Capitanias hereditárias? Com filho de Faustão estreando programa na Band, listamos nepo-babies e “nepo-families” na TV


Cada vez mais cresce o número de nepo-babies no entretenimento. Não é algo exatamente novo na televisão a presença de artistas cuja ascendência foi definitiva para facilitar a chegada deles à TV. Desde o início das trasmissões da TV no Brasil. No último fim de semana estreou o primeiro programa solo de João Guilherme Silva, na Band. O “Programa do João” conseguiu uma audiência honesta, ainda que tenha sido classsificado como apático pela crítica especializada. João, porém, não é o único. São muitos os casos de nepo-babies entre os apresentadores. Mesmo Carlos Alberto de Nóbrega, com mais de 50 anos de carreira, foi amparado pelo pai, o veterano Manoel de Nóbrega (1913-1976) quando no início da carreira. Veja!

*por Vítor Antunes

Nas aulas de História  do ciclo básico todo aluno é apresentado ao conceito de “Capitanias Hereditárias“, sistema no qual a herança do território brasileiro – na ocasião uma capitania – era passado de pai para filho. Esse princípio não parece distante do que ocorre na televisão brasileira, que desde o início de sua História abarca pessoas múltiplas em suas fileiras. Algumas entram por méritos, outras, por indicação. Há ainda aqueles que têm caminhos facilitados, em razão de ter pais/cônjuges/parentes já plenanente inseridos na indústria. São os nepo-babies. E não são poucos os privilegiados desta maneira. Tanto no jornalismo, como na comunicação, como nas novelas, o aparentado acaba influenciando e há ali, um “empurrãozinho”.

Entre os apresentadores de TV, tal expediente não é incomum. Quando estreou na Band, em janeiro do ano passado, Faustão colocou seu filho João Guilherme como co-host, junto à Anne Lottermann. Com o fim do “Faustão na Band“, o apresentador deixou a casa – numa separação turbulenta -,  mas seu filho foi promovido e ganhou um show para chamar de seu, o “Programa do João“, que estreou no último sábado (21). Com uma audiência modesta, mas adequada para os padrões da Band, 2,7 pontos, a atração ficou no quarto lugar de audiência. Os diretores do “Programa do João” são os mesmos não apenas do “Faustão na Band“, mas do “Domingão”, programas que o patriarca fazia na Globo: Cris Gomes, Beto Silva e Renato Moreira. Cogitava-se inclusive que outro rapaz, João Augusto Liberato, filho de Gugu, também tivesse um programa para si. Algo que, até agora, não aconteceu. Veja outros quatro casos, além de João Silva, de nepo-babies famosos cujos pais também eram apresentadores.

Na teledramaturgia não são poucos os casos. Cassiano Gabus Mendes (1929-1993), por exemplo, poderia estender o conceito de nepo-baby – título do qual recebem as pessoas cujos pais são famosos e/ou privilegiados – para algo maior: O nepo-family! Cassiano era filho de Otávio Gabus Mendes (1906-1946), jornalista e radialista. Cassiano iniciou sua carreira no Rádio e através dele chegou na TV, naturalmente na Tupi, a pioneira. Numa novela cuja ideia original era dele, “Beto Rockfeller” (1969) o protagonista era seu cunhado, Luís Gustavo (1934-2021). Quando Cassiano vai para a Globo, na primeira novela sob sua autoria na casa, “Anjo Mau“, está lá Luiz Gistavo, além do filho do autor, Tato Gabus Mendes, que estreou nesta novela. Aliás, Cassio Gabus Mendes também estreia numa novela do pai “Elas por Elas” (1982).

João e Fausto Silva. pai e filho são apresentadores de TV (Foto: Reprodução/Band)

Carlos Alberto de Nóbrega/Manoel de Nóbrega (1913-1976)

Carlos Alberto é um exemplo de que a trajetória dos nepo-babies é antiga. O apresentador e roteirista da “Praça é Nossa” é filho de Manoel de Nóbrega. Junto ao seu pai, começou a carreira no Rádio e na antiga Rádio Nacional nos Anos 1950, e escrevia os roteiros do programa do veterano. Passou pela TV Paulista – precursora da Globo em São Paulo – pela própria Globo e pela Record. Quando seu pai era vivo, e fazia parte do casting da líder de audiência, Carlos Alberto não apresentou o programa. Roteirizava-o. Ele só viria a liderar o show, quando vendeu o formato para a Bandeirantes, em 1987. Poucos dias depois de estrear na TV do Morumbi,  Sílvio Santos contratou Carlos Alberto, e assim nasceu a “Praça é Nossa“, que está há 36 anos no ar, no SBT. O filho de Carlos Alberto, Marcelo Nóbrega, chegou a apresentar o programa episodicamente, mas hoje só o dirige.

Já próximo dos 90 anos, Carlos Alberto de Nóbrega começou trabalhando com o pai, nos Anos 1950 (Foto: Reprodução/SBT)

Sílvia, Rebeca e Patrícia Abravanel/Sílvio Santos

Silvio Santos tem seis filhas. Inclsuive, nos seu sprogramas, enquanto interagia com a plateia, quando havia alguma “colega de trabalho” homônima a uma de suas filhas ele dizia que a pessoa do auditório tem “o nome da minha filha de número tal”. Das seis herdeiras do dono do SBT, três também são apresentadoras: Sílvia, Rebeca e Patrícia Abravanel. Sílvia estreou na extinta AllTV, em 2003, e no ano seguinte pegou seu primeiro programa na TV do pai, o “CAsos da Vida Real”,no mesmo ano. Em 2004 fez o esquecido – e esquecível – “Programa Cor de Rosa“. Nos anos subsequentes, Sílvia apresentou vários outros programas, inclsuive o “Sábado Animado” e o “Bom Dia e Companhia”. Rebeca Abravanel estreou em 2017 na telinha como apresentadora titular. Até hoje Rebeca está à frente do “Roda a Roda Jequiti“, também no SBT. Patrícia streou no SBT em 2011 e no ano seguinte teve o seu primeiro programa solo, o “Cante se Puder”. Atualmente é a titular do “Programa Sílvio Santos“.

Sílvio Santos e suas filhas que, tal como ele, são apresentadoras (Foto: Reprodução)

Jorge Perlingeiro/Aérton Perlingeiro (1921-1992)

Jorge Perlingeiro é filho do veterano Aérton Perlingeiro (1921-1992) . Enquanto seu amigo e quase homônimo Ayrton Rodrigues (1922-1993) fazia o programa “Almoço com as Estrelas” na Tupi de São Paulo, Perlingeiro o fazia no Rio. Na sucursal carioca da Tupi, Aérton também tinha um show com seu nome. Na década de 1970, tinha um quadro no programa de seu pai, o “Samba de Primeira”, que mais tarde daria origem a um show solo que transitou por várias emissoras, sendo a última a CNT. Importante ressaltar que Perlingeiro esteve na vigília prévia ao fechamento da TV Tupi, e era uma das pessoas que solidariedade cristã do presidente João Baptista Figueiredo (1918-1999) para não fechar a TV pioneira. Porém, nada foi capaz de sensibilizar o Dentel (Departamento Nacional de Telecomunicações), que prosseguiu com a iniciativa de lacrar os transmissores da Tupi carioca e encerrar as atividades da emissora. Depois da falência da TV de Assis Chateubriand (1892-1968). O envolvimento de Perlingeiro com o mundo do samba acabou por levá-lo a fazer a locução da apuração do carnaval do Rio, e ao cargo que ocupa hoje, de presidente da Liga Independete das Escolas de Samba (Liesa). Ano que vem será susbtituído por Gabriel David – outro nepo-baby, filho do contraventor Anísio Abraão David, presidente honorário da Beija-Flor de Nilópolis.

Jorge Perlingeiro na vigília que objetivava impedir o fechamento da TV Tupi (Foto: Reprodução/TV Tupi)

Joel e Vicente Datena e Letícia Wiermann/José Luiz Datena

Dos cinco filhos de José Luiz Datena, três são jornalistas e/ou apresentadores. Entre os rapazes, os dois chegaram a apresentar o “Brasil Urgente”, no qual “Datenão” é o titular. Vicente e Joel ainda são apresentadores eventuais, ainda que o segundo seja o titular do “Bora Brasil“, noticioso matutino da Bandeirantes.Além deles, Letícia Wiermann também é jornalista e apresentadora. Tal como o pai, também faz coberturas voltadas à pautas esportivas, ainda que ela seja mais voltadas ao autobomilismo. O patriarca fazia, quando jovem, jornalismo esportivo.

Joel e José Luiz Datena. Ambos apresentam o Brasil Urgente, na Band (Foto: reprodução/TV Bandeirantes)