*Por Brunna Condini
Já nos primeiros minutos de ‘Ninguém É de Ninguém‘, dirigido e roteirizado por Wagner de Assis e baseado no bestseller homônimo de Zíbia Gasparetto, que estreia em 20 de abril, alguns ‘gatilhos’ são acionados. O filme apresenta de cara alguns tipos de perdas e danos que um relacionamento abusivo pode acarretar na vida dos envolvidos. Em paralelo também oferece um recorte espiritual do tema, falando de karma e desenhando todo um contexto que turbina reflexões sobre as relações tóxicas. Em boa parte do filme o estado é de alerta e a identificação acontece fácil, afinal quem não viveu ou conhece alguém que experimentou algo do tipo? Aflitivo. Para o espectador e para quem está em cena. Conversamos com Carol Castro, a advogada Gabriela do longa, que começa a história bem-sucedida, ascendente, solar, e vai definhando interna e externamente. “Enquanto eu lia, o roteiro me questionava se deveria mesmo fazer esse trabalho. Estava em um momento desgastante da vida. Claro que os ‘gatilhos’ também vieram, mas achei que fazer o filme era uma espécie de missão, com o propósito de alertar as pessoas para a destruição que um relacionamento assim pode causar. Essa personagem representa muitas mulheres. Estamos falando de um país que tem uma das maiores taxas de feminicídio no mundo, então essa história chacoalha”.
Quando percebo que um relacionamento não está me fazendo bem, corto pela raiz. Busco o amor saudável, a parceria, que respeita a liberdade do outro – Carol Castro, atriz
Ao falar sobre a própria espiritualidade, Carol confidenciou. “Desde pequena tenho contato com o espiritismo. Muito por conta da minha mãe. Nunca comentei isso, mas quando eu morava em Natal (RN), ainda criança, me lembro de ter visto a minha bisavó que já havia morrido. Na hora eu não sabia quem era, porque não conheci. Sai correndo e desenhei a roupa dela. Quando a minha mãe viu, chorou muito. Disse que era a roupa preferida da avó que ela amava, Cecília, nome com o qual também foi batizada. Nessa época minha mãe ainda psicografava, então tive um contato muito verdadeiro com essa realidade”, partilha Carol, que também poderá ser vista em breve na novela das seis da Globo, ‘Amor Perfeito’.
“Também conheci algumas religiões como o catolicismo, o budismo, li livros sobre o sufismo, e tudo me fez muito bem. Costumo dizer que sou uma mulher de fé. Todas as noites rezo o ‘Pai Nosso” e a Ave Maria’, sou devota do Arcanjo São Miguel. Mas posso dizer que esse filme fez eu me reconectar com o espiritismo, até porque acredito que tudo dá em um único lugar, em uma força maior. Fazer esse trabalho foi um renascimento, virei minha vida em 360 graus de resoluções. Esse filme me transformou em muitos sentidos. Como mulher, profissional, como mãe, me sinto muito grata. Me exigiu bastante, física, psicologicamente, até por que eu já estava passando por coisas duras, mas foi uma grande oportunidade de mostrar o meu trabalho em várias facetas na mesma produção. A personagem tem um arco dramático com muitos altos e baixos, praticamente o desenho dos batimentos de um monitor cardíaco (risos). Espero verdadeiramente que esse filme possa ajudar as pessoas, como me ajudou, de certa forma. A arte tem o poder de entreter, mas também de informar, alertar, despertar e curar”.
Ninguém é de ninguém, isso define. O amor é cheio de imperfeições, como nós, mas se é robusto, resiste – Carol Castro, atriz
Amor bom
Motivada pelos assuntos relevantes que a produção levanta, ela observa: “O filme também chama a atenção para a importância de ter a saúde mental em dia, cuidar de si mesma. E mostrar o verdadeiro significado do amor, que não é a posse. Amor bom é o que te deixa livre, é parceiro, vibra com as suas conquistas”.
Desde pequena tenho contato com o espiritismo. Ainda criança, me lembro de ter visto a minha bisavó que já havia morrido. Esse filme me reconectou com a espiritualidade – Carol Castro, atriz
E vai além. “No filme a situação de abuso já está instalada, mas é possível perceber indícios mais sutis que podem levar para um tipo de relação assim. Como quando você percebe que o outro não está te ouvindo, por exemplo. A falta do olho no olho, do carinho, do saber vibrar junto, saber dividir. Os sinais estão nos detalhes, na sua intuição. Eu, por exemplo, quando percebo que um relacionamento não está bom, não está me fazendo bem, corto pela raiz. Mas para perceber isso, é preciso estar conectada à sua essência. Busco o amor saudável, a parceria, que respeita a liberdade do outro. Ninguém é de ninguém, isso define. O amor é cheio de imperfeições, como nós, mas se é robusto, resiste”, conclui.
Amor Perfeito
Aos 39 anos e com 30 de carreira, a atriz celebra seu retorno às novelas – sua última trama foi ‘Órfãos da Terra’ (2019) – e fala sobre sua personagem em ‘Amor Perfeito’. No folhetim, ela é Darlene, uma mulher que vive romance proibido com um padre, e é mãe solo de uma menina que ficou paraplégica após contrair poliomielite. “A personagem entra na novela mais para frente, provavelmente daqui a um mês. Ainda não estou caracterizada e nem fiz prova de figurino. Posso dizer que ela é uma mulher, mãe solo, que vai passar por muitos desafios. A trama levanta essa importância da vacinação. Também achei muito importante que a minha filha na ficção vá ser vivida por uma atriz cadeirante, a Vitoria Pabst, que é uma criança iluminada. Não vejo a hora de começarmos a contracenar”.
Achei que fazer o filme era uma espécie de missão, com o propósito de alertar as pessoas para a destruição que um relacionamento assim pode causar. Essa personagem representa muitas mulheres – Carol Castro, atriz
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