* Por Carlos Lima Costa
Em meio ao caos da pandemia da Covid-19, o ator Carlo Porto, intérprete de Adão, da história bíblica com Eva, um dos principais personagens da fase inicial da novela Gênesis, que estreia nesta terça, dia 19, viveu um momento de redenção. Em 20 de agosto nasceu Maria Liz, primeira filha do casamento com a cantora Liah Soares, participante do The Voice Brasil 2012. Quando a pandemia do novo coronavírus começou e pouco se sabia sobre o vírus, houve um momento de apreensão. Ao mesmo tempo, a gestação era a esperança de equilíbrio do casal. “Se por acaso fossemos testados positivo para Covid-19 não saberíamos como seria para a gestante e o bebê. Estávamos navegando em um mar de dúvidas. Tinha tudo para ser um ano tenebroso. Mas a expectativa da chegada da Maria Liz ocupou a nossa cabeça, ajudou o nosso psicológico e nos salvou da loucura de 2020”, pontua ele, que se envolveu com Liah, em 2017, época em que gravava Carinha de Anjo, no SBT.
“Optamos pelo parto natural, humanizado, sem excesso de intervenção médica. Ela começou a sentir contrações no dia anterior. Quando chegou na maternidade, passou apenas uma hora até o nascimento. Fui o primeiro a pegar a Maria Liz, ela veio nas minhas mãos, eu cortei o cordão umbilical. Foi um momento de beleza indescritível, um dia para não esquecer jamais”, relembra emocionado.
Quando as gravações de Gênesis foram retomadas, no quarto semestre do ano passado, Carlo pôde permanecer tranquilamente ao lado de Liah e Maria Liz, afinal, gravou sua participação há um ano, quando ninguém vivia ainda essa inconstância do dia a dia. “Faço tudo por minha filha. Decidimos não ter pessoas nos auxiliando com os afazeres. Eu troco praticamente 100% das fraldas. Usamos a ecológica, como as de antigamente”, relata um pouco sobre o ritmo de vida atual.
E lembra a canção Jardim de Liz, que a mulher compôs para a filha durante a gravidez e que foi lançada logo após o nascimento. “Ela produziu, canta, toca, gravou o videoclipe, mescla imagens da época da gravidez com imagens do parto. O clipe ficou bem bonito”, conta ele, que em 2020, concluiu o curso na Escola de Arte Dramática na USP. Liah, aliás, gravou este ano com o Rei Roberto Carlos. O dueto na canção A Cor do Amor, vai estar na trilha da novela Um Lugar Ao Sol, que substituirá Amor de Mãe.
Carlo prossegue relatando transformações pelas quais passou no decorrer dos meses. “Este foi um ano de muitas reflexões pessoais, aprender a conviver isolado do mundo, de estar em casa conversando todos os dias com minha mulher. O Carlo Porto de antes e o de agora são pessoas diferentes. Sou um cara mais pé no chão ainda. E estudei muito sobre paternidade. Agora, sei que tipo de pai eu quero ser e a relação que desejo ter com a Maria Liz: alguém que tem o afeto como ferramenta principal na criação da filha”, frisa ele, que completa 40 anos em setembro. “Me vejo chegando nessa idade com a pessoa que gosto, nós dois apaixonados por esse serzinho, acordando com esse sorriso bonito, que nos enche de ânimo”, ressalta o ator, que em seu currículo tem uma novela gravada, em Portugal, Alma e Coração, na SIC, em 2018/2019. Já no teatro, por exemplo, soltou a voz no musical A Noviça Rebelde. E chamou atenção na série “Onde Nascem os Fortes”.
A expectativa agora é para a esteia da novela Gênesis, nesta terça, cuja fase inicial mostra a história de Adão e Eva (Juliana Boller). “Adão é uma figura emblemática que todos conhecem. Sabia que tinha uma missão difícil, pois ele está no conhecimento coletivo. Já tinha lido sobre Adão, mas o texto nos apresentou perspectiva nova. Precisava contar como era a ligação do casal, com os filhos, pontos que a Bíblia não aborda. Ressentido com Eva, ele virou homem bronco, amargo, lidava com o sexo feminino de forma que pra gente hoje seria quase inconcebível, um machismo que não podemos deixar passar. Extremamente misógino, violento em alguns momentos, Adão foi se tornando isso com o passar do tempo”, explica.
E prossegue: “Esse é um dos temas fortes da primeira fase dessa novela da Record, que está muito bonita. É cinema mesmo o que está sendo feito. Quando fui aprovado não sabia que iria ter que dar conta disso. O número de feminicídios no Brasil foi para a estratrosfera nos últimos nesses durante a pandemia, é a realidade, hoje. Adão tem isso, não soube lidar com a questão. E sempre jogou isso nas costas da parceira, responsabilizou a mulher, não conseguia reconhecer a culpa do que ele fez, suas atitudes, as faltas, defeitos. Vai ser muito legal levar esse tema pra todo mundo no momento em que vivemos”, assegura.
Qual a religião de Carlo? “Sou cristão. Gosto da cultura do relacionamento com Deus”, diz ele, que foi criado em família protestante, mas tem a Bíblia como base. É na relação com Deus que encontra forças nos momentos difíceis. “Não poderia viver sem deixar de acreditar em alguma força maior que olha e mantém tudo isso, senão viveria enlouquecido. Tenho um quarto, meio escritório, onde fico quieto, faço minha oração, medito, falo com Deus. Ele me dá o alívio de que preciso”, observa.
Mesmo tendo comportamento low profile nas redes sociais, como ele mesmo diz, Carlo já teve aborrecimentos. “Estamos em um país dividido, polarizado. Às vezes, temos que falar nas redes o que pensamos e grande parte não quer ouvir. Aí criticam nos comentários e experimentei isso dessa cultura do cancelamento, mas isso é normal. Toda vez que lida com política é assim”, observa. E conclui: “Esse ano de 2021 é o da esperança. Tenho alimentado pensamentos positivos para o Brasil. A vacina vai fazer total diferença. Vamos começar a crescer”, espera.
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