*Por Brunna Condini
Cacau Protásio volta aos cinemas com ‘Os Farofeiros 2’, que estreou na liderança nos cinemas brasileiros no último final de semana. ‘Queridinha’ da comédia nacional, a atriz revela que se prepara para filmar mais uma sequência da bem-sucedida franquia. “Final do ano a gente roda ‘Os Farofeiros 3’ e também ‘O Porteiro 2’. Nossa, vem tanta coisa boa! Também vou rodar agora ‘A Sogra 2’. E tem convite de mais filme e de uma peça que vou fazer com a Isabel Marques com assuntos só de mulher. Desde o nascimento até a hora que casamos, os filhos, a menstruação, tudo o que passamos vamos falar nos palcos de forma descontraída”, anuncia.
Com 24 anos de trajetória, Cacau se tornou uma das atrizes mais populares do Brasil, no elenco de sequências que caem no gosto do público e no elenco de atrações como os sitcoms ‘Família Paraíso’ e ‘Vai que Cola’, originais do Multishow. Apesar de realizada na vida e profissionalmente, ela lamenta que ainda hoje não escape de manifestações preconceituosas. Em dezembro passado, a humorista expôs ataques racistas recebidos nas redes sociais. A humorista foi agredida na internet após a decisão judicial de que será indenizada em R$ 80 mil pelo Estado do Rio de Janeiro. A indenização se deve ao fato de que durante as filmagens do filme ‘Juntos e Enrolados’ (2022), a atriz ter sido discriminada por bombeiros em um quartel da capital fluminense. E esse é apenas uma das tantas situações já vivenciadas:
Sofro preconceito mesmo sendo famosa. Só que tem horas que faço que não vejo. Ignoro. É aquele preconceito velado, que as pessoas fingem que amam preto, que não ligam. Quando não me desrespeitam, me finjo de boba, mas quando me sinto desrespeitada, parto para cima – Cacau Protásio
Questão de saúde e bem-estar
Cacau tem investindo em autocuidado nos últimos temos e aos 48 anos, vem se dedicando para se tornar sua melhor versão, uma cada vez mais ligada à sua essência. Por isso mesmo, no carnaval deste ano celebrou em uma publicação no Instagram a conquista de ter emagrecido 27 Kg, e estar se sentindo bem usando um salto alto nos desfiles das suas escolas de coração, Salgueiro e União da Ilha. “Essa foi uma mudança maravilhosa. Uma questão de saúde e bem-estar. Estética não era um problema, mas a questão de achar roupa, de eu não conseguir andar de salto alto, sim. Para mim a experiência no carnaval foi maravilhosa, porque antes eu não conseguia ficar em cima de um salto nem para fazer foto. Isso eleva a autoestima da gente e quero emagrecer mais. Se eu conseguir chegar a 90Kg vou estar feliz porque eu estava com 140kg”, compartilha a atriz.
Ela detalha um pouco da jornada em que embarcou, tendo a consciência que os resultados para serem consistentes são adquiridos a longo prazo. “Quando eu fui a uma nutricionista, estive em um cardiologista primeiro. Fiz muitos exames que me viraram do avesso. Depois fui a uma nutróloga, que pediu ainda mais exames para saber como eu estava. Foi nesta ocasião que ela fez o plano de emagrecimento, enviando-o para a nutricionista, que fez um cardápio alimentar semanal”. E conta ainda:
Fora isso, me trato com um psiquiatra e uma psicóloga porque obesidade ê doença. Chega uma hora que precisamos tomar remédio. Isso é químico. Mas ainda tem muita gente que tem preconceito. É muito necessário ter acompanhamento desses profissionais também porque é um processo de transformação. Ao mesmo tempo que emagrece, reconhece um novo corpo em você. Por eu ter compulsão alimentar, preciso de ajuda de profissionais. Isso é muito importante e um assunto que a gente pouco fala – Cacau Protásio
A atriz sempre foi um exemplo de luta conta a gordofobia e esclarece mais sobre sua nova fase. “A gente tem que dar voz ao respeito. Independente de ser estética, saúde, o que for. Temos que ter respeito pelo gordo, pelo magro, pelo ruivo, pelo o que tem sardas, pela pessoa de baixa estatura. Pelo preto. A gente tem que ter respeito. Sobre ser ou não gorda, as pessoas precisam me respeitar. Antes eu estava com problemas de saúde, estava inflamada, com dores e para mim foi necessário emagrecer. E também queria meu corpo melhor, queria conseguir cruzar as pernas, achar roupa… então tudo isso me ajuda e me ajudou bastante. Quando levantamos uma bandeira, precisamos ser respeitados. A gente não precisa ser gordo para levantar a bandeira contra a gordofobia na sociedade”.
Neste mês de março em que foi celebrado o Dia Internacional da Mulher (8), marcando realizações, conquistas e ressaltando as pautas urgentes, Cacau comenta: “Todos os dias as mulheres precisam ser respeitadas e amadas, porque qualquer ser humano para chegar ao mundo passa pelo corpo de uma mulher. Precisamos de respeito e espaço. Na vida, no trabalho. A gente sabe fazer, só precisamos que deixem”.
A farofada nossa de cada dia
Os ‘Farofeiros 2’ liderou bilheterias no primeiro final de semana de estreia e foi visto por quase meio milhão de pessoas em quatro dias. A comédia protagonizada por Cacau Protásio, Danielle Winits, Maurício Manfrini e Aline Campos entrou no circuito em 1123 salas e levou 442.910 pessoas aos cinemas nos últimos dias. O novo filme da franquia segue a trilha de sucesso do primeiro longa, que foi visto por quase 3 milhões de pessoas nos cinemas em 2018. Na pele de Jussara no longa de Roberto Santucci, com roteiro de Paulo Cursino, Cacau lembra um dos maiores perrengues que passou na vida real. “Foi quando me chamaram para acampar. Nunca tinha acampando na vida. Minha mãe me disse: não vai. Mas fiz a filha desobediente e fui. Eu era muito novinha e não tinha experiência nenhuma com acampamentos, mal consegui dormir. Por volta das cinco da manhã, decidi voltar para casa. O camping não tinha banheiro, nos disseram para usar o mar como banheiro, mas eu simplesmente não sabia como lidar com essa situação. Pensei: isso não é pra mim e me prometi: nunca mais!”, conta.
Acha que a discriminação em relação a quem faz ‘farofa’, tem fundamento no preconceito contra os pobres enraizado no país? “Com certeza! Esse é um preconceito que diz que só pobre é farofeiro. Todo mundo aqui leva lanche. Quando rico daqui vai para os Estados Unidos, carregam carrinho de bebê, com biscoitinhos, suquinho e lancham as vezes sentados em outlet, mas não é ‘farofa’ porque é internacional. Hoje em dia está tudo tão caro, que sou ‘farofa’ mesmo!”, completa.
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