O mais legal é que sempre quis receber dois convidados e deixá-los à vontade para batermos papo de um jeito descontraído, nos divertindo de verdade. No final, conseguimos exatamente o que esperávamos”, vibra.
Dani comemora os frutos da nova empreitada, mas nem tudo foi fácil. De vídeo-chamadas até o distanciamento obrigatório, foram inúmeras barreiras que a artista e a equipe tiveram que transpor. “O processo de criação do programa foi à distância e nos falávamos em reuniões no Zoom”. Vivendo a experiência de criar em meio à pandemia, ela sente que o contato presencial é o que mais fez falta durante a concepção dos episódios: “Gosto muito de reunião de roteiro, de leitura de mesa, trocar ideias e sentir na leitura o que acreditamos que funciona ou não porque na hora dá para ver se alguém riu ou não (risos). Com esse distanciamento necessário, senti que foi mais difícil criar tantas ideias e só experimentar tudo na gravação do piloto”, conta.
Em casa, o isolamento serviu para que a comediante se jogasse em novos hobbies — uns mais bem-sucedidos que outros. “Desde março do ano passado, comecei e desisti de alguns projetos. Tentei malhar com vídeo do YouTube e no meio do vídeo eu já estava deitada no sofá mexendo no celular. Tentei aprender a cozinhar, mas só consegui chegar até a etapa da tapioca e do miojo que amo”. Além da culinária e da onda fitness, a apresentadora disse que contou com ajuda do noivo, Richard Neuman, para lidar com a rotina de trabalho e gravações remotas: “Ele me ajudou muito nesse período porque está trabalhando em casa desde o início da pandemia. O Richard me filma, me ajuda com o ring light, aprendeu a editar vídeo e daqui a pouco já vai por uma peruca loira e gravar no meu lugar (risos). Ele conseguiria porque é muito engraçado”, brinca.
Ao longo dos anos, Dani colecionou um batalhão de referências que levou para o seu trabalho. “Amo a Maria Clara Gueiros, Lolô (Heloísa Périssé) e Ingrid Guimarães. Ah, meu Deus, o Luís Miranda! Ele é um ídolo para mim”, completa. Shelley Long e Lucille Ball são algumas das inspirações da humorista, mas existe uma ainda mais especial: “Me inspiro na Marisa Orth. Eu era apaixonada pela Magda, de ‘Sai de Baixo’. O programa era para a televisão, mas era feito no teatro com a resposta imediata do público. Fórmula perfeita com um elenco genial!”, e acrescenta: “A Magda me deu esperança de trabalhar com a comédia. E quase conseguiu me convencer a malhar perna, mas a bronquite não me ajudou muito”, ri. A artista lembra com carinho de Paulo Gustavo, que faleceu em decorrência do coronavírus na última semana. Dani conta que adorava rir com o trabalho do comediante e lamenta a perda precoce de uma mente brilhante do humor. “O Paulo era engraçadíssimo e tinha uma energia acelerada única. Ele está fazendo muita falta e foi uma tristeza sem tamanho perdê-lo”.
O humor é uma área que modificou muito com o tempo, da mudança nos tipos de piadas até quem as protagoniza. “Cresci me divertindo com ‘Os Trapalhões’, mas tenho a sensação de que não tinha espaço para mulheres engraçadas. O Chico Anysio era generoso na ‘Escolinha’ e dava espaço para homens e mulheres comediantes, mas acho que ainda existia um lugar desconfortável de ter uma personagem ‘gostosa burra’”, desabafa. Desde 2005 trabalhando com a comédia, Calabresa diz que ‘fica orgulhosa e realizada em ver o crescente número de mulheres comediantes ativas tanto na atuação, como na redação e na direção ao longo dos anos’: “Isso prova que o humor brasileiro evoluiu muito. Ver mulheres comediantes com programas próprios é muito emocionante. Vibro pela Tatá Werneck, Ingrid Guimarães, Regina Casé e faço o ‘Dani-se’ com muito amor”.
A cultura do entretenimento e das redes sociais bombardeiam as pessoas pela busca do prazer rápido e muitos caem na depressão por não seguir esse imediatismo. Para uma pessoa pública, essa pressão é ainda mais evidente. Com 1,8 milhões de seguidores no Instagram, Dani é visivelmente ativa na web, mas tem suas ressalvas: “Adoro estar no Instagram, mas me assusto com a busca por likes, aprovação e elogios automáticos como ‘deusa’, ‘gênia’ e ‘perfeita, sem defeitos’ (risos). Não dá para se basear nisso e nem depender desses comentários”, conta. Sobre algumas experiências pessoais nas redes, a artista diz que gostaria de ter ‘sofrido menos para fazer as coisas’. “Às vezes, sofro por besteira, como comentários na internet. Sou sensível, me preocupo muito. Sempre fui tímida, insegura e muito preocupada com a opinião dos outros”, desabafa.
Os ataques e comentários de haters afetam a saúde mental, que já está abalada devido à pandemia. A tristeza se agrava e pode se tornar incapacitante para alguns, e mais parece que nada mais importa. Tem como sentir dor, mas continuar em frente? “Tem! Não podemos parar e temos que seguir como dá — de preferência fazendo terapia. Não existe um prazo para resolver e curar nossas dores. Cada um tem seu tempo. Enfrentamos problemas e decepções diferentes, por isso não se pode julgar nem menosprezar a dor do outro. Existem pessoas que ficam doentes depois de perderem um emprego ou por sofrerem alguma injustiça no trabalho; tem gente que perde um parente e está sempre sorrindo. Precisamos respeitar o nosso tempo e buscar a ajuda necessária para aliviar os nossos processos”. Os esforços, segundo Dani, têm que se concentrar no que ainda está por vir: “Tudo muda o tempo todo, essa é a beleza da vida, e também um dos meus medos. Sou escorpiana e não gosto de mudanças (risos). Eu sofro, mas ao mesmo tempo é muito bom pensar que não temos ideia do que vai acontecer, ou de quem vai entrar na nossa vida… Novos amigos, amores, que trazem novas inspirações e novas esperanças”, completa.
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