Com Thiago Pethit e Ana Cañas, “Amores Urbanos” aborda homossexualidade, exagero com bebidas alcoólicas e a temida crise dos 30 anos


Longa marca a estreia da diretora Vera Egito: “A gente tem que continuar fazendo filme sobre gay, aborto e liberdades individuais”

O primeiro filme a gente nunca esquece! O longa “Amores Urbanos”, que tem direção da caloura Vera Egito e estreia prevista para esta quinta-feira (19/05), reflete uma juventude que tem tudo para dar certo, mas se vê perdida em meio aos excessos de uma grande variedade de festas, álcool e os terríveis fantasmas da crise dos 30 anos. Durante a pré-estreia, ocorrida ontem (16/05), no Estação Net Gávea, na urbe carioca, o elenco se reuniu para assistir a primeira exibição da montagem e nós, do HT, lógico, estávamos por lá!

(Foto: Gianfranco Briceño Arévalo)

(Foto: Gianfranco Briceño Arévalo)

Ambientado em São Paulo, o enredo se passa em torno de três amigos que moram no mesmo prédio e lutam para vencer seus dramas pessoais. Cada um tem o seu. Além da forte amizade, Diego (Thiago Pethit), Júlia (Maria Laura Nogueira) e Micaela (Renata Gaspar) dividem momentos cruciais de suas existências. Micaela é lésbica, mas sua namorada (Ana Cañas) não está preparada para assumir a sexualidade. Júlia foi abandonado pelo futuro marido e, além de grávida,  se encontra no limbo profissional. Já Diego também é gay e tem de lidar com um difícil impasse com seu namorado: um preza pelo conceito de amores livres, enquanto o outro pensa em casamento. Complicado, né? Nem tanto assim! A diretora Vera Egito explica melhor pra gente o conceito do filme.

“Me perguntaram por que eu escolhi uma temática gay. Respondi: ‘Olha, para mim não existe temática gay. Existe relacionamento, amor, tesão, medo, frustração. Independente se é um homem e uma mulher, se é a três. Não existe filme gay. As sensações são as mesmas. Não existe amor gay. Existe amor. Eu retratei a vida dos meus amigos como ela é”, revelou ela, em exclusiva pra gente, que você pode ler aqui.

Renata Gaspar, Thiago Pethit, Vera Egito e Maria Laura Nogueira (Foto: Agnews)

Renata Gaspar, Thiago Pethit, Vera Egito e Maria Laura Nogueira (Foto: Agnews)

Apesar do baixo orçamento, o filme cumpre o seu papel e abre discussão para temas polêmicos como aborto e o poliamor. “Acho importante a gente trazer esses assuntos em voga. Além de tocar nesses pontos, que eu acho primordiais para uma sociedade bacana, é legal a gente estar atualizando a questão das minorias. O filme tem um recorte de uma cena, mas que no fundo são assuntos humanos”, disse o cantor e ator Thiago Petith. “É engraçado a gente perceber que em 2016 a gente ainda ache que a homossexualidade seja um tabu”, completou.

A noite, aliás, é um cenário constante no longa de Egito – daí o ocasional sexo sem compromisso, as quantidades cavalares de álcool e a necessária comfort food para curar a ressaca e o coração partido. Curiosamente, a geração mostrada no longa é uma que se entende muito bem com o próprio corpo e o próprio mundo, mas tem dificuldade para se comunicar com o outro. A comida é saudável, o trabalho é por amor, a relação com a cidade é íntima, mas os diálogos são cifrados e cheios de impasses.

A diretora Vera Egito e Ana Cañas (Foto: AgNews)

A diretora Vera Egito e Ana Cañas (Foto: AgNews)

A cantora Ana Cañas, que vive uma lésbica um tanto quanto enrustida, comenta sobre sua estreia nas telonas. “Eu estudei artes cênicas, mas me envolvi com a música e deletei. A Vera, que é muito minha amiga, disse que tinha uma cena que eu podia cantar e eu topei”, brinca ela. “Foi emocionante ver o trabalho pronto. Eu sou uma apaixonada pelo cinema e tenho uma relação muito profunda. Eu aceitei fazer o filme também, porque eu acho super importante, por exemplo, discutir essa personagem que é uma atriz em ascensão, mas que não assume a namorada gay. E recentemente tivemos a atriz Ellen Page que assumiu sua homossexualidade e viveu a vida escondendo suas namoradas. É um assunto que é mais comum do que a gente pode imaginar. Acho muito importante discutir e debater isso”, revelou a cantora e atriz.

A diretora, no mesmo passo, ressalta o preconceito da sociedade. “O Brasil é um país machista e homofóbico. Mas é um país, também, com muita resistência. São Paulo e o Rio de Janeiro, principalmente, têm uma resistência forte. E o amor – aquele andar de mão dada e beijar na rua – é um ato de resistência. É uma postura combativa que eu apoio total. Tem que chocar mesmo. Aliás, estão se chocando porque são loucos, porque têm problemas. A gente têm que continuar fazendo filme sobre gay, sobre aborto, sobre as liberdades individuais. Agora é o momento, mais que nunca. Meu filme é de amor”, destacou.

amores urbanos 3

Já a Renata Gaspar, que também pode ser vista em “Chapa Quente”, da Rede Globo, confessa que fazer cenas picantes e de nudez não foi nenhum desafio para ela. “Eu adoro ficar pelada”, destaca, aos risos. “Isso faz parte do trabalho do ator. A nudez faz parte de um contexto poético dentro da história. Eu ainda acho que essas questões de feminismo e homossexualidade devem ser tratadas muito naturalmente. Não devem ser uma questão”, avaliou.

“Amores Urbanos” aborda, com humor e sensibilidade, esse paradoxo que define a juventude de hoje: a vontade de resgatar valores do passado com a necessidade de manter o ritmo do presente – e com todas as pressões que vêm com uma idade que já não significa o mesmo que significava nos tempos de seus pais e avós.

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