Circuito Inffinito de Cinema lança o projeto “Cine Pedal Brasil”, que promove exibição de filmes através de energia limpa. Vem entender!


Adriana Dutra, sócia da Inffinito, explicou que a ideia é usar a sétima arte para pensar meio ambiente e reciclagem. “O cinema é nossa plataforma. Utilizamos para dar visibilidade, divulgar e promover o país por meio da cultura e também capacitar jovens para o mercado audiovisual. O cinema é ferramenta para transformação”

Não bastasse ser responsável por um dos maiores festivais de cinema brasileiro do mundo, o Circuito Inffinito de Cinema, que já faz parte do calendário oficial de Miami, por exemplo, vai além. Preocupada com causas ambientais, Adriana Dutra, sócia de Cláudia Dutra e Viviane Spinelli, na Inffinito, uniu suas duas paixões e realiza, agora, o Cine Pedal Brasil, a primeira mostra de cinema itinerante movida à energia limpa. “É um evento inédito que começa sem força elétrica nenhuma. Os voluntários têm dez bicicletas para gerar energia a fim de ajudar na exibição dos filmes, telão, música, DJ. Estamos passando por diversas capitais, agora é a vez de Belo Horizonte, mas já fizemos Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Floripa”, explicou ela. Mas os apaixonados pela sétima arte que moram em outros estados não precisam se preocupar. A segunda etapa começa em setembro e passará por Brasília, Goiânia, Recife, Fortaleza e Salvador. “E ainda pretendemos voltar com uma segunda edição em 2017. É um evento bacana, inovador, que faz com que a gente se conscientize sobre a questão da energia, do meio ambiente. Lembra que nós estamos terminando com todos os recursos e que precisamos ser criativos o suficiente. O diferencial é que esse evento é para o público ser protagonista, não o filme. Estamos experimentando uma maneira de gerar energia e, quem sabe, deixando um legado?”, arriscou.

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O Cine Pedal já passou pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Floripa (Foto: Reprodução/Facebook)

Palavra de quem tem experiência em imprimir uma marca. Em 1997, enquanto passava um período em Miami, Adriana se juntou à irmã, Claudia Dutra, e a Viviane Spinelli e elas criaram o Brazilian Film Festival of Miami – que é, hoje, o maior festival de cinema brasileiro no exterior. O sucesso foi tanto que o evento tornou-se oficial na cidade e fez com que as três se firmassem de vez nos Estados Unidos. “Minha formação é em artes cênicas com pós em direção. Eu estava em Londres fazendo um curso, em 1994, e ia voltar para o Brasil, mas a minha irmã morava em Miami e eu fui visitá-la. Eu tinha feito curso de direção para espetáculo, não cinema, mas foi a época do (Fernando) Collor aqui no Brasil e o meu grupo de teatro dizia para eu não voltar, porque era um momento muito difícil para a cultura. Fiquei em Miami e fundei a Inffinito com a Claudia e a Viviane. Essa escala mudou a minha vida completamente”, contou Adriana.

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Directors of the BRAFF Miami Viviane Spinelli, Claudia Dutra, Adriana Dutra

Viviane Spinelli, Claudia Dutra e Adriana Dutra são as sócias da Inffinito

Pois bem, de lá para cá, 20 anos se passaram. “É uma superemoção. O nosso festival surgiu antes da retomada do cinema brasileiro. O primeiro foi em 1997 e nós não sabíamos o que esperar, não havia quase internet e não tínhamos ideia de como as pessoas iam receber o cinema brasileiro. Teve fila na porta da Universidade de Miami e, a partir daí, fomos convidadas para compôr o calendário oficial da cidade. Foi crescendo e, hoje, é o maior festival de cinema brasileiro no exterior e também um ponto de venda de filmes, porque é por meio dos festivais que fazemos conexões. Passaram diversos governos na nossa vida e todos sempre nos apoiaram. Os americanos reconhecem a importância do cinema brasileiro e seu impacto social na cidade”, disse Adriana, que foi além: “Miami era carente de cultura e eu vi que existia uma oportunidade para trabalhar a imagem do Brasil. Abrimos a Inffinito em 1995 e fizemos shows, exposições, eventos… sempre com a temática Brasil. Com o cinema vende-se tudo: culinária, fotografia, etc. Os Estados Unidos são fortes, porque têm uma indústria cinematográfica muito forte. O tempo todo queremos consumir Estados Unidos”, analisou.

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Os festivais contam com mesas de discussão, palestras e oficinas (Foto: Reprodução/Facebook)

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Em 2003, as três sócias deram mais um grande passo. Produziram o 1º Festival de Cinema Brasileiro de Nova York. Três anos depois, deram início ao Cine Fest Brasil-Barcelona, consolidando assim o Circuito Inffinito de Festivais, que em 2007 passou por Miami e Nova York, nos EUA, Barcelona, na Espanha, e Frascatti, na Itália. Em 2008, o Circuito foi realizado em Canudos, na Bahia, Buenos Aires, Madri, Miami, Roma, Milão, Nova York, Vancouver e Barcelona. “Começamos a expandir para outras cidades. Fomos convidadas para Nova York mas, esse ano, por falta de fundos, não fizemos. Teve que ser suspenso. Chegamos a 12 festivais de cinema no exterior, o de Canudos é nosso festival de contrapartida social no Brasil. Capacitamos cerca de 500 jovens por ano com oficinas gratuitas nas escolas e durante essas oficinas, os alunos fazem um filme que é exibido na praça central. Praticamente a cidade toda participa do festival”, contou.

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Festival de Canudos (Foto: Reprodução/Facebook)

A importância do Festival em Canudos é ainda maior: “Nós fundamos o primeiro cineclube da cidade, doamos 40 computadores. Hoje, Canudos tem pousada, hotel, cineclube, produtora… aquecemos a economia por meio do cinema. Ano que vem completamos dez anos do Festival de Canudos”. Se, com a dificuldade de manutenção, algumas cidades ficam de fora, Canudos não sai do calendário da Inffinito. “Já fizemos 12 e, agora, são apenas quatro, que não abrimos mão: Miami, Montevideo, Buenos Aires e Canudos. Mas temos potencial de fazer quantos quisermos, porque conquistamos um relacionamento internacional com o mercado audiovisual. Infelizmente não existe política pública específica para o trabalho que desenvolvemos, que é prospectar novos contatos por meio do audiovisual”, lamentou.

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Canudos (Foto: Reprodução/Facebook)

Mas nem isso desanima: “A Inffinito já tem uma relação muito forte com o setor audiovisual, então o cinema é nossa plataforma. Utilizamos pra dar visibilidade, divulgar e promover o país por meio da cultura e também capacitar jovens para o mercado audiovisual. Cerca de 4 mil já passaram por nós. Utilizamos o cinema como ferramenta para transformação”, garantiu ela, que quer fazer o mesmo com o meio ambiente. “Queremos pensar sustentabilidade também, refletir sobre a consciência do uso de energia, reciclagem. Surgiu o convite para representarmos a tecnologia de exibição de filmes por meio da energia limpa e hoje temos essa cara no Brasil. O DNA da Inffinito é o cinema como carro-chefe, então hoje, além de produzirmos conteúdo audiovisual, o fazemos pensando no meio ambiente”, completou. Como não ser sucesso?

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Saiba mais em:
http://www.cinepedalbrasil.com.br/
http://inffinito.com/