Coronavírus: Os profissionais da saúde e de serviços essenciais viram protagonistas do filme “Fora de Casa”

*Por Brunna Condini

Fiquem em casa. Esse é o recado claro na realização do filme “Fora de Casa”, produção da Delicatessen Filmes, em parceria com a Antfood Creative Studio e a Psycho’n’Look. O filme foi 100% realizado remotamente, respeitando as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do isolamento social, e é uma homenagem a todos aqueles que, ao contrário de muitas pessoas, não podem ficar confinados para se proteger da Covid-19.

Luciana Mattar, produtora executiva da Delicatessen, fala da realização. “Desde a criação, passando pela pesquisa dos personagens até a veiculação da peça, foram 21 dias de trabalho. Neste período, convidamos e selecionamos o elenco, conhecemos virtualmente suas casas, que eram as nossas locações, escolhemos os melhores espaços e ângulos para contar a história, fizemos as captações e toda a pós-produção”, relata. “Foi muito gostoso ver como todos se envolveram com o projeto e não se intimidaram pela falta de costume com a linguagem cinematográfica. Estávamos com pessoas reais, que não fazem parte do universo do audiovisual”.

Luciana Mattar é produtora executiva do filme “Fora de Casa”. A peça é uma homenagem aos profissionais que estão na linha de frente, e também busca conscientizar da necessidade do isolamento (Divulgação)

O registro é realizado do ponto de vista do universo destas pessoas, fundamentais ao funcionamento da sociedade, e principalmente em tempos de pandemia. São profissionais que estão fora de suas casas, se arriscando, em hospitais, institutos de pesquisa científica, pronto-socorros, ambulâncias e farmácias, ou fazendo entregas de alimentos, trabalhando em cozinhas hospitalares, nos mercados, na manutenção de serviços de infraestrutura essenciais, entre outros. “O desafio era encontrar pessoas que estavam trabalhando na linha de frente durante a pandemia, sem a possibilidade de ficar em casa cumprindo a quarentena. Pessoas que estão se expondo em seus locais de trabalho e garantindo que o restante da população possa ficar em casa de forma mais segura. Partindo deste princípio, no filme mostramos médicos, enfermeiras, entregadores de aplicativo, um líder de comunidade, bombeiro, motoristas de ônibus e caminhão. O primeiro contato que fizemos, foi através de uma carta convite que explicava o teor da iniciativa, e nossas escolhas foram baseadas na representatividade das profissões contempladas pela peça”, detalha Luciana.

“O desafio era encontrar pessoas que estavam trabalhando na linha de frente durante a pandemia, sem a possibilidade de ficar em casa cumprindo a quarentena para falar com a gente” (Divulgação)

A produção também apresenta uma série de entidades que estão apoiando esses profissionais na linha de frente de batalha contra o vírus e convida as pessoas a doarem ou ajudar de alguma forma. Luciana divide também, algumas dificuldades encontradas na realização de um trabalho no meio de uma pandemia. “O maior desafio foi conseguir parte do tempo dos personagens para fazer as captações. São pessoas que, muitas vezes, estão trabalhando com uma carga horária bastante superior a usual”, destaca. “Mas foi gratificante ver aqueles que foram homenageados se emocionarem com o filme, se sentirem acolhidos e prestigiados. Diante da situação que estamos vivendo, mesmo que de uma maneira micro, acreditamos que gestos como este possam ser um respiro no dia a dia das pessoas”.

“Foi gratificante ver aqueles que foram homenageados se emocionarem com o filme, se sentirem acolhidos e prestigiados. Diante da situação que estamos vivendo, mesmo que de uma maneira micro, acreditamos que gestos como este possam ser um respiro no dia a dia das pessoas” (Divulgação)

Essenciais

Muitas imagens falam e tocam mais do que palavras ou diálogos. O filme, curto e composto de cenas feitas no interior dos lares destes profissionais, nos leva para dentro dos seu universos, e vem trazer a reflexão sobre a empatia neste momento de pandemia do novo coronavírus: é um chamado para cada um fazer sua parte, ficando em casa, para que a vida possa voltar a ter aproximações físicas e a liberdade de ir e vir restaurada. Mais do que a ideia de ter uma vida de volta – porque afinal, mesmo atípica, estranha e cheia de apreensões, esta continua sendo a vida que temos – o momento nos leva à consciência que o mundo que tínhamos, é que não será mais o mesmo.

Luciana Mattar, destaca as maiores preocupações identificadas nas entrevistas. “De modo geral, a maior angústia vinha do cansaço físico e mental, da sobrecarga das horas trabalhadas e da falta de materiais de segurança. A saudade dos familiares para aqueles que estão isolados, também aparecia nas conversas”. E acrescenta: “Tivemos a oportunidade de lidar com pessoas reais, que mesmo diante de todas as adversidades que estamos passando, têm a generosidade de se expor para resguardar a saúde de toda uma comunidade. O que estamos vivendo hoje nos coloca, talvez pela primeira vez na história recente, em uma mesma posição. Claro que existem pessoas que estão vivendo essa situação de uma maneira absolutamente alheia à realidade, mas de forma geral, todos estão envolvidos por um mesmo sentimento: entender que cada um pode fazer um pouco pelo outro, isso resgata o senso de coletividade e faz com que o filme tenha um significado especial para todos que participaram”.

A produtora também destaca as entidades que apoiam esses profissionais e ajudam a dar suporte no cenário atual: “Diante da pandemia ficou muito clara a necessidade de existir um sistema de saúde capaz de atender toda a população. Daí a escolha das três entidades que apresentamos no filme. Todas estão voltadas a atender as vítimas do Covid-19, são elas, o Projeto SUS Vivo, o Fundo Emergencial para a saúde e Hospital das Clínicas. Qualquer pessoa pode acessar o link e fazer uma contribuição, independente do valor”.

Qual o maior ensinamento que tiraram desta experiência? “O tamanho da virtude que é a generosidade. Aquela em se doar e arriscar pelo o outro que é um desconhecido, em doar o seu tempo para participar do filme e, acima de tudo, enxergar a importância de estarmos juntos, em um mesmo barco, para poder ultrapassar este momento de forma menos dolorosa”. Luciana reforça que a iniciativa busca sensibilizar a população para o entendimento da necessidade, cada dia mais urgente, de ficar em casa. “E também mostrar, o quão difícil é estar fora para aqueles que não têm essa possibilidade, e o quanto este gesto deve ser respeitado. Ajudá-los a entender qual o papel de cada um dentro da sociedade”, completa.

Nós, do site HT, apoiamos a iniciativa, e agradecemos profundamente, aos profissionais que fizeram parte desta produção e estão na linha de frente: Maria Carolina Polettini Neia, Alessandro Araujo Mendes, Elisete Santos, Elias Gomes de Freitas, Marcia Nakamura, Carolina Dresch Dociatti, Bianca Baldini, Rubens Carlos da Silva, Hendy Romão Rosa, Cecília Vieira, Anserson José Moreira, Thaila Pine Gondec, Fiorino D’alessandro, Creusa Maria Pacheco, Marcia Soares Torres, Ana Letícia Mylla Olesko, Dianne do Nascimento Pinheiro, Fabiana Gonçalves, Marina Coutinho Rezende, Alan Cruz, Pedro Paulo Sousa, Hugo Santos, Vanessa Nobre Valadares, Paulo Felipe Colzani, Tathiane de almeida, Thiago Marinho Cota, Cesar Augusto Renofio Adorno, Susan Bortoletto, Ruth Sampaio Paulicci e Livia Gonçalves Marins.

E a todos que, por este Brasil afora, saem por nós. Desejamos que consigam voltar em segurança, e que tudo isso passe.

“Fora de Casa”