*por Luísa Giraldo
Apesar de lançada em novembro do ano passado, a série “Rio Connection” ainda desperta inúmeros debates nas redes sociais. O sucesso reúne nomes brasileiros de peso, como Marina Ruy Barbosa, Nicollas Prattes e Olívia Torres, e artistas estrangeiros em uma trama que aborda o tráfico de drogas durante a Ditadura Militar. Assim está o ator norte-americano Brian Townes, intérprete de um dos policiais dos Estados Unidos na narrativa, além de ter marcado presença em um seriados queridinho da Geração Z: Gossip Girl. Com mais de 30 anos de carreira, o galã reflete sobre os tipos de papel que interpreta no Brasil desde que se mudou para o país e o desejo de ascender na carreira e conquistar trabalhos diferentes.
Ele está no elenco do filme “The Fox Sisters“, ou melhor, “As Irmãs Fox” conta com a direção de Wagner de Assis, conhecido por “Nosso Lar”, “Nosso Lar 2: Os Mensageiros” e “Kardec: A História por Trás do Nome”. Na mesma linha das produções de Assis, o longa-metragem aborda as pioneiras no espiritualismo: as três irmãs Fox. As protagonistas serão interpretadas pelas atrizes norte-americanas Jamie Hughes, Sionne Elise e Marie Mchugh, respectivamente nos papéis de Kate, Leah e Maggie Fox. Ainda não há data prevista para o lançamento da superprodução.
Ainda não fale o português certinho, mas fui convidado para participar de muitas histórias brasileiras importantes, como ‘Marighella’ e ‘Bacurau’, sempre em uma posição delicada porque não sou brasileiro. Sei que não é o meu lugar para falar com autoridade sobre o Brasil, mas sou ator e gostaria muito de fazer parte de histórias brasileiras não mais como estrangeiro, mas como parte integrante do país”, confessa o artista de 50 anos- Brian Townes.
“Faz parte o desenvolvimento de um olhar presente na indústria para a diversidade. No Brasil, há vários tipos de pessoas e todos têm o direito de ser incluídos e representados. Como imigrante, agradeço a oportunidade de ser representado, porque moro no Brasil há 13 anos e tive oportunidades”, analisa.
Em consonância, Townes admite desejar trabalhos que o permitam interpretar brasileiros e viver o cotidiano das narrativas no Brasil. Embora tenha proposto uma crítica construtiva à indústria do cinema brasileiro, o ator se sente esperançoso com os movimentos em direção à inclusão de perfis diversos e corpos diferentes nas telas. Ele avalia que essa mudança tem o potencial de oferecer inúmeras oportunidades ao audiovisual.
“No Brasil, sempre acabo sendo o vilão. Pela primeira vez, estou interpretando um personagem bom, no filme ‘As Irmãs Fox’, de Wagner Assis. Acabei as gravações dele há poucos dias. Pode parecer ridículo, mas sempre falo que adoraria fazer uma comédia romântica, em que estou de boa e sou o mocinho. Porque sou o cara babaca ou bravo até mesmo nos filmes de comédia. Já na vida real, sou um palhaço total. Talvez, as câmeras estejam percebendo algo que eu ainda não vi”, explica com humor.
Participação em “Gossip Girl”
Brian Townes morou em Nova York, nos Estados Unidos, nos anos iniciais de sua carreira como ator. Em Manhattan, ele era constantemente chamado para fazer participações em cenas de séries consideradas como icônicas dos anos 2000, como “Gossip Girl” .
Certa vez, fiz uma participação em ‘Gossip Girl’. Grande parte da cena foi cortada, mas apareci na história daquele episódio. A coisa mais bacana de morar em Nova York [como tor] é essa: você sempre tem experiências assim porque acaba conhecendo alguém do casting dessas séries. É possível que você receba uma ligação do nada para fazer uma participação em uma série super famosa. De repente, você está no meio de um programa que todo mundo conhece e assiste – Brian Townes
“Rio Connection”
Ciente da forte carga política na série “Rio Connection”, do Globo Play, Townes reflete sobre a forma na qual entende a ditadura. “Tem várias camadas interessantes na série. Nos Estados Unidos, nunca houve ditadura. Nunca vivi essa dinâmica política do governo. Do que a gente pode imaginar com os conceitos norte-americanos, trata-se de um cenário apocalíptico. Quando chega no ponto de instaurar uma ditadura, é o fim de um país porque acaba em guerras, desastres e revoluções”, pontua.
O comediante estranha a dinâmica dupla do país com o tema e se coloca como um cidadão americano à par da trajetória brasileira. Ao longo da história, o Brasil sofreu duas ditaduras: com o Estado Novo, de Getúlio Vargas, de 1937 a 1945, e o Golpe Militar, ocorrido em 1964 até 1985.
Townes aproveita a oportunidade para avaliar a abordagem do tráfico na série. “A prioridade da agência Federal Americana na série é o tráfico de narcóticos e drogas. Apesar disso, aparentemente, essa questão não foi uma ameaça levada a sério pelo governo brasileiro na época”.
Artigos relacionados