Canal FOX estreia série ‘A prata da casa’, uma produção 100% nacional com elenco estrelado. O site HT conversou com a turma com exclusividade!


A nova série da FOX oferece um humor mais sofisticado do que são oferecidos no Brasil, atualmente. No elenco, atores como Diogo Vilela, Pedro Paulo Rangel, Rodrigo Pandolfo, Françoise Forton, Flávia Garrafa, Wagner Santisteban e Victor Sarro jogam entre os gêneros comédia e drama

Atualmente, as séries são as grandes campeãs de audiência no mundo. A Netflix, por exemplo, vive da exibição e produção destes conteúdos. No Brasil, o formato vem ganhando força, mas qualidade já é de alto nível. A nova produção do canal FOX, por exemplotraz no elenco grandes atores brasileiros como Diogo Vilela, Pedro Paulo Rangel, Rodrigo Pandolfo, Françoise Forton, Flávia Garrafa, Wagner Santisteban e Victor Sarro e tem no roteiro um grande trunfo. “Eu e a FOX apostamos na mistura da comédia com o drama. Tem uma história por trás, como em Modern Family. É um sitcom moderno. Contratamos atores que soubessem fazer os dois. O desafio era não pesar demais para um lado só nos episódios”, explicou o diretor André Pellenz que já fez parte da equipe do filme ‘Minha mãe é uma peça’ e a série infantil ‘Detetives do prédio azul’. A história de ‘A prata da casa’ gira em torno de uma família de classe média que vive várias aventuras, os pais estão passando por um divórcio e tem um filho meio maluco. Com 14 episódios de meia hora, a sitcom, que foi filmada em São Paulo, teve a sua pré-estreia na quinta-feira da semana passada e reuniu o elenco e a imprensa para assistir o primeiro capítulo.

Elenco reunido na pré-estreia (Foto: AgNews)

A palavra chave que saiu da boca de vários integrantes do elenco foi a sofisticação. “O resultado é gratificante porque eu sinto que estou fazendo algo mais consistente do que as comédias que vemos na telinha. Não são episódios soltos”, afirmou o diretor. Todos os atores se mostraram muito felizes com o texto e a contextualização do humor. “A série está muito inteligente, talvez por estar na FOX o humor é mais rebuscado. Espero que as pessoas curtam essa pegada assim como eu e aproveitem minha estreia na tv. E se não gostarem não mandem críticas”, brincou o comediante Vitor, que faz um dono de academia e é o melhor amigo do personagem de Rodrigo Pandolfo.

Pedro Paulo Rangel e Flávia Garrafa (Foto: AgNews)

O fato do formato ser tão repercutido no mundo gera um questionamento: será que é o fim das novelas inspiradas nos folhetins do início do século XX? Por ainda ser um mercado em formação no país, a equipe afirmou que o formato é um pouco americanizado, junta as referências dos folhetins com os programas do exterior. Simultaneamente, alguns membros acreditam que o a diminuição da quantidade de capítulos pode ser o futuro do audiovisual. Apesar de nunca ter dirigido este tipo de núcleo, André explicou que demanda mais tempo da equipe pois é preciso lançar um capítulo por dia. Para o diretor, esta forma de exibição pode ser alterada para algo mais compacto como os da sitcom, mas acredita que os longos episódios de mais de uma hora não vão morrer. Diogo Vilela, que faz o Maurício, um pai preocupado e que está se separando, sente que este produto não anula os outros, é apenas mais uma forma de trabalho digno que deve ser valorizado. “A diversificação do modelo de arte amplia o mercado, que, para o artista e o telespectador, é ótimo. Mas não se pode anular o valor da novela porque vai gerar um efeito oposto”, opinou o ator. Ambos os produtos devem completar um ao outro, para que o público se beneficie com a chegada desta nova arte. Se estamos diante da nova televisão ou não, Rodrigo não sabe. Ele, que atua como o Sergio Henrique é um romântico incondicional, prefere acreditar nos dados que mostraram que o país, cada vez mais, está consumindo este produto. “A principal diferença para o que assistimos hoje é a facilidade de horários. Não precisa acompanhar na hora porque as pessoas podem ter acesso pela internet”, sugeriu.

Rodrigo Pandolfo e Françoise Forton (Foto: AgNews)

No entanto, Françoise Forton, que atua como Hercília, uma mulher autêntica e determinada, rebate, pois, segundo ela, o formato pode significar a televisão do futuro. Os episódios são sólidos e já tem um final preparado que não é alterado. “Existem muitos atores que não são absorvidos pelo estilo que temos atualmente de mercado e se encaixam no perfil de série”, afirmou a atriz.  Para Pedro Paulo, precisamos nos espelhar nas produções do exterior porque a novela é algo ultrapassado. O ideal é que as emissoras repensem como fazer os programas de entretenimento. “Os outros países estão investindo em produtos menores. Apenas os lugares menos desenvolvidos fazem materiais com mais de duzentos capítulos. É preciso buscar algo mais dinâmico. Nos Estados Unidos, por exemplo, uma série tem vários roteiristas categorizados por funções, precisamos dessa especialização. Estamos fazendo os mesmos programas há quarenta anos, às vezes, com os mesmos atores e personagens. O público acaba ficando anestesiado. As pessoas me perguntam porque não estou mais na televisão. Mas estou, a questão é que tv não é só novela”, criticou.

Rodrigo Pandolfo (Foto: AgNews)

Em paralelo a isso, Wagner Santisteban, o mais novo do elenco, contou que só assiste novela quando está muito envolvido com a trama. Representando a nova geração de telespectadores, ele afirmou que as pessoas não têm paciência para algo longo. No entanto, sugeriu que a televisão já está buscando novos modelos para melhorar e acompanhar o público.  “A novela mesmo está se reinventando, por causa disso. Por exemplo, hoje em dia, os escritores resolvem alguns problemas em uma semana e fica quase um formato de série. Apesar disso, o resto do mundo tem preferido os materiais menores, então é bom que a gente comece a investir nisso”, contou Wagner. Além disso, acredita que o roteiro também deve ser alterado. De acordo com o ator, os sentimentos são muito detalhados sem necessidade, um simples olhar ou gesto resume tudo.

Françoise Forton (Foto: AgNews)

Parte dos questionamentos surgem pela crise que o Brasil está passando. Segundo Diogo, estamos passando por uma transição de valores. Ele afirmou que apesar de ter muitos prêmios, não tem mérito no meio, no entanto, ele quer que o público tenha consciência da importância da cultura e do papel dos artistas nesta função. “Peças boas estão lotando, as pessoas estão indo assistir as peças. Se o brasileiro não gostasse de teatro não haveria carnaval, que é melhor que o espetáculo da Broadway. Temos muito potencial para público, o que acontece é uma falta de incentivo na área da pesquisa de novas linguagens e na parte do governo, porque é uma arte que precisa de fomento. Se deixarmos de lado, perdemos uma massa intelectual fortíssima, uma perda parecida a parar de ler. O século XX, com a forte propagação da imagem, tirou o valor da minha profissão, não estou aqui para aparecer. Meu papel é fornecer cultura, a personalidade sobrepôs a essência dramática. Para mim, depois da religião, o teatro é a fonte mais importante que temos de informação e propagação de questionamentos”, lamentou o artista. De acordo com o ator, a política no Brasil não incentiva a pesquisa que seria a maior arma que temos contra o desinteresse do povo. Afirmou estarmos caminhando para uma pátria sem pensamento crítico. Simultaneamente, Pedro Paulo disse ser pessimista quanto a situação do país que, para ele, vai piorar bastante. “Acredito que somos um povo condenado à esperança”, filosofou.

Victor Sarro (Foto: AgNews)

Depois de um ano das filmagens, o elenco se reuniu para ver o resultado final. O ator Pedro Paulo Rangel afirmou não se lembrar de nada do que fez. “A gente grava, mas não sabe como é montado, só vemos depois. É bom fazer um produto que fique pouco tempo no ar. O trabalho é tão grande quanto uma novela, por exemplo. Mas o diretor é muito talentoso haja visto a qualidade do que já fez”, salientou fazendo referência as outras séries de sucesso que o diretor André já participou. Rodrigo já deu uma espiada no episódio e comemorou o resultado. “Estar na FOX fazendo este tipo de humor é gratificante, um trabalho inédito na tv brasileira”, completou. Na comic con de Recife, o público já conferiu o produto e, segundo Françoise, receberam com muita risada.

Françoise Forton e Wagner Santisteban (Foto: AgNews)

A melhor parte da experiência, de acordo com Wagner Santisteban, foi a liberdade e desafios que as loucuras do seu personagem lhe permitiam explorar. “Já fiz vários nerds na minha vida e quando peguei o roteiro pensei como poderia fazer mais um de forma diferente. No final, não precisei fazer nada porque ele faz coisas bem malucas como aparecer de holograma para a família, voltar de dreads de uma rave ou ir para uma guerra. Adoro fazer comédia, em uma época me questionei se eu só sabia fazer isto, mas sei que são as oportunidades. O bom desse personagem é que consigo jogar muito, tenho umas cenas mais sérias”, explicou Wagner Santisteban. Segundo ele, foi como atuar quatro personagens diferentes numa mesma série, por isso o nível de atuação foi muito rico. Apesar das diferenças, a forma de falar era a mesma o que demarcava quem o garoto realmente era. Os roteiristas abriram espaço para o universo do surrealismo colocando elementos que, de acordo com o Wagner, só existiriam em desenho animado. “Se tiver uma segunda temporada estou ferrado porque tudo pode acontecer”, brincou.

Diretor André Pellenz (Foto: AgNews)

Para quem estranhou o sumiço de Diogo, o ator contou que, em razão do seu aniversário de sessenta anos, se ausentou do trabalho pela primeira vez. Já Pedro Paulo confirmou que não vai mais fazer novelas, mas que podemos prestigiá-lo em séries e no teatro. “São quarenta anos fazendo, já está bom, né? Ter duzentos capítulos com o mesmo personagem era uma prisão para mim como ator”, explicou. Flávia Garrafa afirmou que este ano pretende começar a escrever uma série adaptando da sua peça ‘Fale mais sobre isso’, que está em cartaz há dois anos. Além disso, este ano começam as filmagens de ‘O candidato honesto 2’ com o Leandro Hassum.