*Por Brunna Condini
As segundas-feiras no confinamento do Big Brother Brasil 21 costumam ter ‘gosto’ de ressaca. Depois da formação do Paredão no domingo, os participantes realinham as jogadas e repensam parcerias. Além de estarem a um dia da próxima eliminação. O líder Gilberto indicou Rodolffo, que foi para a berlinda ao lado de Carla Diaz e Fiuk, que já estavam no Paredão por terem sido a primeira dupla a desistir da Prova do Líder. Na formação do Paredão desta semana, um tema ficou no ar e é a nossa pauta de hoje: a lealdade. Na formação do Paredão desta semana, um tema ficou no ar e é a nossa pauta de hoje: a lealdade. É possível que ela resista nas relações em um jogo? O que seria ser leal na dinâmica de um reality?
Domingo, Sarah Andrade, que junto com Gilberto e Juliette formava o chamado G3 – grupo que tinha conquistado favoritismo na atração – parece ter conseguido colocar uma ‘pá de cal’ no trio. No ‘dedo-duro’ pós votação, Gil sorteou Juliette, que escolheu de quem gostaria de saber o voto. A advogada e maquiadora quis saber em quem Sarah votou e a brasilense então disparou: “Juliette”. Climão armado. A paraibana não escondeu a surpresa e a decepção.
Com a atitude, Sarah ganhou o título de ‘Judas’ nas redes sociais, em referência ao apóstolo que traiu Jesus com um beijo no rosto, já que mantinha uma relação próxima dentro do confinamento com Juliette. Para muitos internautas a atitude da loura foi traição. O episódio ficou entre os mais comentados do Twitter. O público reagiu e tanto Sarah quanto Gil perderam muitos seguidores nas redes. E, embora tenha optado por Juliette e deixado Caio na berlinda (o brother se livrou na Prova Bate e Volta), até a manhã de segunda-feira, Gilberto havia perdido mais de 8 mil seguidores no Instagram. Já Sarah acabou diminuindo mais de 10 mil seguidores em seu perfil.
Juliette escapou da berlinda, mas confrontou Sarah, querendo entender o voto nela. “Eu sei que o seu perfil de jogadora é racional. Você já me falou, eu respeito e não tem nada de mal nisso. Dessa vez, eu fiquei confusa, se foi racional ou se foi mágoa”, questionou. Sarah afirmou que a decisão não foi racional, foi ‘coração’. “Se eu fosse pelo meu racional, teria sido a Carla (Diaz), mas ela já estava no Paredão. Nesse momento, nenhuma das outras pessoas eu via motivo nenhum para votar”, disparou Sarah. Mas que pegou mal, pegou. Tem desculpa para quem vota para ‘excluir’ um aliado, mesmo em uma competição? Dá para manter alguma lealdade neste ambiente? “Penso que a lealdade deve estar presente em todas as relações interpessoais, inclusive dentro de um reality show”, aponta a psicanalista Stella Maria Nessimian. “A lealdade envolve o respeito aos princípios e crenças pessoais do sujeito e do próximo. E isso não se exclui em um jogo. É uma questão de princípios”.
Lealdade em duplas
A relação de Juliette com Gil era mais próxima do que a de Sarah com a sister. Sim, é verdade. De qualquer forma, existia empatia pelo ‘possível’ trio, que protagonizava cenas com leveza e espontaneidade (coisas que tem faltado) no reality show. Existia uma espécie de ‘acordo subentendido’ de que eles só votariam entre si quando necessário. A polêmica veio justamente do ‘pacto subliminar’ ter sido quebrado, aparentemente, sem ser preciso.
O pesquisador em teledramaturgia Valmir Moratelli nos auxilia na compreensão do que seria essa tal ‘lealdade’ neste BBB21. “O que é ser leal a algo ou alguém? No sentido literal é ter fidelidade a um compromisso que você assumiu. No mercado, por exemplo, quem oferece mais por menos (menor preço), leva. E isso acaba vindo também para a nossa vida. O sujeito contemporâneo pode pensar: vou ser leal a quem me oferece algo de vantagem. No BBB, essa troca é a base de proteção, cumplicidade, companheirismo. No reality não existe outra forma ‘mercadológica’ de trocar, se não for assim”, opina.
“Então, o que vemos no Big Brother, não é a formação de grupos de lealdade, mas de duplas. É interessante perceber neste BBB21 as duplas leais que se formaram: a Camilla de Lucas e João Luiz, a Viih Tube e a Thaís, o Rodolffo e o Caio, uma das duplas mais estáveis até aqui, e a Sarah e o Gilberto. O que significa isso? Que todo o entorno dessas duplas só acontece para favorecer interesses momentâneos. São duplas tão fechadas que não condicionam essa relação para a negociação de alianças. E para se fortalecerem, de acordo com o jogo, abrem para mais um ou dois, momentaneamente. Mas não significa que deixarão de ser duplas”.
Moratelli segue sua linha de raciocínio sobre a ‘lealdade’ entre os aliados no jogo. “A Sarah e Gilberto, por exemplo. Quando ela foi líder, decidiu receber Rodolffo e o Caio como forma de aliança, por um tempo. Mas não eram um grupo, continuaram sendo duplas que se uniram para se fortalecerem. Tanto, que depois que conseguiram eliminar o grupo chamado ‘Gabinete do ódio’, as duplas como grupo se desfizeram”, aponta o especialista.
“O voto da Sarah na Juliette agora é mais um exemplo desta dinâmica de lealdade em duplas que acontece nesta edição. A dupla de Sarah é o Gil. A Juliette se engana ao achar que poderiam ser um trio, o que chamaram de G3. Mas isso não existe e nem existiu. O que existe é o ‘G2’: Sarah e Gilberto”.
Ele também aponta que o que tem sido desvantagem para Juliette, pode se tornar uma ‘vantagem’ na corrida por R$ 1,5 milhão. “A Juliette também ficou triste de não ter recebido o ‘Anjo’ da Viih Tube, que deu para a sua dupla, a Thaís. Ao se sentir sozinha, Juliette evidencia que este jogo é das duplas. E quem está só tem a desvantagem de não contar com a parceria, a proteção do outro, em um jogo tão pesado de relacionamento e comportamento como é o Big Brother”, analisa.
“Mas aí entra algo interessante, porque o público pode olhar essa relação da Juliette com a solidão, não com desprezo, mas com atenção. Ela pode então, estar sendo dupla do público, o que é perfeito para ser a favorita ao prêmio. As ‘lealdades’ acontecem para poder perpetuar uma dinâmica de jogo, não significa que elas irão até o final. Elas vão se enquadrando dentro das regras de convivência que se estabelecem em um jogo tão dinâmico como o BBB. E o reality tende a tentar romper essas relações de lealdade o tempo todo, provocando os participantes, como no Jogo da Discórdia, até para que os ‘de fora’ das duplas, percebam seus lugares no game e se mexam”, observa.
Dentro e fora do jogo
Ter com quem contar no confinamento pode fazer toda a diferença. A edição passada foi histórica em termos de repercussão e audiência, e também mostrou que amizade pode se fazer dentro e fora da competição. Marcela Mac Gowan e Gizelly Bicalho provaram que as diferenças podem se atrair e se completar. A médica e a advogada levaram a amizade para a vida. “A Gi é a pessoa com que mais falo. É uma mulher excepcional. Converso quase todo dia com ela. Foi um dos melhores presentes que o BBB me deu. A gente tem uma amizade maravilhosa”, revelou nos meses pós reality.
Rafa Kalimann e Manu Gavassi também criaram uma forte ligação ao longo do BBB20. À dupla, juntou-se Thelma Assis, e o trio de puro ‘girl power’ chegou junto à final, que deu a vitória para a médica. Manu repetiu para quem quisesse ouvir que conhecer Rafa foi um “encontro de almas”. Mas a amizade entre as três se fortaleceu tanto, que passaram juntas o Réveillon de 2020 para 2021, em uma ilha particular.
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