*Por Brunna Condini
De volta às novelas em ‘Garota do Momento‘, próxima trama das seis da Globo, como Clarice – mãe da personagem de Duda Santos, a protagonista Beatriz -, Carol Castro celebra o retorno à TV após enfrentar situações difíceis na vida pessoal, como cirurgias no joelho e uma longa recuperação – em novembro de 2023 ela rompeu o ligamento cruzado anterior e também lesionou o menisco do joelho esquerdo -, além da morte do pai, Luca de Castro, em dezembro passado.“Estou feliz de poder voltar trabalhar depois de tudo o que eu venho passando. Me sinto renascendo todo dia ultimamente. A dor traz uma couraça, um amadurecimento, uma fortaleza e também uma necessidade maior de focar em mim”, diz Carol, que também poderá ser vista nos cinemas na comédia ‘Passagrana’ a partir de 19 de setembro, e no drama ‘Ainda somos os mesmos‘, no qual também é co-produtora, no dia 26.
Dentro do período de grandes transformações, ela conta que o relacionamento com Leandro Dias, com quem assumiu o namoro em junho do ano passado, também chegou ao fim. “Terminamos, mas foi tudo muito pensado, conversado. Sabe quando você precisa realmente colocar a ‘máscara de oxigênio’ em você antes de colocar no outro? O Leandro é uma pessoa maravilhosa, amo ele de paixão, teremos uma amizade eterna. Mas esse é um processo que preciso passar sozinha. Foram muitas situações simultâneas, muitas mudanças na vida”.
Ainda estou neste momento de fazer muita terapia, focada em continuar ficando bem. É preciso saber respeitar nossos momentos, limitações. Nos acolher. É isso que tenho feito – Carol Castro
Carol diz que após os últimos tempos, ela passou a valorizar ainda mais o exercício do ofício em sua vida. “Depois que operei e passei meu aniversário de 40 anos em plena recuperação, com a perna roxa, reaprendendo a andar, lidando com a dor diariamente, e a dor física que mexe com o mental, tudo ganha outra dimensão. Foram muitos baques em sequência. São muitos lutos. Meu pai era meu melhor amigo, referência, inspiração. Por mais espiritualizada que você seja, ninguém se prepara para uma perda dessas. É avassalador. Minha vida tem um ar de recomeço. Na verdade, todos os dias são recomeços. É uma virada”.
A partir de 4 de novembro, Carol será vista em ‘Garota do Momento’ como Clarice. A última vez que a atriz atuou em um folhetim também foi no horário das seis, em ‘Amor perfeito’ (2023). Ela fala com exclusividade ao site sobre a personagem que promete ser mais um mergulho profundo seu, desta vez em uma trama ambientada na década 1950, e revela. “Acho que as coisas são como têm que ser. Porque lá atrás, quando eu estava ensaiando uma peça, fui sondada para fazer o papel da Clarice, mas como o espetáculo ia estrear com uma previsão de 10 meses em cartaz, com viagens, achei que não daria para conciliar. Na época optei pela peça, mas por motivos pessoais e físicos, do meu joelho, eu vi que, literalmente, estava dando um passo maior que a perna. Sentia dores e comecei a ter pouco tempo para a fisioterapia e acabei saindo do espetáculo com poucas semanas dos ensaios”, lembra.
“Um tempo depois voltaram a me sondar para fazer a Clarice em ‘Garota do Momento’. Porque fecharam com outra atriz (Débora Nascimento), mas ela também acabou não podendo fazer a personagem. Por isso acredito muito que quando as coisas têm que ser, têm muita força. E que as vezes o personagem escolhe o ator. Isso aconteceu em ‘Veneza’ (longa de 2021) comigo também. Fui chamada para fazer a Madalena nesse filme com o ‘bonde’ super já andando. Acho coisa do coisa do universo e das variações do espaço-tempo, do livre arbítrio de cada um em escolher os caminhos que vai seguir também”, acrescenta.
A arte como missão e cura
“Me considero uma workaholic de certa forma. Às vezes essa palavra tem um tom pejorativo, mas, no meu caso, não é. Pelo contrário. Quando estou trabalhando, e por isso talvez eu trabalhe bastante, talvez seja quando eu me sinto mais viva. E sempre busquei administrar o tempo de qualidade com a minha filha, com os trabalhos, com a culpa, como toda mãe, claro. Mas é isso, a maternidade e o trabalho são duas missões de vida que me fazem sentir mais feliz. A arte salva, me faz bem, é minha essência, minha escola. E é o legado do meu pai de certa forma, de continuidade”, reflete.
Falando sobre a trama de Alessandra Poggi, que traz mulheres à frente do seu tempo lutando contra o machismo e o preconceito, ela detalha: “Clarice é uma mulher daquele tempo casada com um homem negro, que teve o marido morto porque foi confundido com um bandido, que é o pai da personagem da Duda Santos. E ele era um professor de matemática, veja só…minha personagem busca pela justiça, pela verdade, luta contra preconceitos, contra o racismo, em tempos em que poucos faziam isso. É uma mulher muito culta, que valoriza a educação, o pensamento”.
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