Bianka Fernandes, atriz de “Reis”, apoia projeto que ampara mulheres com câncer, doença que lidera o ranking de casos


Ela está no elenco da série que estreou a 11ª temporada, semana passada. Bianka interpreta Maalate, mulher do Rei Roboão (Henrique Camargo), protagonista desta temporada da trama bíblica. Afeita a esta linguagem, Bianka celebra o fato de a trama religiosa fazer sucesso e também o seu retorno à casa após haver tido um filho. A atriz fala sobre como lida com a culpa e a maternidade, assunto que vem gerado discussões dentro do meio acadêmico e que continua presente na vida das mulheres há décadas, desde que elas passaram a ter jornada dupla entre a casa e o trabalho. Comenta ainda o preconceito com cristãos na sociedade moderna, e sobre o Projeto que apoia junto à família para dar amparo a mulheres com câncer de mama, depois de ver a mãe e a irmã enfrentarem a doença.

*por Vítor Antunes

Atriz famosa na internet também por sua facilidade em dialogar com o público cristão, não só por conta das novelas bíblicas, mas por afinidade com esse conteúdo, Bianka Fernandes está trabalhando em um importante projeto da Record: A série “Reis”, cuja 11ª temporada estreou no dia 21/05. Na trama, vive Maalate, mulher do Rei Roboão (Henrique Camargo). Uma das maiores qualidades da personagem, segundo sua intérprete, é a sua justiça. “Ela prima pela verdade e que tudo seja justo”. Mesmo sendo uma série focada nos Reis bíblicos, nos patriarcas, para Bianka “há um elenco de mulheres poderosas que orbitam a vida dos Reis protagonistas das temporadas. Ainda que seja um patriarcado, são elas que tomam as decisões. As Rainha não governam, mas influenciam”.

Inclusive, em se tratando de mulheridade, a mãe da atriz, Venúzia, e sua irmã, Mariana, enfrentaram de perto o câncer de mama. Razão que as motivou a criar um Projeto, o Enlace, que atua especialmente no estado de São Paulo, e promove rodas de conversa, cuidados integrativos e acolhimento emocional e que objetiva dar assistência às mulheres que também passam por esta condição. “Minha irmã teve câncer de mama e logo depois minha mãe. Foi impactante. É algo que temos muita atenção e começamos a ver na prática o quão  especial é quando a família cuida do paciente, quando dá acolhimento. Daí montamos o Instituto Enlace, no qual voluntários acolhem as mulheres e família com câncer de mama”. O câncer de mama é muito prevalente no Brasil. Segundo o INCA, a incidência foi de 73.601 mil casos no último ano.

 

Bianka Fernandes, com sua mãe e irmã. Venúzia e Mariana fundaram o Projeto Enlace (Foto: Reprodução/Instagram)

 

Por falar com muita gente ao mesmo tempo, Bianka tem a preocupação de promover uma curadoria do conteúdo que posta. Por ser modelo desde muito jovem, e por esta razão, ter sempre que dar entrevistas e apresentar seus pontos de vista, sempre foi cuidadosa. E esse cuidado vem da sua mãe. “Minha mãe é professora e, querendo ou não, eu já era formadora de opinião. Viajávamos muito e sempre fui orientada sobre o que iria divulgar e mostrar, sempre pensando naquilo que acredito e como isso vai agregar a quem está me seguindo. Temos a responsabilidade de ter transparência e de trocar com as pessoas que se identificam com o que eu posto. Quando fecho uma parceria com uma marca, é porque ela dialoga com o que eu faço. Sou cristã e não faria nada em desacordo com isso. Quero que as minhas postagens possam agregar na vida das pessoas”.

Adoraria que todos que têm muitos seguidores tivessem a responsabilidade de influenciar positivamente. Tem gente que tem muitos seguidores e poderiam influenciar para coisas melhores. Eu tomo muito cuidado e nada que não seja a minha verdade. – Bianka Fernandes

Bianka Fernandes. Com 200 mil seguidores, ela é cuidadosa sobre o conteúdo que leva às suas redes (Foto: Wendy Ribeiro)

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Neste ano, Bianka esteve em outras duas novelas. Uma é “Pecado Mortal”, da Record, famosa pelo clima de bas-fond das tramas de Carlos Lombardi e “Em Família“, da Globo, última novela de Manoel Carlos. “Pecado Mortal tinha um perfil de novela diferente, meio over, e era a linguagem da época que fazia muito sucesso. Tenho ótimas lembranças dela, assim como de “Em Família“, na qual realizei o sonho de estar numa trama do Manoel Carlos”.

Para Bianka, um dos desafios de “Reis” é como falar com naturalidade um texto mais empostado, mais denso. “É uma batalha para atores não enrijecerem, falarem de forma mais informal. Tentamos trazer uma informalidade, mas temos que falar de forma correta. É um exercício diário nas gravações”. Mas, segundo ela, há uma compensação. “Isso remete e traz outra perspectiva, um ambiente, um cenário, um tempo e isso é lúdico e mágico. Essa é a minha terceira novela bíblica”.

Cristã, Bianka celebra que “Reis” estabeleça diálogos com a sua religião. Inclusive, boa parte do público que a segue nas redes é composto por pessoas que professam da mesma fé. “Meu público veio através das novelas bíblicas, razão pela qual temos muitos fãs. Meus posts dialogam com o aquilo que acredito. Eu gosto de falar sobre Deus, sobre religião, e minha família busca estar em consonância com os ensinamentos de Jesus. Eu trago isso para o meu filho. Jesus é o maior influenciador”. Ainda que goste de falar sobre ser cristã, não foi sempre assim. “Tinha medo de ser julgada”. Livre dessas preocupações, a atriz está à frente de outro projeto bíblico. O filme “O Retorno 3”, de Jefferson Nalli, hospedado no YouTube e que vem repercutindo muito positivamente. Ele é baseado no livro “O Grande Conflito“, de Ellen G. White, trata sobre o “Apocalipse”, livro bíblico. O longa repercute bem tanto em português como dublado em espanhol no YouTube. No idioma original, atingiu cerca de 1,5 milhões de visualizações.

 

Em “Reis”, Bianka Fernandes vive Maalate (Foto: Divulgação/Record-Seriella)

MULHER, MÃE 

Conciliar a maternidade com a profissão é desafiador e só quem é mãe entende. Segundo dados da pesquisa “Parental idade Real” realizada pelo instituto On The Go e encomendada pela Huggies, revela que 51% das mães brasileiras de crianças com até três anos experimentam sentimentos de culpa em relação à maternidade. Essas mulheres sentem-se inadequadas em relação aos cuidados prestados aos seus filhos, acreditando que poderiam oferecer mais. Além disso, algumas mães manifestam o desejo de retornar à vida que tinham antes do nascimento dos seus filhos, o que também contribui para o sentimento de culpa.

O estudo também evidencia que essa sensação é ainda mais acentuada entre as mães solo. Dentre as participantes entrevistadas, 65% afirmaram identificar-se com esse sentimento de culpa. Independentemente da configuração familiar, muitas mães relatam sentir-se julgadas em sua função materna. Para Bianka, esta é uma fase de novidades e aprendizados. “É uma nova forma de viver. A minha vida está sendo ser mãe. Estou retomando os trabalhos desde outubro e conto com rede de apoio e funcionários, mas querendo ou não, é mais desafiador para a mãe do que para outro familiar. Estou me adaptando a essa nova rotina, mas fico feliz em trabalhar, ainda que a cabeça esteja no filho, se está com febre, se está na escola. Não é o mesmo de antes”.

A mãe é mais cobrada e a demanda é maior para nós. Mãe não desliga, tem uma demanda maior. Não é clichê. Todas as mães sentem culpa. Queremos ter filhos sob nossas asas, mas não adianta. Mesmo sabendo que ele está em tempo integral, sou julgada. Meu filho está bem desenvolvido, está aprendendo, desenvolvendo e é independente. Isso é resultado de deixá-lo na escola. Se estivesse chorando, atrasado, e não estivesse bem na escola, eu também não estaria bem. Como tudo flui, eu fico em paz. Estou no caminho certo – Bianka Fernandes

Bianka Fernandes, Léo e Miguel. Família e os desafios da criação de um bebê (Foto: Wendy Ribeiro)