*por Vítor Antunes
Cássio Gabus Mendes integrará o elenco de “Elas por Elas” na pele do personagem Roberto. E e será um dos casos em que um ator que fez a obra original estará, também, no remake. O Site Heloisa Tolipan esteve no pré-lançamento da novela, nos Estúdios Globo, e conversou com o ator. Na trama de 1982, o artista deu vida a Elton, personagem que nesta releitura terá o nome Tony e será vivido por Richard Abelha. “Elas por Elas“, guarda ainda outros lugares especiais no coração de Gabus Mendes. Foi a sua primeira novela, além de tudo foi escrita pelo seu pai, Cassiano Gabus Mendes (1927-1993) e nela viu brilhar seu tio Luís Gustavo (1934-2021), intérprete de Mário Fofoca. Segundo o ator, “[Quanto ao tempo] é algo muito distante, mas de muita força e que me faz muito bem. Vivi uma história da qual lembro desses momentos. Eu estou muito feliz, muito honrado de poder participar dessa novela, que está linda, com um texto refinado, com comédia e boas histórias, e conduzidas com um tom interessante pela Amora Mautner“.
No último mês, conforme divulgado em “Veja”, foi veiculado que haverá o remake de “Vale Tudo”, novela de Gilberto Braga (1945-2021), Leonor Bassères (1929-2004) e Aguinaldo Silva, exibida entre 1988 e 1989 e uma das mais importante novelas da teledramaturgia brasileira. Na trama original, Cássio deu vida a Afonso Roitman. Sobre a releitura, que possivelmente será escrita por Manuela Dias, ele afirma que não teve “informação, vi pela imprensa. Parece que vai ter e eu acho que merece haver. É uma novela brilhante, extremamente brilhante. Estou curioso de ver. De 1988 pra cá o Brasil não mudou tanto assim. Se pegarmos “Vale Tudo” ou “Que Rei Sou Eu?” veremos que tudo é muito parecido, é quase igual. É uma novela atual e, independente disso, atual na carpintaria de conflitos, de um texto primoroso. É sempre uma responsabilidade, e uma responsabilidade forte, quando se pega para fazer essas novelas de muito sucesso”.
♫ NADA É IGUAL A NADA , NÃO ♪
A música tema de abertura de “Elas por Elas” já aponta, além do bom humor e da alegria, que a nova novela não terá nada de muito semelhante à original. A música, que será a mesma, não será cantada pelos Fevers, mas por Preta Gil, Duda Beat e Ivete Sangalo. Do elenco original, apenas Cássio Gabus Mendes fará as duas tramas, e, claro, personagens diferentes. Naquela época, ele tinha 21 anos. Hoje, 61. Para o ator, estar nas duas tramas é “Uma honra, é uma felicidade muito grande. Quando a novela começou a se estruturar, eu não sabia. Independente do fato de estar trabalhando, a primeira versão da novela marca o início da minha carreira e de lá pra cá são quarenta e dois anos ‘de praia’. É um outro momento, este. Além do mais, há a questão do afeto, já que meu pai era o autor e o meu tio [Luís Gustavo, intérprete de Mário Fofoca]. Impossível não misturar as coisas. É algo muito especial”, relembra.
Cássio é franco ao dizer não lembrar-se de muita coisa da primeira versão. “Minha memória é muito fraquinha para coisas relacionadas ao tempo e é engraçado, porque quando eu comecei a conviver, a gravar, a estar na atmosfera da trama, comecei a rememorar tantas coisas da época, como do meu início de carreira, de momentos… Um filme passa na cabeça. Como eu gravava pouco, ficava dentro do estúdio acompanhando, via a direção, estava com vários atores… Era a minha estreia na Globo, é algo muito especial”.
Sobre a nova novela, Cássio diz ser impossível não haver mudanças. “Há de haver mais adaptações, afinal são quarenta e dois anos passados, além de a novela estar em um horário diferente. Mas há uma grande dedicação dos atores, das sete mulheres protagonistas… Tanto que eu tenho até medo de entrar no meio do negócio por que é um tsunami de energia”, diz, descontraidamente.
Estou extremamente feliz, este é um momento muito especial na minha carreira, com toda certeza. Nunca imaginei que poderia acontecer – Cássio Gabus Mendes
ANOS REBELDES, VALE TUDO E LÍDIA BRONDI
Novela de 1988, “Vale Tudo” voltou a ter protagonismo recentemente, não apenas por haver voltado ao Globoplay, mas por conta de um remake. Desde então, muito se tem cotado sobre o elenco, desde a quem dará vida à Odete Roitman (Beatriz Segall [1926-2018]) a sobre quem caberá o protagonismo da trama que teve em Regina Duarte seu principal nome. Cássio relata não saber muito sobre o remake, mas que está “curiosíssimo e que certamente assistirei. Eu adoro”. O ator também relembra sua amizade com Gilberto Braga, um dos autores da trama “Gilberto Braga era um grande amigo, um escritor primoroso que me deu presentes como este e o [João Alfredo de] ‘Anos Rebeldes’. Tenho a ele um grande carinho e ele sabe disso”, diz, referenciando-se ao amigo como se ele ainda estivesse presente.
Sobre “Anos Rebeldes“, minissérie exibida em 1992, e que retratava a recém extinta ditadura militar, o ator pontua: ” A gente teve quatro anos de gestão Bolsonaro, momento em que essa série foi resgatada. Diante daquele cenário controverso, sigo crendo que ‘Anos Rebeldes’ é um documento. Foi uma das primeiras vezes em que se tocou, se mostrou aquele momento da nossa história. Isso com o cuidado, com um desenho tão grande que a ficção se misturava à realidade, com retratos documentais, fatos da época. É um trabalho primoroso. Primeiro, por contar um momento fundamental da nossa história que não deve se repetir jamais. E a minissérie tem a primazia de, naquele momento, início dos Anos 1990, falar sobre um assunto que ainda era delicado. Para mim foi muito importante estar neste trabalho”.
Cássio fez par romântico com Lídia Brondi, em “Vale Tudo” e são marido e mulher na vida real. Nesta época, o romance era restrito aos personagens. Na trama seguinte, “Meu Bem Meu Mal“, de 1991/1992, Lídia optou por retirar-se da carreira. Há muitas versões para a motivação que a levou a isso, e uma delas foi uma crise de Síndrome do Pânico. Após o fim da peça “Parsifal”, Lídia recolheu-se e nunca mais trabalhou como atriz. Ainda que tenha uma grande quantidade de fãs mesmo após 31 anos fora da TV. Durante o lançamento da novela não eram poucos os jornalistas que pediam ao ator que “mandasse um beijo para Lídia”. Sobre isso, ele diz: “Acho normal. É um carinho a ela e eu sempre mando [os beijos]. Ela é uma figura relevante, de grande carisma e que fez trabalhos importantíssimos”, finaliza.
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