*Por Brunna Condini
Em ‘Terra e Paixão’, Cauã Reymond tem feito bonito. Mesmo que certos exageros e repetições no texto do folhetim até aqui precisem de ajustes, seu personagem, Caio, o pobre menino rico e bronco, desprezado pelo pai (Antonio La Selva, vivido por Tony Ramos) que o culpa pela morte da mãe em seu nascimento, tem força dramática em seu enredo com um solo fértil para uma performance ainda mais amadurecida do ator, que completa 21 anos de carreira em 2023. “Eu me amo mais hoje. Te dei a chamada da matéria agora (risos). Me amo mais como profissional. Aconteceu um amadurecimento gritante, no sentido de que eu fui crescendo na frente do olhar do público, então percebo a minha evolução. Acho que de uns 10 anos para cá, venho lapidando algumas conquistas. Tive a sorte de fazer bastante cinema, hoje eu produzo também”.
Estou desenvolvendo um projeto para o Globoplay (a série ‘Mata-mata‘). Fiz séries de assuntos diversos, então pude mesclar muito a minha forma de me comunicar com o grande público. Isso traz uma gama de camadas que vão se acumulando no meu trabalho. Eu adoro estar no set, é um lugar em que me sinto confortável, em casa, onde habito com facilidade. Quando vejo alguns colegas que não estão acostumados com o set de filmagem, sempre falo: “Vem, vem que é bom, gostoso. Vamos passar o ano inteiro aqui, então que seja agradável a nossa jornada”. Tem que ser bom, sabe? – Cauã Reymond
E o ator acrescenta: “Vai soar até clichê o que vou falar, mas hoje eu realmente me preocupo muito mais com a caminhada do que necessariamente com o resultado. Claro que esperamos o êxito, mas a caminhada é extremamente importante pra mim, e que o processo seja bom, porque não temos como controlar um grande sucesso, o resultado, mesmo com o melhor elenco do mundo. Não é que me cobre menos hoje, mas acho que aprendi a negociar comigo as pequenas derrotas, porque nem todo dia você acerta 100%. Mas fui ganhando experiência e sou um cara dedicado, sou apaixonado pelo o que faço, então fui tendo uma relação cada vez melhor com o trabalho”.
O trama de Caio vai ganhar contornos ainda mais dramáticos. “O Caio é muito distante de mim, são universos bem diferentes, não consigo fazer uma conexão direta, o que posso dizer é que ele é um cara muito justo, e também me considero alguém que procura ser justo. Esse personagem tem muita inabilidade na forma como se comunica, o que não acho que é o meu caso. E tem uma dificuldade de lidar com os sentimentos, porque não recebeu muito amor na vida”.
Sobre a grande aposta na novela de Walcyr Carrasco para o horário, Cauã defende a valorização do gênero. “A novela é um investimento alto, mas acho que sempre apostamos para ganhar quando começamos um novo trabalho. Além de um grande elenco, o Walcyr é um autor que acumula sucessos. Também temos um clima muito bom no set, gostoso e a história fala de um Brasil ainda atual. E é folhetim, somos apaixonados por folhetim”.
E complementa: “Mesmo quando encontramos em uma novela uma baixa audiência para determinado horário, por exemplo, ela se comunica no mínimo com 40, 50 milhões de pessoas. É uma coisa que muitas vezes esquecemos, porque estamos tão viciados em novas formas de entretenimento, mas uma novela que a princípio não chegou em um grande público como seria a expectativa, fala com milhões de espectadores. Não tem um programa dos Estados Upnidos que tenha isso, nem o Super Bowl. Então temos que continuar a olhar para a nossas novelas com êxito, porque elas são mesmo um sucesso”.
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