*Por Brunna Condini
Ela chegou devagar, mas pisando firme e analisando o ‘terreno’ no Big Brother Brasil 21. Sarah Andrade, a atual líder da semana da atração, vem se destacando como uma das personagens mais perspicazes e carismáticas do reality. A amizade dela com Gilberto, e posteriormente, a formação do ‘G3’, ao lado do pernambucano e da paraibana Juliette, tem colocado Sarah no centro do trio que tem protagonizado a atual edição.
No resumo do seu perfil no programa, a brasiliense é descrita como “alguém com facilidade para conviver com pessoas diferentes, de fácil convívio, mas com personalidade forte. Não gosta de brigas e das pequenas manipulações e é de observar”. A descrição até agora tem sido fiel ao que assistimos na TV. Só para lembrar, que a consultora de marketing digital, de 29 anos, começou a desenhar sua trajetória marcante no BBB21 quando saiu em defesa de Lucas Penteado, que estava sendo excluído e julgado pelo restante da casa, mas, principalmente, pelos que cercavam a rapper Karol Conká, como Lumena, Nego Di e Projota. Na ocasião, ela e Gil se aproximaram e se uniram.
Levando a quarta liderança do programa, a participante apelidada nas redes de ‘espiã soviética’ – em alusão ao seu senso de observação e por se ‘camuflar’ no ‘território inimigo’ para colher informações – injetou novo ânimo ao ‘G3’, que saiu da xepa, pode frequentar o quarto do líder, e ainda por cima, tentou trazer para seu ‘lado da força’ Fiuk, Caio Afiune e Rodolffo Matthaus dando a eles as pulseiras do VIP. É ou não é uma boa estrategista?
Mas o que a Sarah tem?
Sarah Andrade tem senso de humor, muita energia e parece ser leal aos seus. Pelo menos dentro do jogo. Também tem demonstrado ser decidida em suas opiniões, atitudes e escutar sua intuição. Tem dado certo e ela já é apontada como uma das favoritas ao prêmio R$ 1,5 milhões, ao lado de Gil e Juliette.
Em entrevista recente, sua mãe Maria Abadia Vieira de Souza, declarou que o estilo observador e ‘espião’ da filha pode ser influência sua, já que trabalhou no Batalhão de Operações Especiais (Bope) e, como foi uma das primeiras policiais femininas, ainda não havia creche e a filha a acompanhava quando estava em setores administrativos. A mãe de Sarah também revelou que o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da filha na faculdade de publicidade foi sobre o Big Brother Brasil. Sarah nunca escondeu que seu maior sonho era entrar no programa e que tem entendimento do jogo. Mas isso basta? Sabemos que não. As edições têm mostrado que as ‘fórmulas’ quando descobertas são facilmente subvertidas lá dentro e aqui fora.
A pesquisadora de narrativas femininas Maria Carolina Medeiros é nossa convidada e vai nos ajudar a entender o ‘efeito Sarah’ na audiência. “Ela virou meme com dizeres como ‘a única branca aceita em Wakanda’, em referência ao filme ‘Pantera Negra‘ e sua sociedade formada por pessoas pretas. ‘Tanta gente preta no programa e nós estamos torcendo por uma loura odonto’, diz outro meme, em alusão ao estereótipo de Sarah, que na verdade trabalha com marketing. A participante é quase unanimidade mesmo em grupos cuja inclinação inicial era torcer para outros participantes. Sarah tem se mostrado empática, acolheu Lucas quando a casa se voltou contra ele, é a maior aliada de Gilberto (outro querido do público) e costura alianças. Ao papel historicamente esperado de uma mulher, e que ainda hoje é cobrado – beleza e docilidade como sinônimos de feminilidade – Sarah alia inteligência e visão de jogo, o que lhe valeu a alcunha de ‘espiã’. Seja pela razão que for, o fato de estar solteira na casa e fora dela também é interessante e passa a imagem da mulher que não precisa de homem para ter suas opiniões e atitudes validadas. Ponto pra ela”, analisa.
“O público a adora e eu também. Mas como meu trabalho é problematizar, tenho um único receio: que em um país racista como o Brasil isso sirva pra reiterar o absurdo mito da democracia racial a propósito da união de Sarah, branca, com Lucas e Gil, ambos negros e que foram discriminados por outros participantes – também negros. Aproveitamos qualquer oportunidade para distorcer os fatos e teimar em dizer que “somos todos iguais”, fingindo que racismo não existe. Ele existe e este debate está posto na casa mesmo entre os próprios negros (que disseram que Gil era “sujinho”). É um problema que vejo. Mas isso, claro, não é culpa de Sarah, que por ora tem mesmo o mérito de unir o Brasil”, pontua Maria Carolina.
Inteligência emocional
A quem diga que Sarah também desenvolveu o que se chama de Inteligência Emocional. “Pessoas com alta inteligência emocional são capazes de nomear o que sentem, entender o que os outros estão sentindo e agir de forma a beneficiar os envolvidos. Trata-se de uma competência que vai sendo construída ao longo da vida. Essas pessoas também não costumam se descontrolar com facilidade”, explica a psicóloga Luiza Martins.
“A inteligência emocional é composta do fator biológico e do ambiental. A maior parte das pessoas tem o potencial para desenvolvê-la e o autoconhecimento é um ótimo caminho. A capacidade de se colocar no lugar de alguém, entendendo seus sentimentos e perspectivas, a empatia, também é um dos componentes-chave da inteligência emocional. Ouvir, tentar entender o ponto de vista do outro, a diversidade, também ajuda. A Sarah parece ter desenvolvido esse tipo de inteligência. Tem se mostrado assertiva, empática e atenta aos outros”.
E ao jogo, claro. Sarah não está ali para brincadeira e nós, do site, seguimos acompanhando sua jornada no reality.
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