Com uma novela a caminho, duas séries na TV e um longa para ser lançado, Julia Konrad está com tudo! A mais nova empreitada é a sua participação na próxima trama das 9h da Globo, O Sétimo Guardião. A atriz vive Raimunda, uma mulher ética, correta, estudiosa e introvertida, sendo o extremo oposto da irmã mais nova, vivida por Bruna Linzmeyer. Por serem tão diferentes, veremos embates constantes entre estas duas. Apesar de parecer uma rivalidade comum do dia a dia, normalidade não é uma palavra muito comum nesta narrativa. A trama resgata o realismo fantástico das novelas e a prova disse é ter um gato em um dos papéis principais. “As produções,nos últimos anos, estão focando muito em tramas bem realistas que expõe as mazelas da nossa sociedade. Por isso acho interessante resgatar outros lados, pois os mesmos temas podem ser tratados através de alegorias e de uma linguagem mais lúdica. Será bacana entrar neste universo onde tudo pode acontecer”, comemorou. Para ajudá-la neste caminho do mundo das ideias, ela está recorrendo à leitura de alguns livros do colombiano Gabriel García Márquez, uma das literaturas referências do gênero.
O Sétimo Guardião será a primeira novela das 9h, nos últimos anos, com este viés mais fantasioso da realidade. A trama faz parte de uma onda de histórias fantasiosas e que relembram mais o passado como Novo Mundo, Deus Salve o Rei e, agora, o Tempo Não Para. “Este estilo tem tido sucesso em outras faixas e acho que chegou a hora de tentar nas 9h. Deus Salve o Rei, por exemplo, é uma novela totalmente fantasiosa, revolucionária e tem tido muito sucesso. Talvez seja mesmo uma forma diferente de contar histórias. As pessoas estão abertas para conhecer novos mundos através da teledramaturgia”, informou. De acordo com a opinião da atriz, este fenômeno se deve ao fato de que a população está saturada de narrativas violentas. “Depois de dias complicados, é difícil ver uma trama na qual a mesma coisa é exposta, por mais que seja necessário, acaba cansando. Estamos enfrentando uma criminalidade terrível no Brasil”, lamentou.
Mesmo acreditando nesta mudança de gosto do público, a atriz garantiu que estes temas precisam continuar em voga. No entanto, para ela, isto pode ser feito através destas tramas mais surrealistas. Sendo assim, ao mesmo tempo em que estas narrativas contribuem para uma fuga dos brasileiros das preocupações mundanas, também funcionam como um canal de comunicação sobre a atualidade. “É uma boa oportunidade para tratar estes fatos de outra forma que, talvez, o público receba com o peito mais aberto por não estar tão próximo a realidade que ele está decepcionado”, salientou.
Do realismo fantástico da novela das 9h para o universo religioso de Allan Kardec, a atriz integra o elenco do longa inspirado na vida de um dos maiores nomes do Espiritismo. Em Kardec, ela interpreta a médium Ruth-Celine, considerada a reencarnação anterior do brasileiro Chico Xavier, conhecido por psicografar diversos documentos e cartas de espíritos desencarnados. “Desde um primeiro momento, o diretor Wagner de Assis se preocupou em deixar claro que estávamos fazendo um filme biográfico e, obviamente, estamos falando também sobre algumas personalidades importantes, mas sobretudo é uma história deste homem, Kardec. A gente conta tudo o que ele conseguiu conquistar e a grande luta dele. Busquei esquecer, então, este lado mais místico e estudar a minha personagem”, comentou. Ruth é uma mulher do início do século XIX que tinha este talento da psicografia, mas comete diversos erros que, em tese, foram sanados na pele de Chico Xavier. “Estamos falando sobre uma emocionante história de um homem que lutou contra muitas adversidades políticas, sociais e religiosas da época”, analisou.
A atriz também está no elenco da série 1 Contra Todos. A trama é completamente oposta a esta duas últimas. A fantasia e a religião ficam completamente de fora da realidade sangrenta dos presídios brasileiros. A narrativa conta a história de um homem que vai para a prisão após ser acusado por um crime que não cometeu. Violência, drogas e injustiças são pautas cuidadosamente tratadas neste produto audiovisual. “Sempre querem achar um culpado para as coisas. Por isso existem muitos presos acusados injustamente que precisam virar outra pessoa para sobreviver. Temos, infelizmente, esta lei de sobrevivência no Brasil, principalmente, dentro do sistema carcerário. Isto é muito complicado”, lamentou a atriz, que comentou ser fã do seriado.
Na trama, Julia Konrad faz o novo par romântico do protagonista, interpretado por Júlio Andrade. Além disso, é uma guerrilheira, filha de um dos maiores narcotraficantes da Bolívia, o Pepe, vivido por Roberto Birindelli. Apesar do mais velho ser muito carinhoso, é uma pessoa completamente imersa na criminalidade. “A série discute vários temas de uma forma muito humana, o que acaba tocando as pessoas e incitando discussões. Acho super importante este programa”, comentou. Na preparação, ela precisou ter aulas de tiro e explosões para entender melhor como funciona o universo de sua personagem.
A outra empreitada da artista é na série (Des) Encontros. Enquanto o enredo de 1 Contra Todos fala sobre tráfico, este seriado tem uma pegada mais romântica. Na trama, Julia vive Amanda, uma mulher que engata em um romance durante uma viagem pelo exterior. A montagem fala muito sobre o contraste entre relacionamentos e a vida corrida da globalização, um tema fundamental em tempos que a internet domina o nosso cotidiano. “Estamos em um momento no qual nos conectamos mais com as pessoas de maneira virtual do que cara a cara. É muito doido o alcance da internet, porque, ao mesmo tempo em que conseguimos falar facilmente com gente fora do nosso alcance geográfico, também distancia. É importante discutir até que ponto esta ferramenta ajuda, atrapalha e qual o limite para ter um uso saudável. Não podemos deixar de olhar no olho do outro”, aconselhou. Algumas cenas, inclusive, foram gravadas em Buenos Aires, cidade na qual a atriz viveu desde os 10 anos até os 20. “Não visitava o país desde 2012 e só descobri que teríamos que filmar lá quando recebi o roteiro. Eu pirei! A minha primeira externa foi em Puerto Madero, exatamente no ponto que os meus pais tinham um restaurante. Foi surreal”, comemorou.
Argentina não foi o único país que a atriz viveu. Julia Konrad também já passou uma temporada estudando nos Estados Unidos e, inclusive, realizou alguns trabalhos por lá. De acordo com ela, existem algumas diferenças com relação à forma como os americanos e brasileiros tratam a arte. Por exemplo, enquanto existe mais profissionalismo nos EUA, na forma mais engessada da palavra, no Brasil há uma maior liberdade para improvisar e construir a cena. “Acredito também que o público, nos Estados Unidos, é mais respeitoso com a arte. Aqui falta um pouco disso. No Brasil, o artista é visto de forma mais marginalizada por considerarem o nosso trabalho mais fácil. No entanto, a cultura é extremamente necessária para provocar discussões, levar mensagens e contar histórias. Uma sociedade sem isto seria muito triste, igual e sem opinião própria”, lamentou. De qualquer forma, a atriz tenta sempre mostrar a importância da sua profissão e o quanto trabalha para chegar aonde chegou. A prova disso pode ser vista no longo currículo de trabalhos que possui somente para este ano.
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