* Por Carlos Lima Costa
Carol Portes, intérprete da Dalva, de “Cara e Coragem”, minimiza as críticas à novela e a audiência média de 20,9, assegurando, inclusive, que as gravações da trama das 19 horas, que vai ser exibida até 13 de janeiro, não foram encurtadas. Se nenhum imprevisto acontecer, elas vão ser concluídas terça-feira, três dias antes do previsto. “A novela não está acabando antes e a gravação está dentro do prazo que foi programado desde sempre. Estreamos com quase dois meses de frente. Por conta da Covid, quando alguém contraía a doença, era preciso cancelar gravações do núcleo inteiro, aquelas confusões. Eu mesma fui pegar agora, dia 10 de novembro, mas estava com as quatro doses completas”, comenta. “Cara e Coragem” não está entre os dez programas mais vistos do Globoplay e teve baixa repercussão na internet. Mas ela enfatiza que nem a audiência muito menos as críticas pesaram nos bastidores. “O feedback que a gente teve é que foi como das outras novelas da faixa. “Quanto Mais Vida Melhor”, a trama anterior, por exemplo, teve média de 20,5″, ressalta.
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Nunca fui muito de usar o Twitter e pela primeira vez descobri o poder dessa rede, que é muito rápida. A pessoa comenta na hora que está vendo a novela. Acabei caindo nessa rede social e foi tão bacana, tive feedback positivo – Carol Portes
Quando Dalva, sua personagem, teve um caso com Ítalo (Paulo Lessa), Carol teve receio de ter algum tipo de rejeição, pelo fato dele fazer par com a protagonista interpretada pela Taís Araújo. “Fiquei com medo de ter muito hater, de falarem ‘quem é essa na fila do pão’. Mas para minha surpresa, as pessoas ficaram do lado da Dalva. Escuto que a repercussão não foi tão boa. Sinceramente, pra mim ela foi fantástica, tanto dentro da Globo quanto fora. Todos nós fizemos nosso trabalho com muita verdade e dedicação”, defende ela, que concluiu sua parte nas gravações na última quarta-feira, 30 de novembro.
Aos 20 anos de carreira, Carol considera “Cara e Coragem” como sua estreia em novelas. Até, então, havia feito uma pequena e rápida participação em “Insensato Coração”, em 2011, além de marcar presença em programas de humor. “É um trabalho diferente de tudo que eu já tinha feito. Ter um personagem com início, meio e fim, com história contada, a novidade de ter roteiro chegando, foi a primeira vez, porque venho de programas de humor, com aquela pegada de esquete, então, fazia a cena e acabava. Não tinha a construção da personagem acontecendo aos poucos, como agora. Então, aprendi tanto. Já estou querendo fazer outra”, diz ela, cujo contrato com a Globo encerra dia 31.
Carol é contratada da emissora desde 2014, quando entrou para o elenco do humorístico “Tá No Ar: A TV na TV”. Em 2019, renovou por três anos e, coincidentemente, encerra o vínculo próximo ao término da trama das 19 horas. “Ainda estou na leva dos últimos contratos longos. Agora, a Globo vem fazendo por obra. Quer dizer, não vou renovar, mas vou fazer outra novela, se Deus quiser”, frisa.
Enquanto aguarda uma nova oportunidade no audiovisual, Carol, que é natural de Volta Redonda, município do estado do Rio, planeja, para 2023, iniciar os ensaios de um espetáculo para estrear em São Paulo, onde ela mora. Uma comédia ácida escrita por Rodrigo Nogueira, com direção de Marcio Macena. No palco, apenas o ator Rafael Maia e ela, uma das produtoras da peça.
TRANSFORMAÇÕES POSITIVAS NO HUMOR
Na televisão, antes da novela, Carol participou ainda de produções como o seriado “Adorável Psicose”, no Multishow, e da primeira temporada do humorístico “Zorra”, depois que deixou de ser “Zorra Total”. Em “Cara e Coragem”, faz parte do núcleo mais leve da trama. Fazer rir, tem sido uma constante em sua carreira. “No teatro, as peças que fiz não eram comédias, mas em geral, sempre teve humor. Eu tenho uma tendência a fazer graça. Acabei levando isso, quase sempre, para as personagens”, explica.
E completa: “Não sou comediante, humorista. Sou atriz. Os dois prêmios de Melhor Atriz, que eu tenho, foram pelos curtas ‘Malu e Fred’ e ‘Pedaços’, com papéis dramáticos, eu chorava”, ressalta ela, que no dia a dia é bem humorada, gosta de contar piadas. “Tem grandes atores e comediantes que são fechados, sérios. Eu sempre fui muito despachada. Mas não acordo bem humorada, não. Depois do meu balde de café, dá para a gente conversar”, diverte-se.
Para ela, as transformações que tem ocorrido no humor são positivas. “A mudança por conta do politicamente correto ou incorreto, eu acho que está certa. Várias vezes, assisto algo mais antigo e me constrange. Muitas piadas que perderam a graça. O mundo está mudando. O humor tem que ir junto, porque tem que ser engraçado para todo mundo. Não pode ser somente para um nicho, senão tem algo errado. Em ‘Os Trapalhões’, por exemplo, o personagem do Mussum (1941-1994) era um alcoolista e o programa era para crianças. Falavam muito sobre mulheres de biquíni e a gravata do Didi levantava. Com 7 anos, eu assisti isso sem entender onde era o lugar da piada. Hoje em dia, se assisto com minha filha, fico constrangida, porque acho que esse humor passou da conta”, aponta sobre piadas que retratavam a sociedade da época em que foram gravadas.
“Para contar uma boa história, não precisa estar ofendendo ninguém. Tem muitas situações que não são mais engraçadas. Vamos melhorando e aprendendo novas formas de fazer humor. Eu não sou roteirista, sou atriz que precisa de bons textos. Por exemplo, o ‘Tá No Ar’ veio com humor afiado e renovado. Aprendi bastante. Até o meu olhar mudou”, afirma.
É POSSÍVEL PERDOAR UMA TRAIÇÃO
Em “Cara e Coragem”, a dona do brechó interpretada por Carol é uma das três ex mulheres traídas por Armandinho (Rodrigo Fagundes). A atriz conta que nunca viveu nada parecido na vida real. Pelo menos, não que ela saiba. “Mas, com certeza, já devo ter sido chifrada. Todo mundo já deve ter passado por isso. Mas, graças a Deus, nunca vivi esse clima de como a Dalva e as outras duas reagem querendo descobrir quem é a outra para poder se juntar e fazer uma revanche, uma vingança. Tive poucos namorados, relações longas. E, no momento, está tudo ótimo, estou bem casada. Acredito muito em reconciliações. De verdade! Mas cada caso é um caso. Se foi em uma balada e deu um beijo na boca, algo en passant, acho que eu perdoaria. Mas se descobrisse que está tendo um caso extraconjugal, acho que seria tchau e bênção. Na verdade, tem que ser conversado, porque, às vezes, você tem uma relação de amor de verdade, que envolve tanta coisa e vai jogar fora por conta de um deslize. Então, dependeria total da situação”, reflete ela, assegurando que nunca traiu.
“Já terminei relação para poder ficar com outra pessoa. Caso contrário, não me sentiria à vontade”, revela. Na vida real, Carol é casada com o engenheiro ambiental Jonas Saide, pai de sua filha, Helena, de 5 anos.
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