Uma mulher mimada, sustentada pela mãe e casada com o ex-namorado da prima. Esse é o novo papel na carreira de Carolina Chalita. A atriz vai interpretar Flávia, filha de Maraíza (Stella Miranda) em “Amor de 4”, que estreia no Canal Brasil no segundo semestre. Em entrevista ao HT, Carol adiantou um pouco sobre as aventuras de sua nova personagem, que ficará confinada em uma “casa de família decadente na serra” ao lado do marido e mais um casal: “A Flávia herda, junto da sua prima Elisa (Branca Messina), a casa da serra de seus avós, onde elas passaram a infância. Casada com Miguel (Igor Cotrim), ex-namorado da prima Elisa, que mora na França, o casal mora na residência herdada pela família. Uma noite, sem avisar, Elisa chega ao imóvel com um marido novo, o francês Alan (Nicola Lama). Esse encontro traz à tona relações mal resolvidas do passado familiar e cria uma trama tensa, cheia de situações inusitadas e instigantes para o público”.
Mas essa não é a única novidade de Carolina Chalita. A atriz nos disse que também está com projeto de um monólogo inspirado texto escritora libanesa Joumanna Hadadd. E não estranhe, Carol tem motivos bem familiares para se interessar por uma obra árabe. “Fui apresentada a esse texto pela atriz Clarice Niskier, que fez uma leitura dramática na Livraria da Cultura, em 2013. Eu fiquei encantada pela narrativa e me identifiquei automaticamente quando ouvi um discurso de uma mulher árabe, já que a minha família é de Bakafra, no Líbano. Primeiro, por ser mulher e, depois por ser uma voz árabe. Foi arrebatador, e pensei que precisava falar disso, investigar o tema da mulher que sempre foi e é uma questão muito forte para mim, dar voz a uma árabe e quebrar o olhar viciado e cheio de preconceito do ocidente sobre esse povo que doou para a humanidade o conhecimento da matemática, da medicina e que, agora, é visto somente como bárbaro e ‘doente’”, argumentou. O espetáculo está previsto para estrear esse ano, mas ainda não há data nem local definidos.
E trabalhar com enredos que envolvem religiões, culturas e etnias diferentes não é uma tarefa nova na vida de Carolina Chalita. A atriz, que acabou de interpretar Tanya em “Os Dez Mandamentos” (Rede Record), destacou que, descolado do tema religião, os personagens são “humanos, acima de tudo”. “Sejam eles Jesus Cristo, Hitler, Madalena ou Moisés, independente do que representam historicamente, são pessoas com todas as qualidades e defeitos que a constituem. E eu escolho o personagem pelo desafio e não por sua religião. Para mim, é isso o que me move e desperta o desejo de construir um novo papel. E acho que, se eu acreditar no personagem que estou fazendo, com certeza, o público também acreditará, mesmo sendo uma história tão presente no inconsciente coletivo como foi a de Moisés”, explicou.
Na trama de sucesso da Record, Carolina Chalita interpretou uma vilã. E, como nos contou, esse é o tipo de papel que a atriz mais gosta. O motivo? “Eu me atraio pelo desafio de construir uma nova maneira de pensar e agir na história. Através da personagem, crio atitudes e caminhos que jamais escolheria na minha vida pessoal, e assim aprendo muito com ela. É como se ensaiasse sempre novas maneiras de viver, como uma criança que, a cada momento, muda de brincadeira e inventa novas realidades. A ficção é o lugar onde me sinto mais à vontade… Talvez, mais que na vida real”, refletiu.
E, justamente por essa reinvenção a cada novo trabalho que recebe, Carol nos confessou que com ela não existe negar papel por não concordar com a personalidade ou o pensamento de determinado personagem. Segundo a atriz, é tudo em nome da arte. “Acho que todas os personagens têm algo de nós atores e é isso que nos diferencia uns dos outros. Posso fazer Hamlet , Lady Macbeth, Gabriela, Rosalina, Doroteia, mas todas terão a minha assinatura, como um pintor e seu traço singular. Eu só faço trabalhos em que me sinto instigada a descobrir algo novo. Os personagens chapados e clichês ditados pela indústria audiovisual me incomodam muito. Acho um desperdício de energia. É sempre possível inventar algo novo, mesmo com pouquíssimas falas. Não importa. O fundamental é estar vivo em cena. O público agradece”, afirmou.
Ah, e esse pensamento da atriz funciona também no atual momento de crise pelo qual estamos passando. Carol manteve a mesma opinião ao ser questionada se aceitaria papeis que fossem na contramão de seus princípios, mesmo em tempos de cólera. “Se fosse para defender Hitler e, desta maneira, provocar uma grande reflexão sobre a sua terrível conduta através do trabalho, sem dúvidas que eu aceitaria. Personagens são instrumentos para compreendermos os movimentos humanos e, como atriz, não posso ter julgamento em relação a nenhum. Eu tenho que trazer a sua humanidade, sempre, com toda a complexidade que compõe um ser humano”, filosofou.
Uma importante ferramenta de transformação ressaltada por Carolina Chalita é a internet. A atriz, que usou as redes ativamente na campanha pela doação de medula óssea para o tratamento do namorado no começo desse ano, disse que, hoje, a plataforma faz parte (intensamente) do seu dia-a-dia. “A utilização das redes sociais, para mim, já é como comer, dormir… Eu trabalho, me informo, divulgo, viajo e acho impossível viver sem elas hoje. Eu vejo a internet como uma arma importantíssima. A primavera árabe, por exemplo, aconteceu por causa das redes sociais e desencadeou, no mundo inteiro, um movimento onde podemos combater a corrupção e a barbárie utilizando um computador. Com ela, damos voz aos povos menos favorecidos e conhecemos a realidade não mais transmitidas pelas grandes emissoras de televisão. No caso do transplante de medula óssea, a internet ajudou muito a elevarmos o número de doadores, por exemplo”, manifestou-se a atriz Carolina Chalita.
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