Do super-herói que quer virar ator de respeito ao concierge de hotel na Europa, começa a disputa pelo Oscar. HT analisa as barbadas!


Entre os candidatos ao maior prêmio do cinema, criança que cresceu de verdade nas telas, ruiva que já foi esnobada por Hollywood cinco vezes e um punhado de aventureiros espaciais

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood anunciou nesta quinta-feira (15/1) a lista de indicados ao Oscar de 2015, com “Birdman” (de Alejandro González Iñarritu, New Regency Pictures e outros) e O Grande Hotel Budapeste” (The Grand Hotel Budapest, de Wes Anderson, Scot Rudin Productions e outros) concorrendo a nove estatuetas cada um. Enquanto o primeiro é a própria síntese  do cinema americano e fala do drama de fazer sucesso e depois vê-lo se afastar quando os ventos sopram em outra direção, o segundo é uma deliciosa fantasia que remonta à própria origem do cinema quando usa de gags típicas do cinema mudo para contar a história sobre uma valiosa obra de arte deixada em testamento e que desaparece.

Arte imita a vida: "Birdman" repete nas telas o que aconteceu na vida real com Keaton, que foi Batman no cinema (Foto: Divulgação)

Arte imita a vida: “Birdman” repete na tela o que aconteceu na vida real com Keaton, que foi Batman no cinema (Foto: Divulgação)

Enquanto o primeiro foi bem recebido no último Festival de Veneza e ressuscita a carreira de Michael Keaton– que ganhou o prêmio de ‘Melhor ator em comédia ou musical’ no Globo de Ouro em papel que de certa forma imita seus próprios passos no cinemão –, o filme de Wes Anderson consolida de vez a curiosa trajetória do cineasta e sua peculiar forma de narrativa e arrebatou ‘Melhor filme – comédia ou musical’ na mesma noite.

Cena de "O Grande Hotel Budapeste", premiado como 'Melhor filme - Comédia ou musical" (Foto: Divulgação)

Cena do delicioso “O Grande Hotel Budapeste”, premiado como ‘Melhor filme – Comédia ou musical” no Globo de Ouro (Foto: Divulgação)

Entre ambos, também concorre a ‘Melhor filme’ “Boyhood: da infância à juventude”  (Boyhood, de Richard Linklater, IFC Productions), a narrativa com sabor de realidade que o diretor levou 12 anos para produzir, filmando uma semana por ano só para ter aquele gostinho de veracidade, já que o protagonista Ellar Coltrane de fato foi crescendo ao longo das filmagens, assim como foram envelhecendo nesse período Ethan Hawke e Patricia Arquette – que interpretam seus pais no longa-metragem e concorrem às respectivas categorias coadjuvantes.

Cumberbatch, Birdman, Boyhood e Moore:: possíveis barbadas no Oscar 2015 (Fotos: Divulgação)

Cumberbatch, Birdman, Boyhood e Moore:: possíveis barbadas no Oscar 2015 (Fotos: Divulgação)

E, se os olhos do grande público se voltam sobretudo para estas três produções, os cinéfilos já fazem suas apostam em relação a algumas questões. A prmeira delas, sem dúvida, é a possibilidade do estimado Benedict Cumbetbatch levar o prêmio de ‘Melhor ator’ para casa por “O jogo da imitação” (The imitation Game, de Andrew Hodges, Black Bear Productions e outro), já que o Globo de Ouro acabou esnobando sua indicação. O ator inglês, que interpretou Sherlock Holmes em seriado britânico e vem rapidamente galgando os degraus da fama, pareceu visivelmente incomodado na cerimônia do último domingo (12/1) quando perdeu para outro inglês em ascensão, Eddie Redmayne, a categoria ‘Melhor ator em drama’. Redmayne também está fabuloso em “A teoria de tudo” (The Theory of Everything, de James Marsch, Working Title Films), dando a entender que a coisa vai esquentar na terra da Rainha Elizabeth II.

Cumberbatch em "O Jogo da Imitação": performance arrebatadora e forte candidato a roubar o prêmio de 'Melhor Ator' de Michael Keaton (Foto: Divulgação)

Cumberbatch em “O Jogo da Imitação”: performance arrebatadora e forte candidato a roubar o prêmio de ‘Melhor Ator’ de Michael Keaton (Foto: Divulgação)

Entre  as mulheres, tudo aponta  Julianne Moore como a barbada desta temporada, já que a ruiva concorreu cinco vezes à estatueta e voltou para a casa de mãos abanando (entenda melhor o momento favorável à atriz aqui). Mas isso não é regra, todos sabem. O que se pode especular é que, entre suas concorrentes, a sempre ótima Marion Cotillard – que está no páreo por “Dois dias, uma noite” (Deux jours, une nuit”, de Jean-Pierre Dardenne, Les Films de Fleuve e outros) –  já foi contemplada antes como ‘Melhor Atriz” por “Piaf – um hino de amor” (La Môme, de Oliveier Dahan, Légende Films e outros, 2007) e as demais candidatas – Rosamund Pike, Reese Witherspoon e Felicity Jones – estão muito bem em seus respectivos filmes, mas não têm tanta projeção quanto Julianne, que caminha, grosso modo, na direção em que Meryl Streep ocupa hoje em Hollywood.

JUlianne Moore: depois de duas décadas jejuando, possibilidade de se empanturrar com o Oscar por "Still Alice" (Foto: Divulgação)

Julianne Moore: depois de duas décadas jejuando, possibilidade de se empanturrar com o Oscar por “Still Alice” (Foto: Divulgação)

Mas acreditar que a Academia seria necessariamente boazinha a ponto de dar agora o esperado reconhecimento à atriz seria crer em carochinha, e gente de talento reconhecido como Leonardo DiCaprio sabe bem disso. Instituição das mais cruéis, o cinema americano é duro feito caubói talhado a ferro e fogo e já deu muita bandeira, se revelando inclusive como terra de Marlboro em filmes em que se retrata da pior forma possível, como em “Crepúsculo dos deuses” (Sunset Boulevard, de Billy Wilder, Paramount, 1950). Portanto, esperar bondade de Hollywood e contar que agora Julianne vai ganhar é o mesmo que acreditar que a Madre Teresa de Calcutá vai descer do céu em plena celebração para arriscar um sapateado esperto com Mickey Rooney.

Este, por sinal uma instituição da Era de Ouro, vai dividir com Robin Williams, James Garner e Lauren Bacall as principais atenções na hora que subir a música melodramática para anunciar quem passou desta para melhor. Entre todos os rostinhos nostálgicos que aparecerão na telona enquanto a orquestra avança e a plateia se debulha em saudosas lágrimas, quem será aquele dos quatro que será o último a fechar o bloco de homenagens póstumas no vídeo pré-editado? HT arrisca Robin pelo impacto que sua morte causou na mídia.

Rooney: uma das carreiras mais longevas dee Hollywood e a façanha de ter levada Ava Gardner ao altar (Foto: Repropdução)

Rooney: uma das carreiras mais longevas de Hollywood e a façanha de ter levado a estonteante Ava Gardner ao altar (Foto: Repropdução)

No mais, alguns telecatchs são previsíveis: na disputa por ‘Melhor figurino’, Milena Canonero (“O Grande Hotel Budapeste”) e Colleen Atwood (“Caminhos da Floresta”) são figurinhas fáceis na cerimônia. Ma,s correndo por fora, Jacqueline Durran mandou muito bem em “Sr. Turner” (Mr. Turner, de Miek Leigh, Focus Features Internacional e outros), o belíssimo longa sobre o pintor William Turner, que também concorre merecidamente a ‘Melhor design de produção’ (ou direção de arte). Aliás, Timothy Spall, que interpretou o artista com propriedade, foi esquecido pelos membros da Academia na lista de indicados. Merecia concorrer.

"Mr. Turner": surpreendente reconstituição do período vitoriano em produção que evoca diretores britânicos clássicos como James Ivory, David Lean e Anthony Minghella (Foto: Reprodução)

“Mr. Turner”: surpreendente reconstituição do período vitoriano em produção que evoca diretores britânicos clássicos como James Ivory, David Lean e Anthony Minghella (Foto: Reprodução)

Por fim, como Hollywood é mais esperta que raposa de desenho animado, o filão de maior lucro na indústria não ficou de fora: os super-heróis e aventureiros intergalácticos invadem o Teatro Dolby quando disputam na base dos raios ômega e lasers espaciais a categoria ‘Melhores efeitos visuais’. Concorrem mutantes (“X-Men: dias de um futuro esquecido”), uma lenda da Segunda Guerra Mundial (“Capitão América 2: o soldado inveernal”), um time de mercenários do espaço sideral (“Guardiões da Galáxia”), primatas super inteligentes (“O Planeta dos Macacos: o confronto”) e aventureiros em cruzada para salvar a Terra (“Interestelar”). Agora resta esperar o próximo 22 de fevereiro, noite da premiação.

Confira abaixo a lista de indicados:

Melhor filme

“Sniper americano”
“Birdman”
“Boyhood: da infância à juventude”
“O grande hotel Budapeste”
“O jogo da imitação”
“Selma”
“A teoria de tudo”
“Whiplash”

Melhor diretor

Alejandro Gonzáles Iñárritu (“Birdman”)
Richard Linklater (“Boyhood”)
Bennett Miller (“Foxcatcher: Uma história que chocou o mundo”)
Wes Anderson (“O grande hotel Budapeste”)
Morten Tyldum (“O jogo da imitação”)

Melhor ator
Steve Carell (“Foxcatcher”)
Bradley Cooper (“Sniper americano”)
Benedict Cumberbatch (“O jogo da imitação”)
Michael Keaton (“Birdman”)
Eddie Redmayne (“A teoria de tudo”)

Melhor ator coadjuvante

Robert Duvall (“O juiz”)
Ethan Hawke (“Boyhood”)
Edward Norton (“Birdman”)
Mark Ruffalo (“Foxcatcher”)
JK Simons (“Whiplash”)

Melhor atriz

Marion Cotillard (“Dois dias, uma noite”)
Felicity Jones (“A teoria de tudo”)
Julianne Moore (“Para sempre Alice”)
Rosamund Pike (“Garota exemplar”)
Reese Whiterspoon (“Livre”)

Melhor atriz coadjuvante

Patricia Arquette (“Boyhood”)
Laura Dern (“Livre”)
Keira Knightley (“O jogo da imitação”)
Emma Stone (“Birdman”)
Meryl Streep (“Caminhos da floresta”)

Melhor filme em língua estrangeira
“Ida” (Polônia)
“Leviatã” (Rússia)
“Tangerines” (Estônia)
“Timbuktu” (Mauritânia)
“Relatos selvagens” (Argentina)

Melhor documentário
“O sal da terra”
“CitizenFour”
“Finding Vivian Maier”
“Last days”
“Virunga”

Melhor documentário em curta-metragem 

“Crisis Hotline: Veterans Press 1”
“Joanna”
“Our curse”
“The reaper (La Parka)”
“White earth”

Melhor animação
“Operação Big Hero”
“Como treinar o seu dragão 2”
“Os Boxtrolls”
“Song of the sea”
“The Tale of the Princess Kaguya”

Melhor animação em curta-metragem
“The bigger picture”
“The dam keeper”
“Feast”
“Me and my moulton”
“A single life”

Melhor curta-metragem em ‘live-action’
“Aya”
“Boogaloo and Graham”
“Butter lamp (La lampe au beurre de Yak)”
“Parvaneh”
“The phone call”

Melhor roteiro original
Alejandro G. Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris Jr. e Armando Bo (“Birdman”
Richard Linklater (“Boyhood”)
E. Max Frye e Dan Futterman (“Foxcatcher”)
Wes Anderson e Hugo Guinness (“O grande hotel Budapeste”)
Dan Gilroy (“O abutre”)

Melhor roteiro adaptado
Jason Hall (“Sniper americano”)
Graham Moore (“O jogo da imitação”)
Paul Thomas Anderson (“Vício inerente”)
Anthony McCarten (“A teoria de tudo”)
Damien Chazelle (“Whiplash”)

Melhor fotografia
Emmanuel Lubezki (“Birdman”)
Robert Yeoman (“O grande hotel Budapeste”)
Lukasz Zal e Ryszard Lenczewski (“Ida”)
Dick Pope (“Sr. Turner”)
Roger Deakins (“Invencível”)

Melhor edição
Joel Cox e Gary D. Roach (“Sniper americano”)
Sandra Adair (“Boyhood”)
Barney Pilling (“O grande hotel Budapeste”)
William Goldenberg (“O jogo da imitação”)
Tom Cross (“Whiplash”)

Melhor design de produção
“O grande hotel Budapeste”
“O jogo da imitação”
“Interestelar”
“Caminhos da floresta”
“Sr. Turner”

Melhores efeitos visuais
Dan DeLeeuw, Russell Earl, Bryan Grill e Dan Sudick (“Capitão América 2: O soldado invernal”)
Joe Letteri, Dan Lemmon, Daniel Barrett e Erik Winquist (“Planeta dos macacos: O confronto”)
Stephane Ceretti, Nicolas Aithadi, Jonathan Fawkner e Paul Corbould (“Guardiões da Galáxia”)
Paul Franklin, Andrew Lockley, Ian Hunter e Scott Fisher (“Interestelar”)
Richard Stammers, Lou Pecora, Tim Crosbie e Cameron Waldbauer (“X-Men: Dias de um futuro esquecido”)

Melhor figurino
Milena Canonero (“O grande hotel Budapeste”)
Mark Bridges (“Vício inerente”)
Colleen Atwood (“Caminhos da floresta”)
Anna B. Sheppard e Jane Clive (“Malévola”)
Jacqueline Durran (“Sr. Turner”)

Melhor maquiagem e cabelo

Bill Corso e Dennis Liddiard (“Foxcatcher”)
Frances Hannon e Mark Coulier (“O grande hotel Budapeste”)
Elizabeth Yianni-Georgiou e David White (“Guardiões da Galáxia”)

Melhor trilha sonora

Alexandre Desplat (“O grande hotel Budapeste”)
Alexandre Desplat (“O jogo da imitação”)
Hans Zimmer (“Interestelar”)
Gary Yershon (“Sr. Turner”)
Jóhann Jóhannsson (“A teoria de tudo”)

Melhor canção
“Everything is awesome”, de Shawn Patterson (“Uma aventura Lego”)
“Glory”, de John Stephens e Lonnie Lynn (“Selma”)
“Grateful”, de Diane Warren (“Além das luzes”)
“I’m not gonna miss you”, de Glen Campbell e Julian Raymond (“Glen Campbell…I’ll be me”)
“Lost Stars”, de Gregg Alexander e Danielle Brisebois (“Mesmo se nada der certo”)

Melhor edição de som
Alan Robert Murray e Bub Asman (“Sniper americano”)
Martín Hernández e Aaron Glascock (“Birdman”)
Brent Burge e Jason Canovas (“O hobbit: A batalha dos cinco exércitos”)
Richard King (“Interestelar”)
Becky Sullivan e Andrew DeCristofaro (“Invencível”)

Melhor mixagem de som

John Reitz, Gregg Rudloff e Walt Martin (“Sniper americano”)
Jon Taylor, Frank A. Montaño e Thomas Varga (“Birdman”)
Gary A. Rizzo, Gregg Landaker e Mark Weingarten (“Interestelar”)
Jon Taylor, Frank A. Montaño e David Lee (“Invencível”)
Craig Mann, Ben Wilkins e Thomas Curley (“Whiplash”)