*Por Brunna Condini
Com a eliminação de Projota na noite desta terça-feira, com 91,89% de votos do público, no Paredão em que disputou com Thaís e Pocah, o jogo tende a mudar e muito. As duas tiveram votações insignificantes: a goiana, 6,72% dos votos, e a cantora, 1,39%. Com a saída do músico, o ‘gabinete do ódio’ dessa edição se dissipou. Faltou o ‘mea culpa’ di grupo? Ao falar com Tiago Leifert, Projota parecia não acreditar na eliminação e no alto índice de rejeição.
O jogo mudou. Será que agora realmente vai começar uma nova temporada? A saída do rapper vai ser um golpe duro para Arthur. Será que ele, enfim, vai querer jogar com Carla Diaz ? Será que ela vai topar ainda ou vai começar a mudar suas escolhas e aliados? As próximas cenas do reality prometem ser ainda mais intensas. E nós, seguimos acompanhando.
Mas hoje vamos falar de Carla Diaz. Vem com a gente?
A atriz já vem demonstrando sua insatisfação com o comportamento do instrutor de crossfit. Tanto que, na tarde desta terça-feira, desabafou com João Luiz: “Eu estou vendo ele muito estressado e só querendo jogar. Tipo um carinho, querendo ir atrás e tal. Mas, no coletivo, isso tá rolando, mas comigo há uma certa dificuldade. Parece que eu estou mendigando”.
Carla e um romance no meio do caminho
A atriz diz não entrou no BBB21 de olho na popularidade, embora saiba que em vivendo essa ‘novela da vida real’, a visibilidade aumenta, para o bem e para o mal. Atriz desde a infância, vimos Carla crescer pela TV, inclusive, no momento, ela pode ser vista na reprise do Vale a Pena Ver de Novo, na novela ‘Laços de Família’ (2000), como a pequena Raquel, e, mais recentemente, em ‘A Força do Querer’(2017), em edição especial por conta da pandemia.
Carla é talentosa e tem feito papéis em ótimas produções ao longo da carreira. Antes do confinamento no Big Brother, ela se preparava para lançar os filmes ‘A menina que matou os pais’ e ‘O menino que matou meus pais’ sobre o Caso Richtofen, que chocou o país. Nos longas, a atriz interpreta Suzane Von Richthofen, mas as estreias foram adiadas também em razão da epidemia da Covid-19.
Aos 30 anos, a paulista decidiu colocar um reality no meio do currículo, o que não é nenhum ônus, e lembramos de uma conversa que ela teve com Arthur pouco tempo depois da estreia do programa, explicando a razão de ter topado a aventura: “Um dos motivos de vir, de ter batido o martelo, foi porque quem não é visto não é lembrado”. A atriz relatou ainda que o ano de 2020 foi um dos mais difíceis por conta do diagnóstico de câncer (já curado) na tireóide, e também por projetos de trabalhos adiados, produções paradas dentro deste cenário do coronavírus que colocou parte da vida de muita gente em em suspenso.
E se o BBB20 bateu todos os recordes de audiência, sendo considerada uma edição histórica pela inovação em misturar gente famosa convidada com anônimos inscritos, por quê, não estar no BBB21? Carla topou, se jogou e começou a jogar, a seu modo. Mas será que ela esperava se envolver com alguém? Mas lá estava Arthur Picoli, o instrutor de crossfit, no início do caminho.
Flechada, pacto e falta de reciprocidade
Foi em uma das festas do BBB21, há pouco mais de um mês, que Carla Diaz e Arthur conversam sobre o aplicativo Flecha e, após ele simular uma flechada nela, os dois trocaram beijos. De lá para cá, muita história já rolou. Boa parte do público nas redes não simpatiza com o casal desde o começo: as pessoas acreditam que a dupla não ‘comprou’ o jogo um do outro e que falta reciprocidade de Arthur. O sentimento geral é de que ele trata a relação com certo desdém e que falta responsabilidade emocional.
Quando Carla foi para o Quarto Secreto, o casal estava afastado e estremecido. Ao perceber que não foi eliminada do jogo, ela rapidamente quis ouvir o que falavam dela na casa. Entre outras descobertas, viu um Projota manipulador, mas não ‘enxergou’ atitudes de Arthur, que todos dentro ou fora do confinamento enxergam: pouco empática e de uma manipulação tóxica, inclusive ‘soltando a mão’ da atriz em diversas situações no jogo.
O público ansiava que em seu retorno Carla começasse a perceber que a relação não estava fazendo bem, mas de cara, foi o contrário: Carla se declarou para Arthur de joelhos: “Aceita ser meu parceiro no amor e no jogo?”. Ele aparentemente topou. E, mesmo depois da declaração em rede nacional, o relacionamento continuou desandando.
O público ficou decepcionado com a atriz, já que esperava uma volta triunfal, com todas as reviravoltas latentes. Mas no BBB e na vida, nem todo mundo consegue identificar que está em uma relação com um narcisista. A jornalista Maíra Azevedo, a Tia Má, refletiu sobre a situação em seu Instagram: “O BBB nos possibilita refletir, inclusive sobre a dificuldade de uma pessoa reconhecer que está em uma relação tóxica! A reação de Carla ao voltar, onde ela se joga nos braços do cara, que era o único que poderia impedir que ela fosse “eliminada” se desse a imunidade, é um exemplo do que acontece em várias relações, nas quais o cara tem comportamentos adoecedores e mesmo assim, a outra pessoa insiste em permanecer nessa história”.
E segue sua análise: “Carla não me decepcionou, eu já esperava essa reação dela voltar e ficar novamente com Arthur. O povo aqui fora que estava com muita expectativa e achando que iria ter reviravolta. Ela agiu como antes, e ainda acho que vai sofrer mais por conta dessa relação. Uma pena! Minha preocupação é que outras mulheres que estão em relacionamentos ordinários naturalizem essas posturas! Não quero que Carla leve o prêmio, mas torço para que ele recupere o seu amor próprio, pois esse sim, vale mais do que milhão! #bbb #bbb21 #relacionamento”.
Mais sororidade e menos julgamento
Quem nunca se enganou sobre a ‘saúde’ de uma relação? Quem nunca se iludiu ou foi uma empata durante uma relação com um narcisista perverso na qual só serviu de suprimento? Mas o que percebemos em nosso meio social é que as críticas são mais duras quando se trata de uma mulher. A relação entre Carla e Arthur tem levantado discussões sobre machismo, relações tóxicas e masculinidade frágil, inclusive nas redes sociais com a participação das atrizes Juliana Paes e Deborah Secco. No entanto, muita gente prefere manter o julgamento apenas no comportamento e nas escolhas da atriz. “Muitas pessoas têm feito análises pretensamente profundas sobre os participantes do BBB, o que é um perigo, uma vez que não conhecemos estas pessoas. Vemos uma parte editada do que elas mostram num programa de TV, que já não é a vida real. Não dá para traçar um perfil sobre quem é Carla Diaz e por que ela se submete a um relacionamento com Arthur, que claramente a deprecia”, analisa a pesquisadora de Narrativas Femininas Maria Carolina Medeiros.
“O que podemos pensar é nas razões históricas e sociais por trás de relacionamentos deste tipo. Mulheres são socializadas para se entenderem como mulheres mediante a performance da feminilidade e a companhia de um homem. A vida da mulher em sociedade está condicionada a um relacionamento conjugal, sendo comum dizer que se algo dá errado na relação, a culpa é dela. Vimos isso no julgamento de Rodolffo sobre Carla: segundo ele, Arthur ter dado o colar do anjo para Projota era consequência de Carla não ser uma parceira leal. Para Rodolffo não se tratava de uma decisão de Arthur, e sim de uma reação a um comportamento de Carla. A culpabilização da mulher, atitude machista de Rodolfo, é frequente justamente por esta performance esperada: a mulher precisa cuidar, ser feminina, obediente para encarnar o ideal de feminilidade. Caso contrário, decepciona e ela própria se sente mal: afinal, foi criada e socializada para não desagradar e para só se entender como mulher com um homem ao seu lado. Desconstruir isso é fundamental até para termos relacionamentos saudáveis, se assim desejarmos”.
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