Com noite de gala repleta de famosos na Cidade das Artes, Festival do Rio começa com filmes polêmicos e exibição de longas gratuitos e ao ar livre


Neste ano, serão exibidos cerca de 250 filmes, de mais de 60 países diferentes, em sessões espalhadas democraticamente por toda a Cidade Maravilhosa

Foi dada a largada para a 18ª edição da mostra de cinema mais charmosa do Brasil, o Festival do Rio. Neste ano, serão exibidos cerca de 250 filmes, de mais de 60 países diferentes, em sessões espalhadas democraticamente por toda a Cidade Maravilhosa. Apesar de ser um número bem menos expressivo do que no ano passado, onde 400 películas foram exibidas, a expectativa gira em torno da qualidade das produções. E, para dar o pontapé inicial aos trabalhos, a organização do evento ocupou o teatro da Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, em uma noite de gala, nessa quinta-feira, para a exibição do filme norte-americano de ficção científica “A Chegada”, de Denis Villeneuve. Estrelado por Amy Adans, Jeremmy Renner e Forrest Whitaker, o roteiro futurista relata a história de seres interplanetários que deixam rastros pela Terra, onde a Dra. Louise Banks (Amy Adams), uma linguista especialista no assunto, é procurada por militares para traduzir os sinais e desvendar se os alienígenas representam uma ameaça. A sessão terminou com aplausos, mas a escolha de um filme estrangeiro para abril o festival dividiu opiniões entre os espectadores.

Amy Adans, em "A Chegada" (Foto: Divulgação)

Amy Adans, em “A Chegada” (Foto: Divulgação)

Na programação do evento que acontece entre os dias 6 a 16 de outubro, há produções de diretores consagrados como Villeneuve, o novo filme de Richard Linklater, “Jovens Loucos e Ainda Mais Rebeldes!!”, que ganhou notoriedade com títulos como “Boyhood: da Infância à Juventude”, que deu a Patricia Arquette o Oscar de melhor atriz coadjuvante no ano passado. Em sequência, as produções internacionais mais aguardadas são “Eu, Daniel Blake”, de Ken Loach, “Os Belos Dias de Aranjuez”, de Wim Wenders, “Koblic”, com o argentino Ricardo Darín e “É Apenas o Fim do Mundo”, de Xavier Dolan. Já entre os brasileiros, um dos maiores destaques é “Pequeno Segredo”, que será apresentado pela primeira vez para o público durante o evento. O filme, escolhido para representar o Brasil para tentar uma vaga entre os finalistas para a categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2017, é inspirado numa história real vivida pela Família Schürmann (um de seus integrantes, David Schürmann, é o diretor). O elenco é composto por Julia Lemmertz, Maria Flor e Marcelo Antony. Vale destacar também o poderoso “Elis”, de Hugo Prata, que relembra a história de uma das maiores cantoras do país, que é vivida brilhantemente por Andreia Horta. Por sua impressionante atuação, Andreia levo o Kikito de Melhor Atriz no último Festival de Gramado.

Andreia Horta no filme "Elis" (Foto: Divulgação)

Andreia Horta no filme “Elis” (Foto: Divulgação)

Agora, voltando à Cidade das Artes, a atriz Christiane Toloni foi convidada para ser mestre de cerimônia da badalada noite de abertura do Festival do Rio. Bem-humorada, ela comentou sobre a importância do evento para o futuro do cinema nacional. “Esses festivais movimentam e são muito importantes para a cidade. Eu acho que a gente começou com o pé direito. A sala estava lotada e as pessoas compareceram em peso. A gente mostra o que sabe fazer de melhor, que é arte. Essa síndrome de vira-lata, que a gente sempre teve, está se tornando uma outra coisa muito legal”, comentou ela, referindo-se à autoestima do povo brasileiro. E além do mais, ela ainda revelou que já está estudando um novo trabalho para as telonas. “Estou fazendo um documentário, bem aos poucos, falando sobre a importância de valorizar a Amazônia. Quero que fique pronto logo, mas estou tecendo”, adiantou.

Christiane Torloni (Foto: AgNews)

Christiane Torloni (Foto: AgNews)

Outra estrela da nossa teledramaturgia que passou por lá foi Leandra Leal. Apesar de já ter participado de outras edições do festival, este ano tem um gostinho todo especial para a atriz. Ela concorre à premiação na categoria de Melhor Documentário, pelo trabalho como diretora em “Divinas Divas” e ela ainda poderá ser vista no longa “La Vingança”, de Fernando Fraiha. “Estou muito feliz, animada. Quando entrei, eu falei: ‘Meu Deus, estou no Festival com o meu filme’. É muito nervosismo. ‘Divinas Divas’ é um documentário sobre a primeira geração de artistas travestis”, adiantou Leandra, que esteve ao lado de Rogéria, Valéria, Jane Di Castro, Camille K, Fujica de Holliday, Eloína, Marquesa e Brigitte de Búzios nas gravações. Veterana de festivais, ela comentou sobre sua afetividade com o evento carioca. “É um festival que mobiliza a cidade. Estou muito feliz, venho desde adolescente, estreei filmes muito importantes aqui. Uma das grandes coisas é promover encontros”, completou a moça.

Leandra Leal (foto: AgNews)

Leandra Leal (foto: AgNews)

No entanto, apesar de alguns patrocinadores terem diminuído o aporte para o Festival do Rio, a diretora artística, Ilda Santiago, não quer nem ouvir falar em crise. “Mantivemos todos os nossos patrocinadores, e isso é muito bom. É um reconhecimento da importância do nosso festival. na verdade, pode até ser que o dinheiro tenha algo a ver com as mudanças, mas há muito queríamos reestruturar. Já tivemos em um ano 400 filmes. É demais. Ninguém consegue ver isso. E se a pessoa vir 100 terá sempre a sensação ruim de ter perdido os outros 300. É injusto. Nossa programação neste ano está um luxo só”, avaliou ela.

Diretora artísitca do Festival, Ilda Santiago (Foto: Divulgação)

Diretora artísitca do Festival, Ilda Santiago (Foto: Divulgação)

Em 2016, a ideia é democratizar a sétima arte. Quem não quiser colocar a mão no bolso ainda terá chance de assistir a bons filmes. No Boulevard Olímpico, na Praça Mauá, por exemplo, um telão exibirá novidades e preciosidades do cinema, em sessões abertas. A programação gratuita se estende para a Escola Darcy Ribeiro, para o Espaço BNDES e para o Maison de France, todos no Centro da cidade. Na tarde de domingo, às 18h, no Boulevard, será a vez do documentário inédito “Marias”  – sobre a devoção a santas em toda a América Latina, e “Havana moon: The Rolling Stones live in Cuba”, às 20h, sobre o histórico show da banda inglesa em Cuba.

Filme sobre os Rolling Stones será exibido no Boulevard Olímpico (Foto: Divulgação)

Filme sobre os Rolling Stones será exibido no Boulevard Olímpico (Foto: Divulgação)

Imerso em diversas produções cinematográficas, o atro Marcos Veras estreia no festival em seu primeiro filme dramático. Conhecido pelo público por fazer personagens que carregam em sua característica o humor, desta vez ele surpreende ao dar vida a um pai que rejeita o filho com síndrome de down. O longa “O Filho Eterno” vai apresentar o ator como ninguém nunca viu. “Foi uma escolha ousada, mas apostaram em mim, embora estejam mais acostumados a me ver fazendo comédia. Eu sempre fiz muito drama, para mim é comum, mas o público vai conhecer esse meu outro lado. Acho que o personagem vai ajudar a diminuir o preconceito e o tabu com o down. Os pais criam muitas expectativas com os filhos, você vai aprendendo a amar aos poucos, conseguimos humanizar esse cara. É um filme que fala, acima de tudo, de amor, paternidade e aceitação”, conta Veras, que fará par com Débora Falabella.

Marcos Veras (Foto: AgNews)

Marcos Veras (Foto: AgNews)

Principal destaque da seleção nacional do evento que celebra a sétima arte na cidade, “Pequeno Segredo” será exibido pela primeira vez ao público brasileiro, depois de ser eleito, em meio a controvérsias, como o representante do país a disputar uma vaga no Oscar 2017. Na ocasião da escolha, especialistas julgaram que teria havido um boicote político ao aclamado “Aquarius”, produção protagonizada por Sonia Braga e predileta entre os críticos. “Prefiro escutar pessoas que tenham opinião após assistirem ao filme, sem a base do fator político apenas. A polêmica, aliás, aconteceu, pois o Brasil está muito inflamado, e infelizmente soltaram um filme que era muito político, como ‘Aquarius’, e começaram a falar que a nossa produção era apolítica. E é absolutamente o contrário. Nós falamos de outro lado do Brasil, que é o lado do amor incondicional, algo que nos falta”, defendeu o diretor David Schurmann, que adaptou para as telas a história de sua mãe, a velejadora Heloisa Schurmann, e de sua irmã adotiva, portadora de HIV.

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