Para José Bonifácio de Oliveira, o eterno todo-poderoso Boni, os editores do “Big Brother Brasil” sofrem de “editite” (“edição exageradamente rápida”) e o “É de casa” – programa dirigido pelo seu próprio filho, Boninho – é “muito ruim”. E vai além ao comentar sobre certo tipo de abordagem excessiva nas novelas da Rede Globo. “Ninguém suporta mais violência, mesmo. A televisão faz mal feito, mostra uma violência irreal – com facções, coisa do tipo. Não é que não possa ter violência, mas tem que ser dosado. É necessário? Ok. Mas não pode fazer uma novela sobre violência, fica insuportável. Ainda mais duas novelas seguidas”, criticou. Na contramão, é aí que “Os dez mandamentos”, novela bíblica da concorrente Rede Record, ganha elogios. “Era uma história fantástica, com uma produção muito boa. A emissora reuniu qualidades que torna a audiência segura e conseguiram números incríveis. O produto era bom, embora eu achasse ridículo o cara de sainha falando carioquês”, soltou.
As declarações, dadas durante um programa da rádio “FM O DIA”, também chegaram a uma linha nada tênue na televisão brasileira: o conservadorismo. “O politicamente correto é o substituto da censura. Tem que ter responsabilidade, mas não ficar escravo do politicamente correto. Ele atrapalha a TV sim, e atrapalha a criatividade. É pior do que autocensura porque é subjetivo”, disse. Palavras de quem acha que o formato folhetim nunca vai se esgotar. “A dramaturgia – especialmente a novela que é aberta e pode mexer no decorrer do andamento, é um jogo de adivinhação. Ela é alguém, já nasceu assim”, disse. É aí que todo mundo quer saber: o que a TV Globo tem de melhor? “Nada. Tem tecnologia melhor. A gestão atual é excelente, mas a passada era horrível, então eles tem que reorganizar o clima corporativo”, analisou. Boni criticou ainda o fato de todos os programas da casa “serem iguais”. “Não tenho nada contra o Luciano Huck, que é meu amigo, a Fátima Bernardes, Faustão, o Jô, o ‘Vídeo Show’… o que me incomoda é que os programas são iguais. É o formato rádio, com plateia, um apresentador e uma câmera na frente, só”, criticou.
E obvio que, em época de Carnaval, o samba não poderia ficar de fora da conversa. Boni criticou o enredo atual da Beija-Flor de Nilópolis, sua escola do coração, e falou, ainda, que o desfile em sua homenagem (em 2014) não deveria ter sido feito pela agremiação. “A escola é muito rococó”, soltou. O diretor confessou, ainda, que sugeriu à Beija-Flor que fizesse uma homenagem aos 400 anos da morte de dois grandes escritores: Miguel de Cervantes e William Shakespeare. “A ideia era colocar Don Quixote e Romeu e Julieta juntos. Don Quixote salvaria Julieta da morte e, no final do desfile, haveria um grande casamento coletivo da comunidade, vários Romeu e Julieta da vida real”, revelou ele, criticando o samba-enredo atual: “É uma tristeza. Nasceu em Congonhas, Sabará. Quem se interessa por isso?”, questionou. Sem papas na língua.
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