E você com seu gasto de energia elétrica? Série “Tá ligado?” debate tema com empoderamento de atriz jovem e negra


Apresentada pelos atores Carol Tavares e Bruno Henrique, a atração, exibida no canal Futura, usa a criatividade para mostrar que reduzir o gasto com energia elétrica pode ser divertido. “Além de explicar um tema árido de forma bem-humorada, fizemos questão de mostrar nosso posicionamento. O fato de termos uma apresentadora negra que interpreta uma cientista marca esse lugar da mulher que tem curiosidade sobre o universo da engenharia, da biologia”, diz a diretora-geral Susanna Lira

*Por Simone Gondim

Oficialmente, a série “Tá ligado?”, exibida pelo canal Futura, mistura documentário e ficção para falar de sustentabilidade e maneiras de reduzir o gasto de energia elétrica. Nas entrelinhas, contudo, vem um recado ainda mais importante: a atriz Carol Tavares, mulher jovem e negra, é uma das apresentadoras, na pele de uma Youtuber que tem um canal sobre ciência. “Além de explicar um tema árido de forma bem-humorada, fizemos questão de mostrar nosso posicionamento. O fato de termos uma apresentadora negra que interpreta uma cientista marca esse lugar da mulher que tem curiosidade sobre o universo da engenharia, da biologia”, diz a diretora-geral Susanna Lira. “E elas dão um show. Não só a personagem, mas também as meninas que entrevistamos nos projetos”, acrescenta.

Para comandar o dia a dia da produção dos 26 episódios, também foi chamada uma mulher, a diretora Muriel Alves, que já havia trabalhado com Susanna no documentário “Torre das donzelas”, só que na função de roteirista. Gravada antes da pandemia causada pelo novo coronavírus, a série “Tá ligado?” percorreu mais de 20 cidades brasileiras durante um ano, trazendo uma visão panorâmica e plural sobre a questão energética. Por meio de uma linguagem que foge do jargão técnico, são mostradas experiências bem-sucedidas envolvendo o uso mais eficiente de energia.

Os jovens atores Bruno Henrique e Carol Tavares são os apresentadores da série “Tá ligado?” (Foto: Sofia Paschoal)

Susanna Lira conta que um dos maiores desafios ao longo das gravações era equilibrar a narrativa dos personagens com o desejo da equipe de dar mais destaque ao modo como os projetos funcionavam. “As pessoas queriam falar muito sobre seus projetos, enquanto nós queríamos mostrar a coisa acontecendo. Quando você não vê aquilo em ação, é mais difícil de entender o que está sendo contado e acaba ficando chato para quem assiste”, afirma.

No primeiro episódio, a visita a uma escola em Santa Bárbara D’Oeste, no interior de São Paulo, mostra uma aula prática do projeto “Pedal sustentável”, criado pelo engenheiro José Carlos Armelin. A ideia é despertar a consciência energética: usando bicicletas acopladas a geradores, os estudantes produzem energia suficiente para acender lâmpadas, ligar ventiladores e recarregar celulares. “A série simplifica a linguagem para que as pessoas percebam imediatamente do que estamos falando”, ressalta Susanna.

“O fato de termos uma apresentadora negra que interpreta uma cientista marca esse lugar da mulher que tem curiosidade sobre o universo da engenharia, da biologia”, diz Susanna Lira (Foto: Divulgação)

Outros lugares mostrados na série são o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, que promove diversas ações de eficiência de energia em um equipamento cultural de grande porte, e uma escola na Zona Oeste carioca, cuja proposta é mudar todo o padrão de consumo dos alunos. Eles usam água de chuva nos banheiros, plantam na horta do colégio o que vão comer e têm um telhado ecológico, que melhora o isolamento térmico. “A sustentabilidade entra naturalmente no cotidiano deles e se multiplica. Um aluno desses vai para casa e não consegue lidar com as questões de energia da mesma forma”, acredita Susanna.

O público também vai descobrir o que são os ZEB (Zero Energy Buildings), prédios que usam apenas fontes renováveis para suprir suas necessidades, como o edifício do SEBRAE em Cuiabá (MT), um dos primeiros do tipo no Brasil. Ao longo da temporada, serão abordados temas como agricultura digital, cidades inteligentes, veículos elétricos, estações de metrô movidas a energia solar, biogás doméstico e novas formas de geração de energia, além da eficiência energética no cinema e até na fabricação de jeans, um dos maiores vilões da indústria têxtil no que se refere ao consumo de água.

Energia sustentável é a meta (Imagem de PIRO4D por Pixabay)

As gravações da parte de ficção, estrelada por Carol Tavares e Bruno Henrique, foram feitas em uma semana. A dupla de apresentadores fica em um cenário simples e colorido, que remete a um laboratório caseiro. Efeitos gráficos com estética influenciada por histórias em quadrinhos e pop art ajudam a ilustrar a narrativa, que mistura imagens de estúdio, material das externas e entrevistas feitas por celular e tablet.

A série “Tá ligado?” faz parte do projeto “Energia que transforma”, uma iniciativa multiplataforma que oferece conteúdo audiovisual no canal Futura, hotsite com atividades educativas, podcast e jogo para celular e computador – todos com acesso gratuito. O programa é uma realização da Eletrobras, desenvolvida pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), em parceria com a Fundação Roberto Marinho. Os episódios têm duração média de 14 minutos, vão ao ar às quintas-feiras, às 21h30, no Futura, e já estão todos disponíveis no Futura Play.