Astro da dramaturgia dos anos 1990 e 2000, João Vitti é mais um dos artistas engajados na ONG Turma do Bem, do cirurgião-dentista Fábio Bibancos. Fã e reconhecedor da importância da iniciativa, o ator marcou presença no Sorriso do Bem de 2016, evento anual da organização que premia os profissionais da odontologia mais engajados nas causas sociais e realizado em Poços de Caldas (MG). Em entrevista a HT, João Vitti contou que o seu envolvimento com a Turma do Bem é de longa data. “Eu conheço o Fábio Bibancos e o projeto há muitos anos, mas eu comecei a me envolver de fato com a ONG em 2011. De lá para cá, eu participo, divulgo e sou porta-voz desta iniciativa que eu considero maravilhosa e extremamente humana”, explicou.
Com tantas ONG’s pelo Brasil e pelo mundo, o ator destacou o motivo que determinou seu engajamento na iniciativa de Fábio Bibancos. Segundo ele, dentre todas as razões, a possibilidade de devolver a felicidade em forma de sorriso saudável para uma criança ou para uma mulher vítima de violência é a mais importante. “Eu acho que a ação mais nobre que um ser humano pode proporcionar ao outro é o resgate da dignidade. E, para mim, você poder devolver um sorriso e permitir que alguém se alimente e coma bem é sensacional. O que eu mais admiro na Turma do Bem é a postura dos dentistas voluntários, que saem do panorama capitalista na qual a nossa sociedade está inserida para compartilhar conhecimento e amor com esses pacientes. A relação que eu vejo, principalmente no que diz respeito aos profissionais que eu conheço de maneira mais próxima, é de extrema afetividade e profunda humanidade, além de valorizar e dignificar a outra vida. Então, eu acho que se todos tivessem esse entendimento no coração em relação às outras pessoas, nós viveríamos em um mundo de segurança, tranqüilidade e paz, em que seríamos todos felizes e prósperos”, idealizou.
E por falar neste panorama de felicidade e prosperidade, João é só alegria quando o assunto é o sobrenome Vitti no mundo da arte. Além de seguir com a sua carreira de ator com diversos projetos, ele ainda comemora o sucesso dos filhos na dramaturgia brasileira. Caso não tenha relacionado os sobrenomes, João Vitti é pai de Rafael e Francisco Vitti, que são promessas e símbolos da nova geração da Globo. Antes de contar sobre os trabalhos e o orgulho de acompanhar os filhos seguindo o mesmo caminho que trilha desde os anos 1980, João adiantou sobre seus próximos trabalhos. “Eu acabei de fazer um episodio na série ‘Questão de Família’. E esta oportunidade foi muito legal, porque eu tive a chance de realizar um sonho, que era trabalhar com o Sérgio Rezende, que é um cineasta que eu admiro e respeito muito há bastante tempo. Fora essa série, a partir de meados de novembro, eu vou gravar outro seriado de três episódios para a MTV chamado ‘Perrengue’. Na trama, eu interpreto um pai, ex-surfista, dono de uma loja de material de surfe e que tem dois filhos jovens. A série se passa e aborda toda essa questão do relacionamento com os adolescentes e mais jovens com algumas intervenções dos adultos”, contou sobre o seriado que estreia em março de 2017.
Assim como na ficção, na vida real João Vitti também tem dois filhos jovens. Casado com a também atriz Valéria Alencar, que atualmente está no ar em “A Terra Prometida”, o ator contou que acompanha orgulhoso o trabalho de Rafael e Francisco. “Eu estou muito feliz vendo meus filhos crescendo na profissão, se tornando independentes, ajuizados e conquistando os respectivos espaços”, disse João que logo fez questão de apresentar os prodígios da televisão brasileira. Como se precisasse, né? “O Rafael se revelou na ‘Malhação – Sonhos’, depois fez a série ‘Não se apega, não’ no Fantástico, em que eu também participei, atuou da primeira fase de ‘Velho Chico’ como o genro do personagem do Rodrigo Santoro, filmou o ‘Saltimbancos Trapalhões’ com o Renato Aragão, que entra em cartaz em janeiro, atuou em duas peças de teatro nesse meio tempo e, agora, está em ‘Rock Story‘ como o Léo Régis”, listou os trabalhos do filho mais velho que hoje brilha na novela das 19h da Globo com apenas 23 anos.
Quando o assunto é o caçula Francisco Vitti, João também não economizou na hora de listar o currículo estrelado. Porém, como destacou o pai coruja, o filho mais novo optou por uma carreira mais voltada para as telonas. “Ele já fez vários curtas e alguns longas, como o filme ‘Filhos de Bach’, que foi gravado na Alemanha. Na televisão, ele fez ‘Malhação Seu Lugar no Mundo’, que foi um trabalho bem legal. Nessa experiência, o personagem dele morreu no final e, nós que acompanhamos o resultado pelo Twitter, ficamos super felizes com a repercussão e a comoção que teve. Agora, ele está com um canal no Youtube, o ‘ChicoMeu’, de gastronomia prática e rápida para os jovens se virarem na cozinha. Fora isso, ele ainda abriu uma produtora e vai fazer o clipe do Evandro Mesquita”, contou. Uau!
Conhecedor há 30 anos do mundo das artes no Brasil, João Vitti contou que é possível viver da profissão no nosso país. No entanto, para driblar as dificuldades e os obstáculos da carreira, o experiente ator revelou que precisou aceitar trabalho que, se pudesse, não faria. “É muito difícil viver de arte. Hoje eu tenho 49 anos, atuo profissionalmente há 27 anos e, com a minha carreira, eduquei dois filhos, tenho a minha casa própria e criei uma estrutura de vida que, até hoje me permite negar alguns trabalhos. Mas, para eu chegar neste patamar, eu já aceitei trabalhos que eu não queria por ter consciência que tinha escolas, mercado, plano de saúde e contas para pagar”, declarou João Vitti que, apesar das dificuldades, reconheceu seu sucesso na dramaturgia. “Eu me considero uma pessoa vitoriosa na minha profissão em um país onde a arte não é devidamente valorizada. Mesmo! Se a gente comparar o ator brasileiro com o mexicano ou de qualquer outro país, as diferenças são gritantes, seja no salário ou nas condições”, destacou.
Um dos elementos que dificultam esta valorização cultural no Brasil é a atual política implantada. Em relação ao panorama do nosso país, em específico o carioca depois das últimas eleições que elegeram Marcelo Crivella como o próximo prefeito do Rio de Janeiro, João Vitti definiu como “tenebroso”. “Eu acho que, para avaliar essa eleição, a gente tem que olhar a história das pessoas, e não só um momento recortado. Na prática, nós acabamos de colocar no poder um governante que, por mais que afirme o contrário, o viés religioso invade continuamente suas ações e palavras. Fora que ele é um ser que, em outros tempos, desrespeitou as demais religiões e fez afirmações absurdas, como que a homossexualidade é doença. Isso tudo somado ao fato de ele ser ligado a uma entidade religiosa em que a gente vê também uma obsessão por dinheiro”, manifestou-se.
Durante o período eleitoral, João Vitti, que é carioca, contou que acompanhou as postagens no Twitter do pastor Silas Malafaia, que é tio do candidato eleito. Segundo o ator, depois desta experiência, ele disse que, surpreendentemente, o conteúdo dos tweets não foi a pior constatação. “Eu fiquei assustado com a forma com que as pessoas que o seguiam se colocavam, que era de maneira muito radical e doutrinada. Eu não via discernimento crítico, posicionamento e opinião pessoal desses seguidores. O que eu pude constatar foi o seguimento de uma doutrina de forma radical. Eu acho que o que faz o ser humano crescer é o dialogo com respeito, sobretudo, às diferenças. O que me assusta mais ainda é a perspectiva de poder de elegerem um presidente da república nesses moldes”, analisou João que ainda destacou outro ponto. “Até alguns anos atrás, a Igreja Universal era tão radical que não dialogava nem com as outras igrejas evangélicas. E agora, no palanque pós resultado, o Crivella comemorou ao lado de políticos como Bolsonaro e Garotinho”, completou indignado o ator João Vitti.
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