Citada no ENEM, jornalista da CNN iniciou a carreira como atriz. Confira 5 repórteres que fizeram novela


Muitos atores trabalharam com outras profissões antes de investirem efetivamente na arte dramática. Edney Giovenazzi, por exemplo, era dentista. Zezé Polessa, Wolf Maya e Cininha de Paula, médicos, e Mouhamed Harfouch e Paulo Autran (1922-2007) advogados. Nesta matéria veremos personalidades que fizeram o caminho oposto: Iniciaram a carreira profissional como atores e da dramaturgia migraram para o jornalismo. Alguns por opção própria e outros por decisão de uma TV em estágio falimentar. Veja!

*por Vítor Antunes

No último ENEM, a âncora do CNN Novo Dia, Elisa Veeck, foi citada e serviu de referência para uma questão do Vestibular. Elisa tem uma singularidade, pois iniciou a carreira na televisão como… atriz! E não apenas ela. Outros profissionais também passaram pela teledramaturgia e por vários motivos diferentes, inclusive por estarem numa emissora à beira da falência sem banco de atores disponível. Conheça cinco casos de jornalistas que transitaram pela arte cênica, mas acabaram investindo, ou tornando a investir, na notícia.

ELISA VEECK – “CHIQUITITAS” (1998-2000)

Elisa Veeck é uma das âncoras da CNN Brasil (Foto: Divulgação/CNN Brasil)

A carreira profissional de Elisa Veeck teve seu primeiro destaque em 1998, no SBT, quando viveu uma das órfãs da novela “Chiquititas”, onde interpretava Fran. Elisa ficou até o fim da trama, em 2000. Apresentou um programa em 2005, o “Entre Amigos”, na AllTV, e em 2007 esteve em cartaz no Espaço Satyros” com o espetáculo “Noite na Taverna”. No ano seguinte, permaneceu no teatro, com “O Homem Que Queria Ser Um Village People”, em São Paulo, além de haver realizado o seriado “Descolados”, na MTV Brasil e do longa “Os Inquilinos”, de Sérgio Blanch. Um de seus últimos trabalhos como atriz foi no seriado “ Morando Sozinho”, do Multishow. Em 2016, Veeck formou-se em Comunicação Social, ano em que entrou para o time de repórteres da Rede Vanguarda, retransmissora da Globo na região de São José dos Campos (SP). Desde 2020 é apresentadora do CNN Novo Dia, da CNN Brasil.

Elisa Veeck. Âncora da CNN estreou como atriz na novela “Chiquititas”, onde esteve por três temporadas (Foto: Reprodução/SBT)

ALEXANDRE HENDERSON – “PAIXÕES PROIBIDAS” (2007)

Alexandre Henderson em reportagem pela Globo Rio (Foto: Reprodução/Instagram)

Alexandre Henderson é ator e jornalista. O repórter da Globo Rio estreou na emissora carioca não como profissional das notícias, mas como Rodrigo, um Mestre-Sala frustrado em “História de Carnaval”, um dos episódios da série “Brava Gente” – Uma espécie de “Caso Especial” que a Globo exibida nos anos 2000. O episódio que Henderson participa é o oitavo da primeira temporada do programa. Neste, rivalizava com Armandinho (Raul Gazolla) para ser o primeiro Mestre-Sala da Portela. O episódio era uma adaptação do conto “A Morte da Porta Estandarte”, de Aníbal Machado (1894-1964) e trazia Juliana Paes como a protagonista, Rosinha. A primeira novela completa de Henderson, contudo, não foi na Globo, mas “Paixões Proibidas”, da Bandeirantes (2007). Nesta, vivera Quincas, um homem escravizado. Sete anos do folhetim de época, passou a integrar a equipe de repórteres do noticioso “Como Será?”, liderado pela também ex-atriz Sandra Annenberg. Com a extinção deste, em 2019, passou a integrar o time de repórteres da Globo Rio.

Alexandre Henderson e Marcos Breda em cena em “Paixões Proibidas”. Única novela completa do jornalista (Foto: Reprodução/TV Bandeirantes)

 

AUGUSTO XAVIER – “BRIDA” (1998)

Augusto Xavier ancorando o Rede TV! News (Foto: Reprodução/Rede TV!)

Nascido em Santa Maria (RS), Augusto Xavier iniciou sua carreira na rádio, em sua cidade natal. Depois, migrou para a RBS TV, afiliada da Rede Globo no Rio Grande do Sul. Foi contratado pela Rede e apresentou os Jornais SPTV, RJTV e “Hoje”, além do Globo Rural. Em 1997 foi contratado pela Rede Manchete, justo no ano em que a emissora iniciou a crise financeira que levou-a à falência. Sem um banco de atores para estrear a novela “Brida”,  Walter Avancini (1935-2001) recorreu ao âncora do Jornal da Manchete, Xavier, a fim de lança-lo como ator e figurar no principal triângulo amoroso da trama. Durante a exibição de “Brida”, a crise na Manchete recrudesceu e a novela foi interrompida às pressas, antes que o personagem de Augusto, o bruxo Mariano, pudesse entrar definitivamente no folhetim. Contudo, no último episódio, exibido de forma improvisada e com uma narração em off, Mariano aparecia. Esta foi a única e a última experiência de Augusto Xavier nas novelas. Antes disto, trabalhara em programas de dramaturgia exibidos no canal GNT e no filme “Chatô, o Rei do Brasil”, de Guilherme Fontes. O jornalista ancora eventualmente o principal jornal da casa, o Rede TV News.

Augusto Xavier em cena em “Brida”. A antecipação do fim da trama aconteceu antes mesmo da entrada do jornalista na novela, cabendo a ele aparecer apenas no último capítulo transmitido pela TV (Foto: Reprodução/TV Manchete)

HILDEGARD ANGEL – “SELVA DE PEDRA” (1972)

Hildegard Angel passou por grandes veículos como O Globo e Jornal do Brasil (Foto: Reprodução/Facebook)

Nos anos 1980, Hildegard Angel migrou definitivamente da dramaturgia para o jornalismo. Tinha, em 1984, um quadro no programa “Show dos Shows” na Globo, além de haver solidificado uma carreira como colunista social, tanto no jornal O Globo, como no Jornal do Brasil. “Hilde” começou no Tablado com 8 anos, foi lançada aos 14 por João Bethencourt (1924-2006) em “As Feiticeiras de Salém” e recebeu Prêmio de Melhor Atriz por “Berenice”, em 1968. Em 1972 esteve em montagens importantes como “Freud Explica, Explica?” e “Gracias, Señor”, no Teatro Oficina, com Zé Celso Martinez Corrêa e Ester Góes no elenco. Ainda naquele ano, esteve no elenco do sucesso “Selva de Pedra” (1972), única novela a atingir 100% de audiência. Na trama de Janete Clair (1925-1983), Angel interpretou Beatriz, personagem que ajuda Simone Marques (Regina Duarte) a assumir a identidade de Rosana Reis. A novela ganhou um remake em 1986 e a personagem vivida pela jornalista foi interpretada por Ângela Figueiredo. Hoje “Hilde” mantém um blog que leva o seu nome, é referência no colunismo social, além de ser colunista do Site Brasil 247.

Hildegard Angel e Regina Duarte em cena de “Selva de Pedra” (1972), última novela de Hilde vivendo uma personagem. Nas demais viveria ela própria (Foto: Reprodução/TV Globo)

SANDRA ANNENBERG – “PACTO DE SANGUE” E “CORTINA DE VIDRO” (1989)

Sandra Annenberg (Foto: Patrick Szymshek/TV Globo)

Sandra Annenberg iniciou sua carreira no teatro em 1974, na peça “Um Dia Ideal para os Peixe-Banana”. Em 1982 estreou como repórter no noticioso “Crig Rá”, da TV Gazeta de São Paulo. Em 1983 esteve na Bandeirantes, como repórter esportiva do “Show do Esporte”, além de apresentar um programa infantil naquela emissora. Ainda na Band participou, como atriz, do programa “Bronco” e da minissérie “Chapadão do Bugre”. Em 1988, participou do seriado “Tarcísio e Glória” para o qual fora convidada pelo próprio Tarcísio Meira (1935-2021), pois que estavam em cartaz com a peça “Um Dia Muito Especial”. No ano seguinte, atuou em duas novelas: uma na Globo, “Pacto de Sangue”, e uma no SBT, “Cortina de Vidro”. Seu último trabalho como atriz foi em “A, E, I, O…Urca”, da Globo, em 1990. Em 1991, estrou como moça do tempo do Jornal Nacional e apresentou os telejornais “Hoje”, Fantástico e SPTV. Atualmente, Annenberg é uma das apresentadoras do Globo Repórter.

Sandra Annenberg em “Cortina de Vidro” (Foto: Reprodução/SBT)

Sandra Annenberg em “Pacto de Sangue” (Foto: Acervo/TV Globo)