*Por Brunna Condini
Atração carro-chefe da Record, A Fazenda 15 está prevista para terminar em 15 de dezembro. Para os apaixonados por reality, sai o rural, exibido pela emissora de Edir Macedo, e entra o Big Brother Brasil, na TV Globo, a partir de 8 de janeiro. E, embora o último BBB não tenha agradado muitos espectadores por conta do favoritismo de alguns grupos e da vitória da médica Amanda Meirelles, considerada inexpressiva dentro do jogo, parece que a atração comandada por Boninho ainda sai na frente. E não só no quesito audiência e preferência do público, itens já divulgados em estudo da empresa de tecnologia MindMiners (2022). Para além da análise e comparação de dinâmicas de jogo dos dois realities, o que chama a atenção, é que se A Fazenda quis superar o BBB em alguma coisa, em um quesito se torna bem claro que obteve êxito: no conteúdo tóxico que exibe através de cenas de desrespeito sem fim entre seus participantes. É muita baixaria, não tem dado para salvar nada.
A audiência de A Fazenda 15 começou preocupante, sendo considerada a mais baixa da história do programa, e apresentou reação ao longo do percurso. No entanto, conforme já divulgado por alguns sites, o reality ainda apresenta retorno aquém do esperado: tanto comercialmente, quanto em repercussão. Será que o público, enfim, escolheu não ser espectador maciço de tanto descontrole na TV? E falando do Big Brother, será que as novidades divulgadas por Boninho na CCXP 23, em São Paulo, como o fato de que essa será uma edição com participantes mais populares, dará fôlego para mais versões do reality? É o que pensaremos juntos a seguir.
“O público pediu e a gente vai trazer um BBB mais popular. Uma das perguntas essenciais que fizemos foi: ‘Você está devendo no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito)? Então pode entrar”, contou Boninho, e esclareceu: “O prêmio pode chegar a três milhões de novo, é um valor que muda a vida de qualquer um”. Ao referir-se aos participantes devedores, parece que para o diretor, o que é popular também vem com o combo humilhação. Seria então, a nova versão do reality, algo como “os humilhados serão exaltados?”.
No entanto, Boninho e sua equipe estão ligados nas críticas e pedidos do público. Prova, é, que no BBB24 vai passar a valer o “voto por CPF”, desejo solicitado há tempos pelos fãs do reality. O objetivo seria evitar o uso de robôs e sistemas computadorizados que possam influenciar o resultado das votações. Será que isso vai tornar a competição mais raiz novamente ou a iniciativa apenas justifica/desmerece as duas últimas vitórias no BBB (Arthur Aguiar, no BBB22; e Amanda no 23), que não causaram muitas paixões? Bom, serve aos dois propósitos e movimenta a estrutura já conhecida.
Tentando criar novos atrativos para uma fórmula que já foi novidade, a do anônimos X famosos, o big boss disse que o confinamento não terá necessariamente, o mesmo número de “Pipocas’ e ‘Camarotes’. “Nas últimas edições era meio a meio. Desta vez, podem ser mais Pipocas. Aliás, será que vai ter Camarote?”, deixou no ar.
Esperamos que sejam mais anônimos, afinal, as armadilhas do ego de gente conhecida e que acredita que tem muito a perder por estar ali – e muitas vezes tem mesmo – vem tornando esse tipo de jogo desinteressante. Boninho também afirmou no evento, que não terá médicos nesta edição…ah, sim. Então essa era a questão da falta de simpatia em relação a alguns personagens dos últimos programas, a área médica (contém ironia). E não, o tipo de escolhas e dinâmicas dos participantes em questão. Segue o baile.
Entre os spoilers, o diretor de núcleo da Globo adiantou ainda, que terá mais um quarto para distribuir os participantes, o que já não era sem tempo, porque essa história das pessoas brigarem até por uma cama já de cara, dava certa agonia. Provavelmente não fizeram isso pelo conforto de ninguém, mas sim, para estimular ainda mais a divisão dos grupos e não ficar tudo tão polarizado. Que seja, faz parte do jogo. Afinal, reality não é colônia de férias. Mas tampouco precisa ser a ‘porta do inferno’, não é mesmo? E esta última indagação vai para o ambiente nocivo que se tornou A Fazenda nas últimas edições.
Ao que parece, no BBB24, existe uma atenção maior na intenção de sacudir o formato, que por si só carrega em sua essência a renovação como pressuposto. Bom para o público. E tomara que com tanto horror acontecendo mundo afora, neste tipo de confinamento, as batalhas entre os participantes contem com mais fair play, bom senso e respeito, mesmo em se tratando de competições acirradas.
Que os realities tenham mais embates inteligentes e menos barracos pesados, menos ‘cancelamentos’ e mais divertimento. E que as pessoas participando ou assistindo, não levem nada disso tão a sério, já que deveria ser puro entretenimento. O gênero é baseado na vida real, mas ela pode ser muito mais que o lado sombrio que nos habita. Esse clima permanente de guerra não combina com um mundo que urge pelas tréguas e a paz. Reflexão proposta, caso não repense seu formato e dinâmica caótica, A Fazenda pode estar com as edições contadas. Cadê a proposta raiz de imersão no universo bucólico, confrontando-se com as provas no campo, as limitações, com a própria humanidade e com a diversidade alheia em busca de R$1,5milhão? Queremos mais diálogos e menos berros. É difícil acompanhar algo assim. Já deu. Baixo astral. Tchau.
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