*Por Brunna Condini
Para quem deseja ter momentos de respiro da realidade tensa que vivenciamos ultimamente, uma fuga para uma ficção mais leve, pode ser bem-vinda. E é com este intuito que a novela “Flor do Caribe” (2013) vai ser reprisada, em edição especial, a partir de 31 de agosto, no horário das 18h, na Globo. A trama de Walther Negrão, tem direção artística de Jayme Monjardim, traz paisagens paradisíacas do Rio Grande do Norte e da Guatemala, muito romance, aventura, e também Grazi Massafera em sua segunda protagonista, a mocinha Ester, formando um triângulo amoroso com Henri Castelli e Igor Rickli.
Em coletiva virtual, nesta terça-feira, Grazi, Jayme Monjardim e parte do elenco conversaram sobre a volta da trama, as lembranças do set, e a experiência de oito anos que separam a produção deste 2020. Direto da sua casa, no Rio de Janeiro, Grazi Massafera exaltava a escolha da novela para este momento. “É uma história solar, tem leveza. E foi especial para mim, foi minha segunda protagonista. Na verdade, foi quando me apaixonei pela profissão. Naquela época ainda não tinha descoberto como trabalhar com paixão, sem sofrer”, recorda a atriz, que havia feito sua primeira protagonista em “Negócio da China” (2008), e antes disso, fez sua estreia em “Páginas da Vida” (2006), também sob a direção de Monjardim. “Em “Flor do Caribe” estava à flor da pele, tinha acabado de ter minha filha, Sofia. Sei que vou sofrer vendo algumas cenas, vai ser a primeira vez que estou assistindo. Mas essa novela é especial para esse momento. Vai trazer coisas boas”.
A atriz revela que também tinha dificuldade com a rotina de gravações com uma filha pequena. Na época Sofia tinha 1 ano. “O trabalho de protagonista é pesado. Gravava sem parar, até emagreci. Mas fui aprendendo a curtir. A Sofia era o mascotinho da novela. No início viajávamos muito. Tinha mais tempo para ficar com ela, que é geminiana, então adora viajar. Mas na hora que a novela foi para o ar, aí sofri, porque tinha menos tempo para ficar com ela. Sou canceriana: o primeiro ano da Sofia entrei em pânico, porque saia e voltava e ela estava dormindo. Sofri bastante. Daí lembrei que quando a minha mãe trabalhava como boia-fria, eu sofria com ela saindo. No entanto, isso me fortaleceu. Sentia a força dela, do quanto trabalhava, e só veio somar na minha memória afetiva. Acho que vai somar para a Sofia”. E pondera: “Mas se quiser ter outro filho um dia, só não vou aceitar fazer uma protagonista ao mesmo tempo”.
Nestes anos, Grazi cresceu como atriz e se encantou com a profissão. Dois anos separam “Flor do Caribe”, de “Verdades Secretas”, que a presenteou com a personagem Larissa, e com uma performance digna de indicação ao Emmy Internacional. “Antes usava muito as minhas emoções, sentia falta de construir uma personagem, de descolar de mim. Ali comecei a tatear isso, que me levou à Larissa, minha personagem seguinte. Com ela senti isso muito potente, até porque tinha uma questão social. Mas em “Flor do Caribe”, estava aprendendo, ainda era o meu ego, o que não é ruim, o ego também faz você produzir”, analisa. “Hoje em dia penso muito no legado que vou deixar quando pego um trabalho. Para minha filha, para as pessoas que gosto”.
Feliz com a reprise da novela, Grazi também vibra por ser a segunda novela que vai poder assistir com a filha Sofia. “A gente viu “Bom Sucesso” (2019) e se divertiu muito. Vai ter um gosto especial assistir com ela agora, hoje com 8 anos. Vai ter pipoca e vai ser um momento gostoso nosso, no meio de tudo que estamos vivendo”.
Família de sangue e de arte
Jayme Monjardim, que se tornou avô dia 20 deste mês, falou ao site da experiência. A pequena Flora é filha da sua mais velha, Maria Fernanda Monjardim. “Ela é linda, parece muito com a mãe, Maria. É lógico que é um momento muito delicado. Acredito que todos nós estamos vivendo um momento único no planeta, no Brasil e no mundo inteiro. Um momento que temos que refletir muito, tomar muitos cuidados, colocar nossa segurança em primeiro lugar porque tudo que a gente fizer pode atingir outras pessoas… não usar máscaras, não tomar cuidados”, diz o diretor, referindo-se ao cenário de pandemia do coronavírus.
“Foi muito impressionante até a relação da maternidade, que só deixava entrar duas pessoas por vez. Todos estão muito conscientes desse novo mundo que se aproximou de nós e estamos tentando conviver. Então, ser avô num momento desses tem um lado muito ruim, que é o da pandemia, mas por outro lado, tem o lado das precauções, com a necessidade de usar esse novo estilo de vida, com máscara, álcool gel, lavar a mão sempre, manter tudo bastante protegido, as precauções. Talvez seja um ensinamento para que tenhamos mais cuidados com as coisas. A minha neta é linda, estou me sentindo uma pessoa muito feliz. Aos 64 anos, minha primeira netinha. E agora vem o Antônio, que é filho do Jayminho (Jayme Matarazzo anunciou no Dia dos Pais, que será pai ao lado da mulher Luiza Tellechea Matarazzo). Então, eu estou muito bem no meio desse ano que foi tão difícil… eu tive pelo menos essa luz, de ter a minha Flora”.
Durante a coletiva digital, o diretor não poupou elogios aos atores presentes Juca de Oliveira, Luiz Carlos Vasconcellos, Cyria Coentro e Rita Guedes: “Normalmente, quando uma novela tem viagem no roteiro, eu proponho já começar pela viagem. Isso consolida o grupo, a família que isso vira. Fazer uma novela é muito difícil, conceituar e manter no ar seis capítulos por semana. A viagem consolida essa equipe como corpo único, porque novela é dedicação por um ano pelo menos. A ideia é que o público vibre, entre no que estamos fazendo. Sou apaixonado pelos meus atores. Vários destes que estão aí, já trabalhei muitas vezes. Sou entregue a eles. Sem eles é impossível contar uma história”.
E aproveita para fazer um elogio público à Grazi Massafera: “Ela é uma vencedora. Estive no primeiro trabalho dela, em uma novela do Maneco (Manoel Carlos, em “Páginas da Vida”), depois em “Flor do Caribe”, e ela não mudou nada. Continua sendo a Grazi linda, humilde, bacana. Quero publicamente dar os parabéns pelo seu crescimento profissional. Grazi continua a mesma menina incrível”.
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