Betina Polaroid no reality ‘Drag Race Brasil’: ‘Viralizei no primeiro dia. Me veem como aquela tia doida, divertida”


Essa grande paixão por fotografia, aliás, vai render frutos, Betina adianta. “Pretendo, ao fim da temporada, fazer uma nova exposição de polaroids e fotomontações (termo que uso para minhas fotografias manipuladas e ornamentadas com materiais usados na maquiagem e figurino drag). Estou trabalhando no meu próximo livro de fotografias. Além disso, pretendo retomar o projeto Drag Photo Studio, uma série em que entrevisto artistas drag e produzimos juntas ensaios fotográficos seguindo referências e inspirações sobre essas conversas”, explica

Betina Polaroid se destaca no reality 'Drag Race Brasil'

Desde que estreou há quatro semanas no reality show “Drag Race Brasil“, exibido pela MTV e Paramount +, Betina Polaroid vem se destacando e muito entre as integrantes da gincana baseada no programa americano de sucesso “RuPaul’s Drag Race“. “Eu tive a sorte (ou o talento) de viralizar logo no primeiro episódio com o verso ‘vem pro estúdio da Betina Polaroid’, da música ‘Festa com Mozão‘, escrita pelas participantes no primeiro desafio. Fui para a batalha de dublagem, correndo risco de eliminação, e veio mais um meme: a pose de herói, em um dos meus movimentos de dança, rendeu um estático bem compartilhado. No terceiro episódio, lancei nas redes sociais fotos de um look todo de Polaroids inspirado em um vestido da Gisele Bündchen. Já no último, venci o minidesafio da biblioteca, um clássico.”

Betina Polaroid com look inspirado em Gisele Bündchen (Foto: Divulgação)

Ela garantiu seu posto no cast do reality depois de ser convocada pelas redes sociais para participar de um intenso processo seletivo. “Na primeira etapa, preencher uma longa ficha de inscrição. Em seguida, são enviadas as orientações para o vídeo de audição, que deve seguir um roteiro específico incluindo respostas a uma entrevista, exibição de figurinos, performances de lipsync e imitação de celebridades. As etapas seguintes são confidenciais. A confirmação da seleção para o cast veio poucos meses após a inscrição.”

Betina conta que tem como inspiração artistas que romperam barreiras comportamentais, como Elke Maravilha, Madonna, David Bowie e Grace Jones, e, pelo visto, possui a mesma disposição e determinação deles, que já desafiavam normas de gênero quando surgiram. “São muitos desafios. É curto o tempo de preparação para produzir os looks dos desafios propostos. Ficar isolado do mundo, sem celular, sem internet, sem televisão ou qualquer meio de comunicação é enlouquecedor. Foi muito difícil não poder falar com meu marido e ficar sem notícias. É uma corrida mesmo, como uma grande gincana para drag queens, que temos que estar diariamente prontas e dispostas a tudo, com criatividade, disposição e sem perder o bom humor”, reflete.

Betina Polaroid se destaca no reality ‘Drag Race Brasil’

Da semana do primeiro episódio para esta agora, Betina também sentiu um feedback sincero nas redes sociais que se refletiu em um crescimento orgânico de seguidores de 1000%. “Quando saí para as gravações tinha 3,7K, cresceu muito em quatro episódios. Acho que o público está se surpreendendo com as qualidades artísticas do elenco e com os desafios que elas já estão acostumadas a ver nas versões estrangeiras, mas agora com referências da nossa cultura. O ‘Drag Race Brasil’ entrega tudo que se espera da franquia: humor, criatividade, passarelas incríveis, tretas, drama… Entretenimento garantido, com tempero brasileiro”, aposta ela, que possui uma torcida organizada.

Os Polaroiders são muito engajados, comunicativos. Eu gosto muito desse contato com o público nas redes, tem uma troca de carinho que é muito verdadeira. Por ser a mais velha, alguns me vêem como uma figura maternal, e outros como aquela tia meio doida, divertida e desbocada. Minha estética mais 80’s rocker e minha voz rouca já renderam comparações com a cantora Letrux e com a mais escrachada conselheira da internet, Regina Rouca – Betina Polaroid

Betina Polaroid se destaca no reality 'Drag Race Brasil'

“O ‘Drag Race Brasil’ entrega tudo que se espera da franquia”

“O ‘Drag Race Brasil’ entrega tudo que se espera da franquia”

Contudo, Betina frisa que o clima de competição é bem grande como em qualquer reality show. “A cena drag sempre girou muito em torno dos concursos, que fatalmente produzem rivalidades. Hoje há mais oportunidades tanto em festas, bares e boates, como no teatro, na TV, nas redes sociais, mas com esse boom, a quantidade de artistas em busca de espaço também é muito maior. À medida que esse mercado cresce e os artistas se profissionalizam, acho que a rivalidade vai perdendo o sentido, a competitividade passa a ser percebida como algo comum a qualquer outro mercado de trabalho. Surge uma consciência maior da drag queen como classe artística”, vibra ela, que prevê um novo começo de era.

Eu vejo a cena carioca como uma cena muito colaborativa, em que artistas se juntam para produzir, se ajudam, formam equipes, famílias, redes que viabilizam o trabalho mesmo que os recursos sejam escassos. A importância da franquia Drag Race chegar ao Brasil é justamente a possibilidade de a arte drag romper bolhas, expandir como nicho de mercado, atrair mais investimentos e gerar mais oportunidades para artistas drag – Betina Polaroid

Betina  começou a se montar como drag profissionalmente em 2015. “Antes, eu brincava com os amigos em nossas viagens fazendo uma personagem chamada Gisele Bicha. Com figurinos precários,  roupas emprestadas, batom de uma amiga, uma peruca de carnaval e muita palhaçada. A drag mesmo veio depois, e  inspirada pelo ‘Drag Race’ e pela nova geração de drags que vi surgir na cidade. Comecei a fotografar essa cena em renovação, mas os artistas drag se tornaram um espelho pra mim. Eu via neles algo que remetia à infância, a desejos reprimidos ao longo da vida e que eu precisava dar vazão. Foi quando criei a Betina Polaroid e comecei a sair para fotografar montada”, conta.

Betina conta que tem como inspiração artistas que romperam barreiras comportamentais

Essa grande paixão por fotografia, aliás, vai render frutos, Betina adianta. “Pretendo, ao fim da temporada, fazer uma nova exposição de polaroids e fotomontações (termo que uso para minhas fotografias manipuladas e ornamentadas com materiais usados na maquiagem e figurino drag). Estou trabalhando no meu próximo livro de fotografias. Além disso, pretendo retomar o projeto Drag Photo Studio, uma série em que entrevisto artistas drag e produzimos juntas ensaios fotográficos seguindo referências e inspirações sobre essas conversas”, explica ela, que já fez uma primeira temporada no canal do YouTube Drag-se TV. “Os convidados faziam montações inspiradas em seus sonhos de infância. É um formato bastante comercial, que tem potencial para o mercado de streaming”, aponta.