Cores de Frida Kahlo: Carol Castro em editorial exclusivo para o HT na Fundação Eva Klabin fala sobre feminismo, trabalho, família e muito mais


Muito querida dentro e fora das redes sociais, Carol vem aproveitando para dar luz a um talento ainda pouco conhecido do grande público, o de escritora: “Aos poucos, eu fui me abrindo e perdendo esse medo de me expor”

Chemise Número Dez by Dona Coisa | Brinco Mariah Rovery by Dona Coisa | Pulseira e colar usado como cinto Claudia Savelli by Dona Coisa | Sandália Manolita by Dona Coisa | Anel Tereza Xavier

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* Com Junior de Paula

Mais do que talento, Carol Castro tem mesmo é alma de artista. Livre das amarras impostas pela sociedade, a atriz de 32 anos usa e abusa do direito do brincar de ser. Não só pela profissão que escolheu, mas também pelo destino que decidiu traçar para si. Filha do ator Lucca de Castro e cria de grandes coxias do teatro carioca, ela sempre esteve muito familiarizada com os cheiros, texturas e sabores do palco. Afinal, era nele que Carol, ainda menina, se divertia e passava a maior parte do tempo mostrando tudo aquilo o que tinha para oferecer: a arte. E, parece que os hábitos não mudaram tanto assim ao longo de seus mais de 20 anos de carreira. Apesar de ter chamado a atenção logo que surgiu como a provocante Gracinha, de “Mulheres Apaixonadas” (2003) – seu primeiro trabalho na teledramaturgia brasileira -, Carol sempre acompanhou muito de perto o tanto de trabalho que há por trás do véu inebriante dos holofotes da fama, e, a cada degrau de sucesso alcançado, comemorou com muito fervor. Prova disso foi sua recente passagem como Iolanda pela primeira fase de “Velho Chico”, que ela mesmo destacou como um divisor de águas em sua belíssima trajetória. Agora, para quem já estava com saudades da atriz pode ficar tranquilo, porque ela segue repleta de planos para o cinema e revelou uma inquietante vontade de montar uma peça de Shakespeare no teatro. A responsabilidade é grande, mas coragem não falta. Podem apostar!

Em um editorial exclusivo para o HT e inspirado na divina Frida Kahlo – de quem Carol é admiradora eterna -, fotografado na Fundação Eva Klabin, no Rio, a atriz soltou o verbo e falou sobre sua relação com a carreira, redes sociais, família e, claro, muito feminismo. Com cliques do impecável Alex Santana, beleza de Cleide Araújo e styling da garota prodígio Aline Dias, Carol se misturou às cores da artista mexicana que é símbolo de um dos maiores movimentos que lutam pela igualdade da mulher. Assunto que muito interessa à atriz. “Estamos vivendo um período muito bom, onde diversos movimentos estão surgindo com a força total através das redes sociais – que tornam isso cada vez mais possível e abrangente. É importante a gente sempre levantar a questão da igualdade e alertar principalmente para o terror da violência contra a mulher. Eu sou bem atenta a isso tudo. Quando estava em Fernando de Noronha, por exemplo, eu cheguei a participar de uma manifestação sobre o caso de uma menina que havia sido estuprada, e a policia não deu tanta atenção para o fato. A gente tem que acabar com essas barreiras”, afirmou ela, que não acredita na exclusão masculina como solução. “Não podemos também dizer que os homens não valem nada. É importante achar um equilíbrio. Não dá para chegar ao topo dessa luta pisando no ser masculino. É importante a gente chegar nessa união de igualdade. Afinal, não é isso que a gente tanto busca?”, questionou.

E isso tem se refletido no trabalho de Carol. Tanto que neste ano, ela filmou o curta “A Violinista”, que mostra a evolução do empoderamento feminino no mundo da música clássica. No vídeo, Carol vive uma estudante de violino em um universo onde o masculino predomina e aborda questões de desigualdade de gêneros. “Recentemente, participei de um curta falando sobre o empoderamento da mulher na música clássica. Estudando esse recorte da história, entendi que os homens roubavam as obras escritas por mulheres, porque elas não podiam assinar. O que é muito louco. Agora, o legal dessa produção é que está rodando o mundo e vai concorrer em um festival na Colômbia”, ressaltou.

Vestido Carol Bessi by Via Flores | Sapato Arezzo | Brinco Lavish | Pulseira Maria Oiticica

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Empoderamento que ela mesmo busca desde muito nova. Com pais separados, ela viveu boa parte da infância e adolescência mudando de casa e de estado também. Ora passava uma temporada com a mãe, a terapeuta corporal Cecília Castello Branco, em Natal, ora se aprofundava ainda mais no mundo das artes pela influência do pai, no Rio. Apesar de todas as idas e vindas, Carol Castro sempre foi do tipo que dá valor às suas intuições. O quem vem pautando sua vida até hoje. “Eu mudei de colégio 13 vezes no total. Muito pelos pais. A cada época, eu morava um pouco com um deles. Até que fui parar em Bauru. Fiquei dois anos lá, que foi a época mais rock n’ roll da minha vida. Lá fiz piercing, tatuagem, cortei o cabelo joãozinho e pintei de todas as cores. Não tinha medo de nada”, entregou ela, que em uma dessas idas e vindas ao Rio, bateu o martelo de que realizaria o antigo sonho de ser atriz. “Assim que voltei para cá, depois de um tempo afastada dos palcos, eu sentia muita saudade do teatro. O meu pai me questionou muito quando eu disse que era isso o que eu queria, porque ele sabia de todos os altos e baixos da profissão, mas eu cresci vendo a vida real da arte. Eu sempre tive muito pé no chão. Eu não me deixo levar pelo Véu de Maya”, comentou, aos risos.

De 2003 para cá, Carol veio colecionando sucessos em seu currículo. Após o trabalho como Gracinha, a atriz atuou em produções poderosas como “Senhora do Destino”, “O Profeta”, “Amor Eterno Amor” e “Amor à Vida”, só para citar algumas. Já no teatro, sua maior paixão, Carol surpreendeu ao reviver “Dona Flor e Seus Dois Maridos” e cantar em “Nine – Um Musical Felliniano”. Coincidentemente ou não, personagens que refletem mulheres fortes, de muita opinião e que levaram a atriz a um novo lugar. “Eu acho que não mudei muito. A Carol dos 18 anos está super aqui. Claro que amadureci, faria algumas coisas diferentes, mas em nenhum momento eu neguei as minhas raízes. Eu ainda sou bem aquela menina ingênua (risos). Mas hoje me enganam um pouco menos, com 32 anos você aprende a seguir mais a intuição”, destacou. Depois de tantas realizações foi em “Velho Chico” que ela descobriu um novo fôlego para seu ofício. “Eu saio desse trabalho quase uma outra atriz. Começamos aqueles meses todos no galpão que já foi um rasgar-se, de se virar do avesso. Foi muito forte. E no decorrer teve uma cena de briga muito exaustiva que no final o diretor Luiz Fernando Carvalho me disse que eu entrava em um outro momento de atuação. E eu tinha total consciência disso. Ficou um gostinho de quero mais para mim, porque gravei apenas um mês e pouco. Me surpreendi muito com o resultado e a aceitação”, comemorou.

Pois bem, surpresa é uma palavra que vêm se tornando cada vez mais corriqueira na vida de Carol. Quando a atriz foi anunciada uma das estrelas do espetáculo “Nine – Um Musical Felliniano”, muita expectativa foi gerada. Afinal, em 2013 ela sagrou-se campeã da “Dança dos Famosos”, do “Domingão do Faustão”, e esperava-se vê-la em um grande número de canto e dança. Mas, pelo contrário, Carol apresentou uma participação de enorme carga dramática no papel de Luisa Contini, esposa de Guido Contini (Nicola Lama), cineasta italiano inspirado em Federico Fellini na versão brasileira do premiado musical da Broadway, aqui dirigida pela premiada dupla Charles Möeller e Claudio Botelho. “Essa expectativa da surpresa também aconteceu comigo no ‘Nine’. As pessoas não achavam que eu, uma atriz de televisão, fosse capaz de fazer teatro musical. Que bom que surpreendeu todo mundo e até a mim”, confessou.

Vestido Corporeum | Brinco Mariah Rovery by Dona Coisa

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Talvez por vir de uma família de artistas, Carol não se deslumbrou com a fama. Atenciosa com os fãs, ela confessou que lida bem com as redes sociais e jamais se nega a tirar uma foto com um admirador. Mas, apesar de toda a base, ela garantiu que nesse meio é preciso estar atenta aos falsos amigos. “Eu lido super bem com as redes sociais. Na verdade, nunca fui muito fanática. Mas as pessoas hoje estão esquecendo de viver o momento para ficarem filmando e tirando fotos. É um lado muito preocupante dessa nova forma de se comunicar. Eu sempre procurei interagir bem com os meus fãs. Dou muito valor quando alguém pede para tirar uma foto. É um reconhecimento. Claro que, às vezes, você está de TPM ou de mau-humor, mas mesmo assim a minha gratidão ao reconhecimento do meu trabalho é maior”, destacou ela, que por diversas vezes já assistiu colegas de profissão agirem de forma contrária. “Já vi algumas pessoas do meio sendo arrogantes e isso me machuca muito. Eu penso que jamais serei dessa forma. Eu não concordo e não é da minha natureza”, avaliou.

E quem pode confirmar isso são os mais de um milhão e meio de seguidores que a acompanham no Instagram. Muito querida dentro e fora das redes sociais, Carol vem aproveitando o espaço online para dar luz a um talento ainda pouco conhecido do grande público, o de escritora. Com o codinome C.C (que marcam as iniciais de seu nome), ela brinda seus seguidores com textos filosóficos, pensamentos ou frases poéticas. Tudo escrito por ela, claro! “Quando tinha nove anos, eu escrevi uma esquete. Eu lembro que eu li uma piada e me inspirei para adaptá-la ao teatro. Eu gosto de escrever, mas escrevia muito para mim. Do ano passado para para cá que passei a colocar mais para fora, principalmente no Instagram. Aos poucos, eu fui me abrindo e perdendo esse medo de me expor. Eu escrevia muito mais quando eu tinha mais tempo, na adolescência que se tornava uma válvula de escape. Mesmo hoje, eu releio e gosto. E é legal porque me faz uma volta no tempo e eu sinto aquelas mesmas vibrações da época”, destacou.

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Sem se envolver muito com política, ela prefere comentar muito superficialmente sobre o assunto para não gerar polêmica. Sem levantar bandeira, ela deixa implícita sua opinião. “Eu tenho as minhas convicções, mas procuro ficar fora de polêmica. Algumas vezes, nas redes sociais, as pessoas são bem fervorosas. Não sou uma Mônica Iozzi, que é uma jornalista e tem muito mais conhecimento de política do que eu. Concordo com quase tudo o que ela fala, por exemplo. Acho que só uma reforma política que iria salvar essa situação. Eu procuro ser otimista apesar de ver que está difícil. Porque se a gente não for, acabou o sentido. Precisamo de caminhos diferentes, porque o tradicional não está rolando. Agora, o que estão fazendo com a nossa educação e com a cultura é terrível. Querem tirar as artes e a educação física, matérias que fazem o indivíduo se tornar um ser pensante. É muito louco”, avaliou ela, que vê a internet como uma das principais armas da intolerância contra opiniões adversas.

“Infelizmente, ninguém pode pensar diferente, hoje em dia. Tudo vira um grande problema. E esse é o lado perigoso das redes sociais. Atrás de uma tela todo mundo é muito valente. Todo mundo tem doutorado em tudo. Eu fico um pouco preocupada com isso, porque a tendência é esse movimento crescer. A série “Black Mirror”, por exemplo, mostra muito isso. As pessoas vivendo de imagem e em busca de likes. Sendo refém dessa realidade triste. As pessoas estão perdendo a naturalidade e querendo ser aceitas por qualquer coisa”, detalhou a artista.

Vestido Shoulder | Overtop Corporeum | Colar Lavish | Anel Tereza Xavier

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Com uma vida agitada, é na fé que Carol encontra a forma de se manter com os pés no chão. Admiradora de tudo aquilo que leva ao amor, a atriz confessou que é adepta de diversas religiões. “Eu já conheci muita coisa. Minha mãe já abrigou um grupo de hare krishna, lá em Natal, por exemplo. A minha família é totalmente atípica. Já pratiquei budismo e acredito muito em Deus. Tudo vai terminar no mesmo lugar, sabe? Como se vários rios fossem desembocar no mesmo oceano. Eu sou a favor de todas as religiões e contrária a qualquer tipo de fanatismo. As pessoas usam a religião de uma maneira muito errada. Acredito no amor a Deus. Quando eu vejo que as pessoas estão orando por um amor eu entendo, mas quando pela guerra, dinheiro ou um pedaço de terra eu já fico com um pé atrás”, destacou.

Agora, quem estava com saudades de ver Carol Castro brilhando nas telinhas já pode começar a comemorar. A atriz está prestes a participar de um projeto na TV Globo, além de diversos filmes. E tudo com estreia para o ano que vem. Espia, só! “Esse ano, filmei o curta ‘Baba de Quiabo‘, um trabalho para o Canal Brasil, que trata da obra de arte do Moreira da Silva. Ele fica pronto no início de 2107. E agora surgiu um longa, que é exatamente o que eu estava esperando. Ele é diferente de tudo o que já fiz no cinema, ele leva uma carga dramática muito forte – e eu faço muita comédia e eu tenho a vontade de mudar um pouco isso também. É um filme de suspense, coisa que fazemos muito pouco. Quem dirige é o Andrucha Waddington e o roteiro é da Fernanda Torres. Eu amo a maneira que ela escreve. E no meio disso tudo ainda vou realizar o sonho de trabalhar com a Fernanda Montenegro, Lima Duarte, Felipe Camargo e o Criolo. Por enquanto se chama “O Juízo”, mas tudo pode mudar. A gente começa a rodar agora, em novembro, aqui no Rio, e vou consegui conciliar ainda com a gravação de um  episódio de “Carcereiros”, baseada no livro do Drauzio Varela“, disse ela. E quem acha que os trabalhos  param por aí, está muito enganado. A atriz ainda segue escalada para mais um longa, batizado de “O Garoto”. E a gente, lógico, segue na cola de Carol em todos os seus lançamentos.

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Equipe:

Foto: Alex Santana
Beleza: Cleide Araújo
Styling: Aline Dias
Tratamento: Octavio Duarte

Agradecimentos:

Fundação Eva Klabin
Mattoni Comunicação