Com cenas de amor, Gabriel Godoy estreia filme com Bruna Guerin. Pouco tempo depois, o casal da vida real se separa


Segundo Gabriel, por vezes era difícil estabelecer um distanciamento das crises do casal cinematográfico para o casal real. “Trabalhamos exaustivamente. Por vezes tínhamos de parar e respirar para tocar em frente e fazíamos tudo o tempo todo juntos”. Coincidentemente, assim como a relação do filme, Gabriel e Bruna não estão mais juntos. “Separação é sempre difícil, mas nos respeitamos, temos afeto. Somos maduros, adultos e vamos comemorar o filme”, diz. O ator vive um segundo semestre movimentado. Na última semana de agosto estreou dois longas e uma série – “Tire Cinco Cartas”, “Fluxo” e “Impuros”, respectivamente, e vem direcionando sua energia para a primeira novela do streaming fora da Globo, “Dona Beija”, da HBOMax

*por Vitor Antunes

Nos anos 1980 não eram incomuns os filmes onde um casal centralizava a ação dramática. Em “Eu Te Amo” (1981), Paulo César Pereio e Sonia Braga discutiram a crise do relacionamento de seus personagens no longa de Arnaldo Jabor (1940-1922). Em “Eu Sei Que Vou te Amar“, do mesmo falecido diretor, esse universo também é presente. Agora, André Pellenz faz algo semelhante em “Fluxo” e a vida acabou imitando a arte. Um casal em crise está às voltas de separar-se quando é decretada a pandemia de coronavírus e explode, também, um regime autoritário e de direita. O casal protagonista é vivido por Gabriel Godoy e Bruna Guerin. Na vida real, moravam juntos. O longa revisita não apenas o relacionamento de Rodrigo e Carla, seus personagens, como os quase dois anos nos quais convivemos com a pandemia de Covid e com o governo Bolsonaro, nos últimos quatro.

Segundo Gabriel, por vezes era difícil estabelecer um distanciamento das crises do casal cinematográfico para o casal real. “Trabalhamos exaustivamente. Por vezes tínhamos de parar e respirar para tocar em frente e fazíamos tudo o tempo todo juntos”. Coincidentemente, assim como a relação do filme, Gabriel e Bruna não estão mais juntos. “Separação é sempre difícil, mas nos respeitamos, temos afeto. Somos maduros, adultos e vamos comemorar o filme”, diz.

Além deste longa, Gabriel Godoy estreou outro, de comédia, no início da última semana de agosto, “Tire 5 cartas“, protagonizado por Lilia Cabral, além de estar na próxima temporada de “Impuros”, do Star+, e em “O Sequestro do Voo 375“, da mesma produtora. Uma novidade é a de que neste semestre o ator estará gravando “Dona Beija“, novela da HBO Max que será a primeira desta plataforma voltada exclusivamente para o streaming e produzida fora da Globo. O remake da trama de 1986 da TV Manchete, ainda não tem data de estreia e tudo o que se sabe sobre a trama é de que a protagonista será vivida por Grazi Massafera e o papel principal masculino, por Davi Junior.

Bruna Guerin e Gabriel Godoy em cena de “Fluxo” (Foto: Divulgação)

PRETO E BRANCO EM CORES

Ainda que um filme moderno, “Fluxo” é totalmente gravado em preto-e-branco e trata-se de uma escolha estética do diretor, André Pellenz. “O preto e bgranco marca época e ela foi cinzenta, sem cor. O P&B nos ajuda a isolar aquele momento. A ideia é de que o espectador veja aquela fase como acinzentada,e como uma fase especial”. Conta-nos o diretor que a ideia desse filme surge por conta de um outro projeto seu, “Os Espetaculares“, que já estava com data prevista de estreia, ter sido embarreirado justamente por coincidir com a emergência sanitária. Aí nasceu “Fluxo“. “Eu tinha uma ideia já antiga, sobre um casal que estava se separando e é obrigado a conviver. Eu já conhecia Gabriel e Bruna, convidei os dois e escrevi o roteiro dessa história já existente”.

O grande desafio, segundo André, deu-se por conta de não haver um set físico e ter, necessariamente, que desapegar do controle do filme, sob algum aspecto, ainda que tivesse total consciência artística sobre o projeto: “Não havia ninguém, não havia set. Os atores faziam tudo remotamente. Não apenas Gabriel e Bruna, mas Silvero Pereira em Fortaleza e os outros atores que participam do projeto. Na época não havia um protocolo estabelecido para lidar com a Covid”. Fala-nos do diretor que hoje “há alguma resistência das pessoas em falar da pandemia. E ela é a motivadora do longa. E eu mesmo tive muita dificuldade em terminar o filme por que depois da pandemia eu não queria voltar a esse tema. Optei por montar o filme trazendo uma perspectiva moderna ao longa, um olhar de hoje”.

Gabriel Godoy e Bruna Guerin gravaram o filme na casa do então casal (Foto: Reprodução)

Gabriel Godoy relata que ele e Bruna, sua então esposa, já haviam gravado uma websérie chamada “Do Seu Lado“, que teve uma repercussão muito positiva nas redes sociais. “Quando o André nos chamou dissemos ter experiência em gravar remotamente, mas só fomos nos dar conta da dificuldade quando vimos a chegada de equipamentos profissionais em casa. Havia câmera, computador, tripé, a casa virou de ponta-cabeça. Foi difícil, exaustivo e saímos musculosos como artistas, especialmente por termos que cumprir com quase todas as funções do set”. As gravações duraram 15 dias e Gabriel viu, na estreia, o filme pela primeira vez.

Sobre a produção, Bruna Guerin faz coro: “A nossa casa ficou cheia de cabos e equipamentos. Tive de trabalhar como atriz, câmera, contracenar com o nada – especialmente quando estava filmando o Gabriel – e todas essas multi-funções foram intensas. Ainda que houvéssemos sentido falta da presença física do diretor e pela dificuldade que foi fazer, estou feliz em ter estreado. Tudo deu certo”. Bruna está em cena na série “O Negociador” e em cartaz com “Kiss me Kate”, musical protagonizado por Miguel Falabella, e no ano que vem voltará com “Once”, em que está ao lado do Lucas Lima.

Bruna Guerin ressaltou a dificuldade em fazer o filme. Foi atriz, maquiadora, cinegrafista e praticamente diretora de set, junto com Gabriel Godoy (Foto: Webert Belício/AgNews)