Big Brother Brasil 14: o atual reality show da Globo vem se mostrando um equívoco do início até agora


Ainda temos algumas semanas, mas o estrago já foi feito e nas redes sociais, campo fértil para ataques sem pudores, o nível de insatisfação com o que se vê nas telas é grande e incontornável

* Por Junior de Paula

A atual edição do BBB vem se mostrando um equívoco do início até agora, faltando pouco menos de um mês para o fim. Com erros de escalação, já que o elenco se mostrou um dos mais desinteressantes das 14 edições, erros de produção, falhas em provas, no áudio, e em toda a sorte de detalhes, a casa mais vigiada do Brasil, desta vez, passou quase despercebida.

Boninho, é bom ressaltar, não precisa provar mais nada a ninguém em relação ao formato, já que, como todo mundo sabe, muito do sucesso do programa e sua longevidade se dá pela mão firme e a ousadia sem limites do diretor. O que aconteceu desta vez? Azar, pode ser a melhor resposta.

A direção bem que tentou, mas nada consegue fazer decolar o interesse do público pelo programa nesta edição de 2014. A entrada de Valdirene, por exemplo, personagem de sucesso de Tatá Werneck em Amor à Vida, fazendo um crossover entre ficção e realidade, ponto alto e talvez o mais o genial de todas as edições até hoje, não vai fazer esta turma ser lembrada quando tudo acabar. 

Nem entrada das mães dos brothers, outro ponto importante desta temporada, nem o show de Ivete Sangalo e nem as muitas brigas, declarações preconceituosas e demonstrações de falta de caráter  que se acumulam no currículo desta turma conseguiram despertar o interesse além daqueles que já assistem ao programa por força do hábito,  obrigação profissional ou coisa que o valha.

Clara e Vanessa, o primeiro casal gay declarado do BBB, ameaçaram um sopro de originalidade e uma possibilidade de menos do mesmo, mas perderam o fôlego no decorrer do programa e, agora, permanecem tão expressivas quanto qualquer móvel e utensílio da casa. 

O mesmo – não o interesse, mas a expressividade de móveis e utensílios – se aplica aos integrantes da casa deluxe do Projac que ainda permanecem por lá. Cássio sofre da síndrome de vítima que aplaca a maior parte dos integrantes de reality show, Angela vive de TPM e coloca seu barco para velejar de acordo com os ventos do dia, Marcelo é um garoto mimado que vem ganhando força sabe-se lá Deus por quê, enquanto Tatiele se faz de desinformada, sem cultura e meio estabanada para tentar capitalizar as personagnes que deram fama a Sabrina Sato, Iris Stefanelli e Grazi Massafera.

Pedro Bial, visivelmente constrangido, continua no seu papel de Chacrinha tentando injetar um pouco de ânimo em um combalido formato que só vai chegar ao fim por força de contrato. É dele, sempre, os melhores momentos, como os discursos recheados de metáforas, metalinguagens, meias palavras e feitos para que ninguém entenda de forma efetiva. O que, aliás, é parte da graça do momento eliminação.

Ainda temos algumas semanas, mas o estrago já foi feito e nas redes sociais, campo fértil para ataques sem pudores, o nível de insatisfação com o que se vê nas telas é grande e incontornável. E, para completar e fechar a tampa do túmulo do BBB 14, a Rede Globo entrou na Justiça com um processo contra os portais de notícias UOL e Terra para impedir a cobertura daqueles veículos sobre o programa, uma referência no tema na internet, alegando que eles estariam explorando a marca, que, como todo  mundo sabe, pertence à Endemol e à Rede Globo. Pelo sim, pelo não, fica uma espécie de nuvem cinza pairando sobre um terreno já pantanoso.

* Junior de Paula é jornalista, trabalhou com alguns dos maiores nomes do jornalismo de moda e cultura do Brasil, como Joyce Pascowitch e Erika Palomino, e foi editor da coluna de Heloisa Tolipan, no Jornal do Brasil. Apaixonado por viagens, é dono do site Viajante Aleatório, e, mais recentemente, vem se dedicando à dramaturgia teatral e à literatura.