*Por Brunna Condini
Sabe a cena do Fiuk em sua festa do líder no BBB21, na madrugada desta quinta-feira (18), cantando ‘20 e poucos anos’, para homenagear o pai, Fabio Jr.? Foi emocionante. Se tem pay-per-view, você sabe. Ou ainda, se acompanha o programa nas redes sociais, também. Mas caso não, você aguardou e assistiu na edição do programa na Globo como muitos fãs da atração. E isso só mostra que temos perfis diferentes dentro do grupo de apreciadores do reality show.
Tem quem seja telespectador fiel, tem quem esteja ligado na transmissão por assinatura boa parte do dia e da noite, e tem o fã divulgador e seguidor das informações nas redes, e este, além de ficar ligado no Twitter e no Instagram para acompanhar as novidades, curte (e por vezes também produz), memes, piadas, threads explicativas e discussões a respeito do formato.
“Vejo mesmo três tipos de público que acompanha o Big Brother Brasil . O primeiro, é o que eu chamo de tradicional, o telespectador que acompanha a edição da Globo, dentro da grade de programação da emissora. O segundo, é o público do pay-per-view, que envolve muitas torcidas do reality, e dentro disso, têm os fanáticos pelo programa. São pessoas que acompanham, em diferentes momentos do dia, sem a edição, mas ainda assim, com um certo ‘corte’, têm escolhas ali também. Muitas vezes você está acompanhando um acontecimento ou uma conversa, quando a câmera é mudada, a cena cortada, desviada para outro núcleo, cômodo, então ainda assim, existe uma mediação”, observa o pesquisador em teledramaturgia Valmir Moratelli.
“O terceiro grupo, que acho bem interessante de se pensar, é aquele que acompanha a repercussão do BBB pelas redes sociais. Eu conheço pessoas que só acompanham o reality pela internet, conhecendo as tretas e enredos, através destes meios. Então, posso dizer que esses públicos de reality têm visões diferentes, porque as mediações que levam as informações até o espectador, são diferentes”, afirma.
O especialista chama a atenção ainda para a consciência da presença do mediador nesta comunicação: “Em primeiro lugar, a mediação é feita pela emissora que produz o Big Brother Brasil: a Globo. Ela constrói na edição a história que deve ser levada ao público: quem vai ser mais vilão, quem vai ser mocinho, qual a trajetória que será mais enaltecida e terá maior tempo de exibição no ar. E por outro lado, uma outra mediação também é feita pelas redes: a do espectador que compartilha mais notícias do fulano ou do beltrano. Isso faz com que haja uma tendência de popularidade maior para um grupo ou para outro. Por isso, as torcidas são tão importantes para arregimentar votos a favor ou contra quem está em um Paredão”.
Desta forma, é possível explicar as diferentes formas de interagir com o Big Brother, segundo o espectador. “Que pode ser um público mais passivo, do ponto de vista da edição do programa que entra na grade da emissora de TV ou como um espectador ativo, aquele que ajuda a arregimentar votos através das redes sociais”, conclui Moratelli.
E, neste contexto de telespectadores-influecers, que agitam a internet com seus seguidores e torcidas, se encaixam muitos famosos, como Deborah Secco. A atriz é fã de carteirinha de muitas edições do reality e, inclusive, já entrou na casa mais vigiada do Brasil, passando uma noite com os participantes no BBB8.
No episódio, os participantes compraram a participação da atriz com as estalecas do mercado. Ao entrar no confinamento, Deborah mostrou empolgação e confessou acompanhar tudo que acontece no game. Bom, parece que de lá para cá pouca coisa mudou. Neste BBB21, a atriz continua interagindo, sem medo de dar sua opinião a respeito de participantes ou de situações, tanto no Instagram quanto no Twitter.
Outra famosa que curte (ou curtia) a interação com público sobre o BBB é Juliana Paes. Mas, após o episódio da confusão com fãs e seguidores de Juliette, quando postou no Twitter que “gostava do jeito de atuar dela”, muitos entenderam que a atriz estava acusando a participante de ‘falsidade’. Desde então, ela tem dado um tempo nos comentários sobre a atração por lá: “Meu Deus! Eu estava elogiando a Juliette! Que loucura… tem coisa pior do que curtir alguém e ser mal interpretado? Sério! Nunca mais falo sobre BBB21… foi bom brincar de comentar!”, escreveu.
O espectador tem ganhado protagonismo ao comentar e criticar o que se passa na TV e repercute nas redes. Além de também ser um produtor de conteúdo, se assim desejar. E por falar nisso, apesar da audiência do programa ter aumentado e batido recordes com a edição passada, no início da pandemia, onde os números que têm mais crescido é na internet —as menções do programa no Twitter são dez vezes em comparação com o BBB20. Entre janeiro e fevereiro deste ano, 2,8 milhões de usuários diferentes mencionaram o BBB, com 41,4 milhões de publicações sobre o programa, de acordo com dados da plataforma de monitoramento Buzzmonitor. Na TV, a média de audiência tem sido de 5,5 milhões de pessoas e o pico foi de 8,1 milhões, na Grande São Paulo.
E neste ‘universo de estímulos’, de umas das versões mais ‘bombadas’ de encenação da vida pós-moderna, quem dos três tipos de espectador citados aqui é você?
Artigos relacionados