Com Aruanas e O Clone, no ar, Débora Falabella diz: ‘Interessante rever fragilidade em cena e ver minha evolução”


Amadurecida e, atualmente, uma das mais incensadas atrizes de sua geração, ela, no momento, se apresenta em variadas cidades com as peças “Neste Mundo Louco, Nesta Noite Brilhante” e “Love Love Love”. Quem a assiste no palco, relembra, é claro, da impactante personagem da novela O Clone, gravada há 20 anos, e que, atualmente, faz sucesso nas tardes da Globo. “Ao interpretar a Mel o que me tocou mais foi poder falar sobre o tema da dependência química sem amarras e tabus, humanizando a situação”, recorda ela, que, desenvolve A Cuidadora, primeiro filme em parceria com o diretor e roteirista Fernando Fraiha, com quem assumiu namoro em dezembro do ano passado

Atualmente, Débora Falabella pode ser vista na TV, na série Aruanas, no Globoplay, e na reprise de O Clone, nas tardes da Globo (Foto: Globo/Maurício Fidalgo)

Atualmente, Débora Falabella pode ser vista na TV, na série Aruanas, no Globoplay, e na reprise de O Clone, nas tardes da Globo (Foto: Globo/Maurício Fidalgo)

* Por Carlos Lima Costa

Um estrondoso sucesso em sua exibição original, O Clone encanta muito também em sua reprise. “O que me tocou mais foi poder falar sobre o tema da dependência química sem amarras e tabus, humanizando a situação de um dependente e da sua família. Quando o público se identifica com o personagem, se torna muito mais forte abordar o assunto e procurar ajuda. Até hoje quando pessoas que passaram por situação parecida, me encontram, dizem que se enxergaram naquela personagem, se sentiram menos sozinhas, e que a história ajudou para que o diálogo fosse mais fluido em casa, com a conscientização relacionada ao problema. Tenho orgulho de ter feito parte de O Clone. A novela me faz relembrar a minha história e aquele momento em que minha vida era diferente”, enfatiza.

Atualmente, Débora está intensamente dedicada ao teatro, se apresentando em diversas cidades do país com dois espetáculos: Neste Mundo Louco, Nesta Noite Brilhante, no qual interpreta uma garota vítima de violência, e Love Love Love, que narra a história de uma família, entre 1967 e 2014, mostrando ainda o contexto social e político de cada fase. As peças integram o repertório do Grupo 3 de Teatro, fundado em 2005, e composto por Débora, Gabriel Paiva e Yara de Novaes. Em 2020, quando a trupe completou 15 anos de existência, não pôde celebrar como desejava, por conta da pandemia. Assim, os integrantes fizeram apresentações online. Além da área teatral, no momento, ela desenvolve A Cuidadora, primeiro filme em parceria com o diretor e roteirista Fernando Fraiha, com quem assumiu namoro em dezembro do ano passado.

Débora vem se apresentando no teatro com as peças Neste Mundo Louco, Nesta Noite Brilhante e em Love Love Love (Foto: Globo/Fábio Rocha)

Débora vem se apresentando no teatro com as peças Neste Mundo Louco, Nesta Noite Brilhante e em Love Love Love (Foto: Globo/Fábio Rocha)

Quem a assiste no palco, claro, relembra suas marcantes interpretações na telinha, como a Nina, de Avenida Brasil, e seus embates com Carminha, vivida por Adriana Esteves. As cenas das duas atrizes literalmente pararam os brasileiros diante da telinha da TV, há dez anos. Na trama de João Emanuel Carneiro, ela reencontrou o ator Marcello Novaes, que deu vida a Xande, par romântico de Mel, em O Clone.

“O Marcello criou um personagem muito amoroso, delicado, real. O Xande era um grande apoio para a Mel naquele momento. Foi importante entender o lado de quem convive e tem uma relação com um dependente químico. Você consegue enxergar o quanto de força esses dois precisam ter. Foi muito bom trabalhar com ele, que depois virou um grande companheiro em outras novelas, como Avenida Brasil”, frisa. E acrescenta: “Lembro que tive excelentes parceiros de cena, em O Clone. O clima nos bastidores era ótimo. Isso era essencial porque a Mel vivia situações bem difíceis. Eu era muito jovem e tive que entender como me relacionava com essa personagem, como carregava o peso dela para a vida”, relembra Débora, que naquela época participou de encontros de dependentes químicos e familiares, conversou com especialistas, assistiu a filmes e documentários. “A história da personagem foi muito bem contada, o que facilitou na construção dela”, aponta sobre o texto de Gloria Perez.

Débora Falabella em cena como a personagem Mel, em O Clone (Foto: Globo/Divulgação)

Débora Falabella em cena como a personagem Mel, em O Clone (Foto: Globo/Divulgação)

É com orgulho também que comenta sobre seu mais recente trabalho, Aruanas, no qual interpreta a jornalista Natalie. Débora protagoniza a série ao lado de Taís Araújo e Leandra Leal, cujas personagens comandam uma ONG de preservação ambiental. “Eu já tinha consciência em relação a essa questão, mas não de maneira tão ampla e engajada como Aruanas fez com que eu me sentisse. Quando você compra uma causa é porque entende muito daquilo. Depois dessa série, sou outra pessoa em relação ao meio ambiente. Estou engajada com essa questão e, principalmente, no que vou passar para a minha filha”, assegura ela, mãe de Nina, de 12 anos, do casamento com o ex, o músico Chuck Hipólito.

Nos últimos dois anos, Débora precisou dividir o foco com a filha, que, por conta da pandemia, vinha estudando no sistema homeschooling. “Eu sempre trabalhei muito, isso faz parte da minha identidade, então, não foi um problema. Mas tinha hora que dava tudo errado. Foi um momento de assumir que, às vezes, tudo bem se a gente não conseguir dar conta. E olha que estamos em situação privilegiada. Então, aquele foi um momento de me entender também. As aulas online, apesar de todo esforço das escolas também não foram fáceis para as crianças”, analisa

Débora Falabella com Thainá Duarte, Leandra Leal e Taís Araújo, suas companheiras de cena na série Aruanas (Foto: Globo/Fábio Rocha)

Débora Falabella com Thainá Duarte, Leandra Leal e Taís Araújo, suas companheiras de cena na série Aruanas (Foto: Globo/Fábio Rocha)

Independentemente de pandemia, ela já explicou que sofre com ansiedade. “Já passei por alguns episódios”, contou a atriz que se inspirou nela própria para filmar Depois A Louca Sou Eu. A comédia dramática, que estreou em fevereiro de 2021, tem o transtorno de ansiedade como tema central.

“Nesse tempos é muito difícil alguém não ter enfrentado suas ansiedades. Vivemos uma crise mundial, as pessoas estão afetadas mentalmente pelo que tem acontecido”, observa. Mas na atual situação, Débora tenta segurar sua onda. “Eu fiz muitos trabalhos online, então, acho que me ajudou nessa fase. Sempre fiz terapia, então, continuei seguindo com ela. E também coloquei minha atenção nas questões de casa. Não tinha realmente muito tempo para deixar essa ansiedade chegar de forma drástica. Agora, ninguém precisa ter vergonha de falar sobre isso. Já passou da hora desse assunto deixar de ser tabu. Admitir as suas fragilidades no mundo que a gente vive é o mais normal que pode acontecer”, enfatiza a atriz que marcou presença também em novelas como  Senhora do Destino, Duas Caras e A Força do Querer.