*Com Iron Ferreira
No day 2 do Cine Ceará – Festival Ibero-Americano de Cinema amantes da sétima arte aplaudiram a atriz Lilia Cabral que recebeu, das mãos do ator José Loreto, o Troféu Eusélio Oliveira, uma homenagem do festival à contribuição ao cinema nacional. A cerimônia, realizada no famoso Cineteatro São Luiz, no Centro da capital Fortaleza, inaugurado em 1958 por Luiz Severiano Ribeiro (1886-1974), contou ainda com a estreia mundial do longa-metragem “Maria do Caritó”, protagonizado por Lilia e dirigido por João Paulo Jabur. O filme, que é baseado na peça homônima escrita pelo pernambucano Newton Moreno, que levou milhares de pessoas ao teatro, e narra a história de Maria, uma solteirona virgem de 50 anos que faz simpatias para arranjar um marido. Prometida para São Djalminha desde o seu nascimento, ela vive desesperada para arranjar um pretendente.
“Estou muito honrada em receber essa homenagem no Cine Ceará. Eu não tenho nem palavras para agradecer, pois é um reconhecimento muito bonito. Quando a gente faz um trabalho, não esperamos nenhum prêmio ou homenagem. Mas quando vem esse tipo de reconhecimento, meu coração vem na boca e a gente se emociona. Estou muito feliz! Foi através do cinema que tinha perto da minha casa, em São Paulo, que eu quis me tornar atriz. Foi com o cinema que eu me encontrei e entendi que só seria feliz se eu estivesse na tela. Receber essa homenagem neste cineteatro deslumbrante, nessa cidade que eu adoro e nesse palco onde tanta gente talentosa já pisou, é uma emoção muito grande”, ressalta Lilia Cabral.
Ela ainda comentou sobre a leveza e a energia por trás do processo de realização da obra: “Poder trazer esse filme, de um autor pernambucano, para o Ceará é outra emoção. Essa pequena caixa de música que mostramos aqui também faz parte da minha história. É um filme de amigos. O diretor, os atores e a produtora, são todos grandes amigos. A gente pode esperar tudo desse filme. Eu espero também que ele traga esperança. E para finalizar, eu gostaria de dizer que a arte permanece”.
O cineasta João Paulo Jabur, que fez sua estreia como diretor com “Maria do Caritó”, apontou o privilégio de ter Lilia como protagonista do seu primeiro longa-metragem: “É extremamente gratificante poder estar lançando esse filme aqui, principalmente em uma noite que celebra o talento de Lilia Cabral, uma força muito importante na história do audiovisual brasileiro. Sempre acompanhei de perto o amor que ela teve pela peça e sei o quanto ela lutou para que fizéssemos esse filme. Espero que todos gostem do filme. Ele é leve, traz alegria e emociona. Ele faz com que a gente olhe para a comédia com ternura e poesia”.
A produtora do longa, Elisa Tolomelli, que já viabilizou outros importantes projetos como “Central do Brasil“, de Walter Salles, e “Cidade de Deus“, de Fernando Meirelles e Kátia Lund, falou que embora o filme seja uma comédia, ele busca acrescentar tons de poesia a obra: “É o tipo de comédia que eu gosto de fazer. É uma comédia que me emociona, misturando poesia com humor. A gente busca tocar o coração do público e fazer com que ele se envolva com a história”, frisa.
José Loreto, que foi colega de cena da atriz na novela “O Sétimo Guardião”, escrita por Aguinaldo Silva e exibida na Globo, também fez elogios à atuação de Lilia antes de entregar a ela o troféu em nome da organização do Cine Ceará: “É lindo ver como o Cine Ceará valoriza a arte. Me sinto honrado em estar aqui! Tenho o privilégio de entregar esse prêmio para uma pessoa que sempre foi uma inspiração desde quando eu era estudante. Ela batalhou por cada personagem que interpretou. Tive, também, o privilégio de contracenar com Lilia algumas vezes durante a novela. Foi uma verdadeira aula. É uma mulher exigente, que sempre dá o seu melhor. Ela é uma inspiração para todo jovem ator. Merecedora deste prêmio e de outros tantos”.
A noite também deu o start à Mostra Competitiva Ibero-Americana de Longa-Metragem, com a exibição de “Canção sem Nome”, da diretora peruana Melina León. O longa, que estreou oficialmente durante a 72ª edição do Festival de Cannes, narra a angustiante história de Georgina, uma mãe que luta contra tudo e todos para encontrar sua filha roubada em uma falsa clínica de saúde. “Estou muito contente em estar aqui. Esse filme é peruano, mas também é um pouco brasileiro, já que a pós-produção foi feita no Rio de Janeiro. Sempre encontramos as portas abertas para o nosso trabalho e fomos recebidos muito bem. Foram anos para tentar finalizar esse filme e é uma verdadeira emoção poder apresentá-lo para vocês”, comenta a diretora.
A atriz Pamela Mendoza Arpi também esteve presente e revelou toda a euforia de estar exibindo o projeto no festival: “Eu estou muito grata de compartilhar essa história com vocês. O filme “Canção Sem Nome” é a minha primeira incursão no cinema. Eu fazia teatro na cidade onde nasci. A história contada no filme é muito parecida com o que vivenciei, por isso ela é tão especial”.
O segundo dia do 29º Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema contou ainda com o início da Mostra Olhar do Ceará, que apresentou as produções “Espavento”, de Ana Francelino, e “Tremor iê”, de Elena Meirelles e Lívia de Paiva, além do lançamento do livro “A História do Cinema Para Quem Tem Pressa”, do autor, jornalista e crítico de cinema paulista Celso Sabadin.
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