Segundo Sol já vem dando o que falar antes mesmo da estreia. Grande parte desta notoriedade é fruto da expectativa de assistir novamente uma trama de João Emanuel Carneiro na qual Adriana Esteves será uma das antagonistas principais, depois do sucesso de Avenida Brasil. Mas a narrativa vai muito além deste reencontro de ouro. A novela promete seguir os passos de um bom folhetim com uma teledramaturgia rápida e envolvente e, mesmo sendo da faixa das 9, o enredo é leve e bem-humorado. “Acho que o sucesso desta trama está no fato de ser uma narrativa singela e de fácil compreensão. Será um canal de emoção direto com o público. Vai emplacar por causa disso. Enquanto isto, estou tentando esquecer um pouco a expectativa que existe ao meu redor, porque pode ser um pouco opressivo”, afirmou o autor. A previsão de estreia é para o dia 14 de maio e para começar com o pé direito, o diretor artístico e geral, Dennis Carvalho, seguiu a sua superstição pessoal e homenageou um ator e uma atriz na coletiva de imprensa de Segundo Sol que rolou ontem, nos Estúdios Globo. Dessa vez, Arlete Salles e Vladimir Brichta foram os agraciados com um buquê de flores e muitas palmas do elenco. “Não sei de onde surgiu isto, mas um dia tive esta ideia de homenagear uma atriz e um ator que gosto e que são afetivamente ligados a mim. Já fiz para Fernanda Montenegro, Tony Ramos, Gloria Pires e muitos outros”, explicou.
A narrativa começa exibindo a vida de um cantor de axé, que foi muito famoso no meio dos anos 90, mas possui uma carreira em decadência no final da década. Tudo muda quando o público descobre que a aeronave, na qual Beto Falcão, interpretado por Emílio Dantas, estava, caiu sem nenhum sobrevivente. No entanto, o rapaz havia desistido de embarcar minutos antes do avião levantar voo. Com a notícia de sua morte, seu repertório volta ao estrelato e por isto a família do artista, estimulada pelos personagens de Deborah Secco e de Vladimir Brichta, decide manter a farsa. Sendo assim, o jovem passa a viver recluso na ilha de Boiporã quando conhece o seu verdadeiro amor Luzia, vivida por Giovanna Antonelli. A partir disso, a vida de ambos os mocinhos muda para sempre. Luzia fica grávida, acha que o bebê nasceu morto quando na verdade foi roubado pelos papéis de Deborah Secco e Adriana Esteves, mata o ex-marido para defender Beto, vai para a prisão e foge do país deixando dois filhos pequenos para serem cuidados pela irmã. “Esta trama tem tudo para pegar o brasileiro de jeito, porque tem muitas histórias envolvidas e muita velocidade. Logo no primeiro bloco o Beto já morre e ressuscita. Acho que o João Manoel, modéstia parte, é um dos maiores dramaturgos brasileiros e uma das melhores partes dele é não prender a narrativa. Ele conta mesmo para o espectador tudo. Não sabemos para onde vai tudo isto, mas vem muita coisa boa por ai”, comemorou Deborah Secco.
A maldade da trama fica por conta de Karola, vivida por Deborah Secco, e Laurete, interpretada por Adriana Esteves. As duas juntas são responsáveis por sacudir tudo. “As personagens são completamente diferente e não são só vilãs, são seres humanos com as suas inseguranças e incertezas. Karola, vivida por Deborah Secco, é apaixonada pelo Beto, enquanto a Laureta, interpretada por Adriana Esteves, gosta de explorar e enganar todo mundo”, comentou Dennis Carvalho, diretor artístico e geral. João Emanuel se inspirou em várias parcerias famosas de vilania para criar esta dupla na qual uma é a mentora da outra. De certa forma, existe uma união baseada no amor e ódio, de gato e rato. “Esta divisão de responsabilidade não torna a trama mais difícil ou fácil de fazer, na verdade é só uma maneira”, explicou o autor. Dessa forma, é possível perceber que a trajetória de Laureta não tem nada a ver com a antiga antagonista de Adriana. “A Carminha era uma pessoa essencialmente dissimulada, louca e quase uma psicopata, mas se escondia por trás da face de uma mãe de família tradicional. Esta nova não. O que marca a sua personalidade é a imoralidade e o seu gosto por afrontar os outros. Sobretudo é uma mulher livre e desaforada. É uma pessoa totalmente original que não deve satisfação a ninguém e não parece amar ninguém. São papéis muito diferentes”, informou João Emanuel.
A trama é ambientada no berço do axé: a Bahia. O elenco e equipe passaram três mês viajando pelo estado para conhecer melhor o local, estudando a prosódia e costumes. “Foi maravilhoso e de uma alegria enorme. Conseguimos sentir o cheiro desta Bahia e, obviamente, ganhamos uns quilos a mais e mancha de dendê na roupa”, contou a diretora geral, Maria de Médicis. Para escrever esta trama, João Emanuel leu muito sobre o ritmo musical e assistiu muitos documentários sobre o tema. “Sempre fui à Bahia e, por gostar muito do local, tinha a vontade de contar uma história lá. Como nesta trama eu tinha um músico pensei em torná-lo um cantor de axé para poder se passar lá. Além disso, já era um gênero que eu curtia nos carnavais da adolescência. Como os anos 90 foram o auge do estilo pensei que deveria haver uma passagem de tempo a partir daquela época até agora”, afirmou. Depois que o cenário de caos é instalado na novela nos primeiros 8 capítulos, a trama pula para os dias atuais onde a personagem de Giovanna Antonelli se torna uma DJ Irlandesa famosa e acaba retornando para o Brasil para reencontrar os filhos, apesar de não contar para eles que é a progenitora. Beto, vivido por Emílio Dantas, continua morando na ilha e ganha uma dupla identidade para poder cuidar do filho com Deborah Secco, que na verdade é fruto de seu amor com Luiza.
A viagem para a Bahia não foi feita somente por diversão. Todos passaram por uma intensa rotina de gravações que culminou na captura de um material muito interessante. No entanto, a grande maioria das tomadas está sendo feita nos Estúdios Globos. “A equipe cenográfica conseguiu reproduzir bem o clima bahiano aqui no Rio. Foi feita uma pesquisa muito grande por parte do nosso departamento de arte para entender a prosódia e no gestual e isto foi passado para o elenco na preparação”, informou Dennis Carvalho. Não existe previsão para quando o elenco deve retornar ao outro estado, mas o diretor garantiu que não é inviável. “Quando der para voltarmos nós iremos, mas é muito complicado levar o elenco para lá. A logística é complicada, porém pode ser que a gente viaje uma vez por mês. No entanto, só vai dar para saber quando recebermos os capítulos”, completou.
Apesar de haver uma preocupação da produção de retratar a linguagem, os gestos e a cultural bahiana, o diretor comentou que a trama possui um caráter primordial de brasilidade. “Bahia está sendo o pano de fundo, mas a história poderia se passar tanto em Salvador como em qualquer outra grande capital. Não é algo muito regional”, comentou Dennis Carvalho.
A trama de Segundo Sol é produzida por uma equipe de ouro. Pela primeira vez, a dupla estrelada de diretores formada por Maria e Dennis está junto com o autor João Emanuel Carneiro. Este casamento por si só já garante o sucesso da narrativa. “Já faz um tempo que eu e Dennis paqueramos o João Emanuel Carneiro e agora acabou dando match. Ficamos muito felizes de poder estar fazendo esta trama com ele. E, obviamente, estou mais alegre ainda por estar mais uma vez ao lado do meu parceiro e maior companheiro que é o Dennis. Além disto, o elenco é incrível”, comemorou Maria de Médicis.
Apesar de ser uma novela que tem todas as armas para dar certo, será também uma teledramaturgia mais curta com aproximadamente 155 capítulos confirmados. “A Globo pensa em uma programação específica para cada novela e como esta vai pegar a Copa do Mundo e o horário político, acaba sendo um pouco menor. Já fiz tramas de vários tamanhos, inclusive, menores do que isto, então não é mais curta do que eu esperava”, explicou Dennis.
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